five

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VISAO SOFIA

 
Acordar com a Eduarda ao meu lado é uma dádiva que poucos têm o privilégio de presenciar. Não é apenas por ela ser incrivelmente atraente, mas pelos detalhes que sua genuinidade traz a quem está perto. Mesmo com a incógnita da nossa situação após a noite anterior, não consigo deixar de notar o quanto ela se sente confortável comigo. Porque mesmo decorrente de tudo, Duda sempre foi minha melhor amiga.

É engraçado refletir sobre nossa relação. As pessoas sempre relembram como nossa amizade começou, com minhas tentativas de ficar com ela , aquela velha história e “blá-blá-blá”, mas, para mim, sempre foi mais do que isso. Desde o início, vi em Duda alguém que eu precisava cuidar. Sempre fiz questão de estar presente para ela, nos momentos bons e ruins. Toda vez que ela fala, minha admiração e carinho ficam evidentes, e os passos que nossa relação estava tomando me preocupavam. A ideia de perdê-la por uma atitude impulsiva me aterrorizava e apagava qualquer felicidade.

Alguns minutos depois, saí do meu devaneio e me lembrei do nosso compromisso do dia, o motivo pelo qual ela estava dormindo ao meu lado: a gravação do podcast. Meu coração apertava por ter que acordá-la, mas ela nunca me perdoaria se a deixasse dormir e se atrasar.

– Duda, já são quase sete horas – disse, acariciando seu cabelo. Todos sabem que tenho dificuldade com toques físicos e demonstrações de afeto, mas com a Eduarda isso nunca foi um problema. Sempre me senti à vontade com ela. – Duda, eu sei que você está acordada. Vou tomar um banho e te deixar acordar no seu tempo, tá? Pode pegar uma roupa minha se quiser.

Ela apenas grunhiu em concordância, e eu fui em direção ao chuveiro.

Enquanto a água escorria sobre meu corpo, não pude evitar pensar no jeito como a Duda agiu na noite anterior, quando o Caick passou aqui em casa. O modo como eu reagi também me veio à mente. Será que ela se incomodou com a forma como eu me afastei dela? Não era minha intenção fazê-la pensar que eu estava envergonhada ou que não queria ser visto com ela – afinal, era o Caick, nosso melhor amigo. Esses pensamentos foram seguidos por outro nome: João. Não pensava nele desde antes de tudo acontecer ontem. Lembro dela mencionando-o antes de pararmos de nos beijar. Será que, depois do que aconteceu, ela pensou nisso ou se arrependeu?

VISAO DUDA

Ser eu, nesse momento, é um desafio do universo. Estou deitada em meio às cobertas, com o cheiro doce e marcante de Sofia. O replay do que aconteceu ontem não sai da minha mente; a forma como ela demonstrou repulsa por estar perto de mim me assustou e me deixou decepcionada. Levantei e me lembrei de deixar meu celular carregando com o carregador da Sofia. Tento alcançá-lo para usá-lo como forma de me distrair nessa cilada em que estou: ter que usar uma roupa com o cheiro dela o dia inteiro, além de passar o dia inteiro ao seu lado.

Enquanto ela toma banho, resolvo escolher uma roupa. Mergulho no guarda-roupa dela e encontro um bolo de polaroids. Meu espírito curioso não deixa passar. Entre elas, encontro polaroids diversas: comigo, com o pessoal da mansão hype, e com a família dela. Não posso negar que isso amolece meu coração, mas, quando me aprofundo mais, encontro algo que me revira o estômago: uma foto com o Jotapê. Sim, eu sei da relação deles, mas não sabia que estava tão sério. Atrás da polaroid havia um recado:

"Obrigada pelo dia, gatinha. Essa foto é para você sempre lembrar da nossa primeira noite."

PRIMEIRA NOITE?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!

Ok, eu não tenho nada a ver com isso.

Sigo procurando uma roupa para usar, até encontrar uma que eu goste. Após colocar a calça, desdobro a camisa com a intenção de vestir, mas Sofia sai do banho e decide que esse é o melhor momento para começarmos a conversar.

daylight - soardaOnde histórias criam vida. Descubra agora