Capítulo Nove

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#RuivagemConectada

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                Ana olhava pela janela do quarto, o sol começando a se pôr no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e rosa. A brisa suave que entrava pela janela trazia consigo uma sensação de renovação, algo que ela não sentia há muito tempo. Nos últimos meses, sua vida havia mudado de formas que ela jamais poderia imaginar. O acidente, a perda dos pais, a adaptação à nova família e, principalmente, as batalhas internas que travava todos os dias. Mas agora, depois de tantos altos e baixos, Ana começava a se sentir... bem.

Sua rotina diária com o novo psicólogo estava começando a fazer uma diferença significativa. No início, ela foi cética, sem saber ao certo se aquilo a ajudaria. Mas, com o passar do tempo, as sessões se tornaram um espaço seguro para explorar suas emoções, as feridas profundas que carregava, e encontrar formas de se curar. O método do psicólogo era diferente de tudo o que já havia experimentado — ele não apenas a escutava, mas a fazia refletir sobre seu corpo, sua mente e sua alma como uma unidade. E isso trouxe resultados.

Cada tarde, ao sair do consultório, Ana sentia como se um peso estivesse sendo retirado de seus ombros. Sua mente estava mais clara, e seu corpo, antes tenso e cansado, parecia se renovar. A cada dia que passava, sentia-se mais leve, mais em paz consigo mesma.

Além disso, a nova rotina matinal, acordando às cinco da manhã para se exercitar com sua família, era algo que ela jamais teria imaginado que funcionaria para ela. A princípio, a ideia parecia absurda. Quem, em sã consciência, escolheria acordar tão cedo para correr ou fazer yoga? Mas, ao insistir, ela descobriu uma fonte de energia que a ajudava a começar o dia com disposição e clareza.

Sua avó materna, Soledade, era a responsável por introduzir essa nova prática na vida familiar. Dona Sol, havia se reconectado com a espiritualidade por meio de uma religião que falava de equilíbrio entre corpo, mente e espírito. Eles começaram a frequentar uma pequena comunidade religiosa na cidade, onde o foco estava na busca por autoconhecimento, bem-estar e harmonia. A princípio, Ana não se envolveu muito, porém com à medida da sua melhora na sua fé e afetando positivamente sua vida, ela decidiu continuar ao lado do Criador. E, surpreendente, aquilo fez a diferença.

Não era só a mente que estava mais forte, seu corpo parecia acompanhar a mudança. Os exercícios diários deram mais vitalidade a Ana. Ela se sentia mais saudável, menos ansiosa e mais confiante. A combinação do tratamento psicológico, o cuidado com o corpo e a imersão espiritual criou uma mudança significativa em como ela via a vida — um recomeço.

Mas não era só isso que estava diferente em sua vida. Havia outra transformação acontecendo, uma mudança sutil, porém inevitável: Pedro.

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Pedro sempre fora o tipo de garoto que atraía atenção por onde passava. Ele era conhecido por namorar várias meninas, sempre com um sorriso charmoso no rosto e uma confiança que muitas vezes beirava a arrogância. Ana nunca o havia levado a sério. Ela o via como alguém superficial, mais interessado em flertar e ser popular do que em criar conexões reais.

No entanto, com o passar do tempo, algo em Pedro começou a mudar. Talvez fosse o modo como ele a olhava agora, mais atento, mais interessado. Ou talvez fosse o fato de que, após tantas tentativas de conversas, ele finalmente havia baixado a guarda. Ana percebeu que Pedro tinha mais camadas do que mostrava à primeira vista. Eles começaram a se encontrar casualmente, conversando mais do que o normal depois das aulas.

— Você parece diferente — ele comentou um dia, enquanto caminhavam pelo pátio da escola.

— Diferente como? — ela perguntou, com um sorriso de canto.

— Não sei... mais tranquila. Mais... você — ele respondeu, meio envergonhado, como se estivesse confessando algo.

Ana deu de ombros, sem saber ao certo o que aquilo significava. Mas, no fundo, ela sabia que ele estava certo. E foi então que, lentamente, Pedro começou a aparecer mais em sua vida. Primeiro, pequenos encontros sem pretensões, conversas despretensiosas que se transformavam em horas trocadas em cafés ou na praça da cidade. Depois, passeios mais planejados. Cada conversa era uma descoberta mútua, uma chance de se conhecerem além das máscaras que costumavam usar.

Ela descobriu que Pedro, apesar da fama de namorador, era incrivelmente gentil, com uma sensibilidade que ele escondia do resto do mundo. Ele falava com ela sobre suas próprias inseguranças, sobre como sempre sentiu a necessidade de impressionar os outros, mesmo que isso o fizesse se sentir vazio. Ana, por sua vez, se viu revelando partes de si mesma que nunca havia compartilhado com ninguém além de Lucas.

— Às vezes, parece que todo mundo espera que eu seja essa pessoa perfeita, sempre forte, sempre controlada — ela confessou, em uma tarde ensolarada no parque. — Mas nem sempre sou assim. Na verdade, na maior parte do tempo, me sinto perdida.

Pedro a olhou, seus olhos castanhos mais sérios do que o habitual.

— Acho que todo mundo se sente assim em algum momento — ele disse, a voz suave. — Mas, de alguma forma, a gente sempre encontra o caminho de volta, não é?

Ana sorriu, e naquele momento, sentiu que Pedro entendia exatamente o que ela queria dizer. Havia algo nele que a fazia se sentir confortável, como se pudesse ser ela mesma, sem julgamentos. E isso era raro.

Com o tempo, os encontros se tornaram mais frequentes. Eles começaram a compartilhar momentos mais íntimos, como segredos que apenas dois corações vulneráveis poderiam dividir. No entanto, apesar da crescente proximidade, não havia pressa. Ambos estavam em um processo de autodescoberta, e se conhecer com calma era parte do caminho.

[...]

Uma noite, enquanto Ana estava em casa, deitada em sua cama, o celular vibrou ao seu lado. Era uma mensagem de um número desconhecido.

— Quer sair amanhã? Só nós dois, sem pressa. Acho que chegou a hora de decidirmos para onde estamos indo com isso.

Ana sorriu ao ler a mensagem. Ela sabia que Pedro estava falando sobre o relacionamento deles. Eles haviam chegado em um ponto em que ambos precisavam decidir se queriam dar o próximo passo. Ela pensou por um momento antes de responder.

— Acho que sim. Vamos ver no que dá.

Ela sabia que, independentemente da resposta final, o que ela e Pedro estavam construindo era genuíno. Não havia pressa, não havia pressão. Eles estavam apenas vivendo o momento, se conhecendo e vendo onde isso os levaria.

O futuro com Pedro ainda era uma incógnita, mas Ana sabia que, agora, estava em um lugar onde podia fazer escolhas de forma consciente e serena. Seu corpo, mente e espírito estavam finalmente em harmonia. Ela não sabia exatamente onde o caminho a levaria, mas pela primeira vez em muito tempo, sentia-se pronta para o que viesse.

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#RuivagemConectada


✓ oiê, borboletas<33🦋
✓ E aí, gostaram do capítulo??
✓ 1,1k de palavras.
✓ O que vocês acharam da Ana e do Pedro?? 👀🧡 Me digam :)
✓ Na próxima semana é o encerramento dessa obra... 😭 Quero me despedir não :(
✓ Um bejuu e até a próxima att 🥺🦋

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⏰ Última atualização: Oct 21 ⏰

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