★ 6 . 1 - Começo de um longo conflito.

78 6 15
                                    

Morgath chegou em casa ao entardecer, o céu tingido de um azul profundo, quase negro. A porta rangeu ao abrir, revelando um hall silencioso, ascendeu a luz fraca. Ela estava cansada, mas os momentos com Nicholas ainda ecoavam em sua mente, risos e conversas que pareciam se prolongar além do tempo.

Enquanto se despia da camiseta molhada, Morgath sentiu a brisa fresca que entrava pela janela entreaberta, ela se dirigiu para o banheiro, onde a luz amarelada refletia no comodo, revelando azulejos frios e o reflexo suave de sua imagem no espelho. Com um gesto rápido, despejou o resto da roupa ainda umida e gelada, deixando as peças no chão enquanto a água do chuveiro começava a esquentar devagar.

Enquanto a água escorria, Morgath fechou os olhos, permitindo que os pensamentos da tarde fluíssem — os sorrisos, as conversas, a sensação de conexão.

Depois de alguns minutos, saiu do chuveiro, a água escorrendo pelo chão, e se envolveu em uma toalha macia, um sorriso involuntário surgindo ao lembrar da energia vibrante de Nicholas.

Ela se dirigiu até a cômoda em seu quarto e pegou um pijama de algodão macio, a cor suave contrastando com a escuridão da noite. Vestiu-se lentamente, a brisa fresca da janela entreaberta envolvendo-o. Ao colocar a camiseta, sentiu a familiaridade do tecido, uma sensação reconfortante.

A casa estava envolta em um silêncio confortável, mas ela não pôde evitar um sentimento de melancolia ao pensar que, apesar da alegria da tarde, a solidão ainda o aguardava ali. Depois de calçar um par de meias quentes, Morgath se sentou à mesa, na cozinha, olhando pela janela, as estrelas começando a despontar no céu, ela estava imersa em seus pensamentos, quando um barulho repentino o fez sobressaltar. Era um som familiar, algo como um objeto sendo movido, vindo do quarto. Um calafrio percorreu sua espinha. Ela conhecia bem aquele som. Com um suspiro resignado, levantou-se da mesa e seguiu na direção do quarto, seu coração acelerando levemente.

Ao abrir a porta, ele se deparou com Merlin, se movimentando perto da janela, como se estivesse admirando a mesma vista que Morgath. O brilho da lua iluminava o rosto pálido Merlin, e a expressão que trazia era uma mistura de travessura e nostalgia.

— O que você tá fazendo aqui? — Morgath perguntou, tentando esconder a surpresa.

— Apenas aproveitando a noite. — respondeu Merlin, sua voz suave e etérea, como um sussurro. — Eu te segui o dia inteiro e você nem percebeu.

Morgath franziu a testa, um misto de ceticismo e curiosidade no olhar.

— Você me seguiu? — repetiu, cruzando os braços.

Merlin sorriu, um brilho travesso nos olhos.

— Ah... você e Nicholas estavam tão animados. Rindo e conversando... parecia que o tempo não passava nunca.

A lembrança da tarde cheia de risos e confissões veio à mente de Morgath, e ela se sentiu um pouco envergonhada.

— É, foi um dia legal. — admitiu, desviando o olhar.

Merlin se aproximou, seu semblante sério por um momento.

— É uma pena que esse garoto não gosta de você de verdade.

Morgath sentiu o coração apertar com as palavras de Merlin. Ela se virou, forçando um sorriso que não alcançou os olhos.

— O que quer dizer com isso? — indagou, tentando manter a calma.

Merlin suspirou, a expressão sombria.

— Você sabe como as coisas são, Morgath. Ele é divertido e tudo, mas ele vai ser pago por isso...

Afrente do irmão, Morgath hesitou. As palavras do fantasma ecoavam suas próprias inseguranças, mas ela não queria dar ouvidos a isso.

Morgath prendeu a respiração, a realidade começando a se formar em sua mente. Ela olhou nos olhos de Merlin, sentindo a tensão crescente.

Um beijo no diabo - Nicholas ChavezOnde histórias criam vida. Descubra agora