sentimentos liquidos

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O silêncio no carro era quase palpável, eu sentia ele no fundo da minha alma. Eu sentia o olhar de Caick sobre mim quase como um pai avaliando o dever do filho, apenas esperando que eu começasse a falar. Ele não precisava dizer nada mais para me pressionar. Apenas aquele olhar lateral, combinado com o jeito que ele tamborilava os dedos no banco e soltava risadas aleatórias, já era o suficiente.

Eu sabia que ele não iria desistir tao cedo, e quanto mais eu demorasse, pior seria. Fiquei olhando pela janela, tentando pensar em como começar, ou até mesmo em que desculpa usar. Mas era inútil. A Sofia tinha falado com ele na primeira vez. E pior, Caick era meu melhor amigo, e a verdade era que ele sempre conseguia me desarmar, e melhor agora do que mais tarde, comigo bêbada.

– Então... – ele começou, com aquele tom casual que eu sabia que não era nada casual. – Você e a Sofis, hein? – Ele sorriu de lado, mas o olhar sério me perfurava.

Eu sabia que ele já tinha juntado as peças, mas ainda assim, tentei fugir da situação.

– Eu e a Sofia, o quê? – Respondi, tentando soar desinteressada, mas minha voz saiu um pouco mais tensa do que eu esperava.

Caick soltou uma risadinha, balançando a cabeça como quem não vai aceitar migalhas de informação. Ele se virou um pouco mais para mim, como se estivesse se preparando para uma longa conversa.

– Duda, eu não sou idiota. Nem cego. Tá na cara que tem alguma coisa rolando entre vocês. E, sério, não tô aqui pra te julgar, mas por que você tá escondendo isso? – Ele perguntou, agora sem o tom mais suave – Você sabe que pode falar comigo, não é a primeira vez que vocês ficam.

Eu suspirei fundo, me afundando no banco do carro. As luzes de São Paulo passavam rápidas pelas janelas, mas eu só conseguia pensar na bagunça dentro da minha cabeça. Claro, eu confiava no Caick. Ele era aquele tipo de amigo que eu podia contar pra tudo. Mas tinha algo sobre o que estava acontecendo entre mim e Sofia que eu não conseguia verbalizar ainda. Nem pra mim mesma.

– Não é tão simples assim, Caick – comecei, mais sincera e confusa do que eu pretendia. – Eu e a Sofia... a gente tá... – minha voz foi sumindo enquanto eu tentava formular a frase certa. O problema era que nem eu sabia exatamente o que "a gente" era e se ele existia.

Caick levantou as sobrancelhas, esperando eu continuar. Eu sabia que ele não iria me interromper, mas seu silêncio e lingua presa entre os labios me forçava a falar mais.

– Tudo começou meio... sem a gente planejar. E agora... – minha voz falhou de novo. – Eu tô com medo. Medo de estragar tudo, sabe? Eu nem sei oque ela tá pensando.

Caick ficou em silêncio por um momento, absorvendo o que eu tinha dito. Ele cruzou os braços e olhou pela janela, como se estivesse pensando em como responder. Até que uma risada se explodiu.

– Ai bicha, é normal ter medo. Principalmente quando envolve alguém que você ama de verdade sabe – Ele disse, sua voz agora nao estava tao euforica. – Mas você não acha que tá complicando mais do que precisa? Talvez vocês só precisem conversar, sabe, entender o que tá rolando. Não precisa complicar tanto, até porque não existe sentimento ainda, só transem e fiquem felizes.

Eu queria acreditar que ele estava certo, mas a ideia de sentar com Sofia e colocar tudo em palavras me deixava em pânico. E se eu dissesse a coisa errada? E se ela não sentisse o mesmo? Ou pior... e se tudo isso fosse só uma fase e ela quisesse seguir em frente, sem mim?

– Eu não sei... – sussurrei, me sentindo mais vulnerável do que gostaria.

O carro finalmente parou em frente ao meu prédio. Eu desci com Caick logo atrás de mim. Antes de eu sair do carro, ele me puxou para um abraço apertado.

– Duda, qualquer coisa, tô aqui, tá? Você não precisa resolver isso sozinha.

Eu sorri, mesmo que um pouco hesitante, e me afastei. Assenti com a cabeça e entrei no prédio, sabendo que essa noite ainda estava longe de acabar. Porque, de alguma forma, eu sabia que não ia conseguir evitar essa conversa com Sofia por muito mais tempo, e talvez nem quisesse.

Assim que cheguei em casa, me joguei no sofá, pegando o celular. Uma mensagem de Sofia piscava na tela e era impossível conter um sorriso no meu rosto, era quase como automático ao ver uma notificação sua.

E ali, sozinha no meu apartamento, mergulhada em milhão de pensamentos e rumos que esse assunto poderia tomar, uma sensação – quase premonição – me fazia pensar que a minha agonia estava longe de chegar ao fim

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E ali, sozinha no meu apartamento, mergulhada em milhão de pensamentos e rumos que esse assunto poderia tomar, uma sensação – quase premonição – me fazia pensar que a minha agonia estava longe de chegar ao fim.

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GENTEEEE, MUITO MUITO MUITO MUITO MUITO OBRIGADA PELO APOIO, NUNCA ACHEI QUE A FIC CHEGARIA NESSE PATAMAR, TODA VEZ QUE RECEBO UM COMENTARIO SOBRE A FIC OU SOB A MINHA FORMA DE ESCREVER MEU CORACAO FICA QUENTINHO, ESSA SEMANA VOU ATUALIZAR MAIS UMA VEZ AINDA, BJSBJS, amo vcs💋💋

daylight - soardaOnde histórias criam vida. Descubra agora