Capítulo 27

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O silêncio perdurou após aquilo. Levi, orgulhoso como era, nunca cederia, tampouco pediria ajuda a Mary, então viu-se tendo que carregar o Lord desacordado até o sofá mais próximo. Ele não era particularmente fraco no quesito de força física, mas Eren já era um homem adulto e ele só um adolescente. Foi difícil carregá-lo sem causar mais estragos, mas ele conseguiu, e somente após ter certeza de que o moreno estava bem apoiado, ele tratou de encontrar um kit de primeiros socorros antes de verificar novamente o ferimento, dessa vez com mais calma e precisão.

Deitado no sofá de couro envelhecido, o rosto de Eren se encontrava pálido e tenso, apesar de estar inconsciente. Uma linha de sangue seco escorre pela lateral de sua testa, onde, após mais uma checagem, Levi percebe que o corte de fato era profundo. O Ackerman, ajoelhado ao seu lado, tinha sua expressão marcada por uma tensão visível. Suas mãos, rápidas e precisas, seguravam uma pequena pinça enquanto ele cuidadosamente limpava a ferida. Cada movimento era cuidadoso, quase como se ele estivesse com medo de machucar mais o Eren. A testa de Levi está franzida, e seus olhos refletiam sua preocupação mal mascarada.

Ele passa a ponta dos dedos pelo corte, testando a profundidade antes de pegar uma agulha e linha fina. O silêncio da sala é quebrado por sua respiração controlada, e, enquanto costura a ferida, murmura para si mesmo, com raiva reprimida:

— Quando tudo isso acabar e você acordar, teremos uma conversa sobre não deixar aquela sua cópia barata fazer isso com você outra vez — Tentando esconder seus verdadeiros sentimentos atrás de reclamações baratas, continuou: — Ele esperou que eu saísse para fazer isso com você... Aquele maldito covarde.

A tensão em seu corpo aumenta a cada ponto que ele dá na pele de Eren. Ele está com raiva, mas mais do que isso, está preocupado. Por fim, quando termina de suturar o corte, ele se inclina para trás, limpando o suor da própria testa, seu olhar fixo no rosto do moreno por um longo momento. Levando a mão trêmula até o rosto dele, Levi tirou alguns dos fios que descansavam sobre sua testa. Por mais que desejasse continuar assim, aproveitando aquele instante de paz passageira, podia sentir a presença indesejada ainda ali, bem em suas costas. Seus músculos, já tensos, se contraem ainda mais, e ele levanta o olhar na direção dela.

— Por que ainda está aqui? — A questionou sem enrolações, a irritação fervente começava a queimar em seu peito — O que quer aqui?

— Julgando — Ela o respondeu com indiferença, sua voz serena, totalmente despreocupada. Seu olhar se encontrava ainda fixo no espelho, como se estivesse vendo algo em meio ao enevoado a sua frente.

— Aquela cópia barata... O seu "Eren" fez isso. E você ainda se sente no direito de dizer que está julgando algo?! — Enfureceu-se, se levantando no processo.

Por outro lado, Mary não se incomodou com a súbita explosão, pois era algo que ela já esperava. Todavia, ainda foi rápida em negar a acusação. Seu marido não havia feito nada.

— Não foi ele.

O ar de superioridade a qual cobria Mary era o mesmo ar que provocava a raiva em Levi. Ele não suportava, nunca suportou, aquela prepotência que ela exibia com naturalidade. A cada segundo ali, mais sentia seu sangue ferver ao ponto de sua pele começar a coçar.

— Tsk.

Levando a mão até o ombro dela, segurou com força antes de empurrá-la para longe do espelho. Em contraste com a raiva escancarada na feição dele, Mary mantinha sua calma imperturbável. Nada que ele faria seria capaz de ofendê-la por mais que tentasse.

— Você pode se sentir protegida pelo seu harém de Eren's, mas a mim você não engana — Cuspia as palavras com veneno, tornando-se cada vez mais cego — Você é só uma puta tirana que se sente no direito de intervir em tudo o que não é de sua conta.

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