contion

9.5K 569 246
                                        


VISÃO DUDA

- É, mas esse aqui está... Meu Deus, o que eu acabei de falar?!?!?! Eu tenho algum problema mental? Por que deixei o gin controlar tanto a minha mente?
Juro que consigo sentir o gosto da vergonha se espalhar por toda a minha boca enquanto refaço a frase que acabei de dizer mil vezes. De onde saiu tanta coragem? Eu realmente estava me sentindo tão atraída pela Sofia?
O clima pesado percorre todo o apartamento. Nesse momento, até o encontro dos nossos dedos no pé se torna sensível e notável. Consigo sentir cada centímetro em que nosso corpo se toca. Todo olhar inocente de Sofia para mim - claramente surpreso com a minha frase - se torna como fogo em minha pele. Sinto-me completamente exposta a uma situação que deveria ser apenas um flerte.

- Duda... - Sinto a mão de Sofia atravessar o espaço entre nós, colocando uma mão de cada lado da minha cintura. Ela está agora elevada, posicionada sobre mim, e eu juro que consigo ver seu coração bater por fora do seu peito. - Acho melhor você ir dormir.

Por que, de repente, a ideia de me beijar ficou tão fora de questão para Sofia? Isso era tão comum há alguns meses. Em outros tempos, um comentário como esse nem seria necessário; nossas bocas já estariam em contato há bons minutos.

- Nossa, Sofia, não sabia que você e o João Pedro estavam tão sérios - respondo ao meu claro "não, obrigada!", relembrando o último ficante de Sofia, Jotapê, o qual, sem motivo aparente, eu nunca suportei.

- Duda, eu e você sabemos que isso não tem nada a ver com o João, e muito menos com o fato de eu querer ou não te beijar - responde Sofia, enquanto me vê me afastar. - E sério, eu realmente quero te beijar.

VISÃO SOFIA

Ok, eu só faço merda. Primeiro: "ir dormir"? Segundo: JOATAPE? Terceiro: eu realmente quero te beijar?

Beleza, eu realmente quero beijar a Duda, mas nesses últimos segundos tive um pico de juízo e percebi que beijá-la nesse estado não é a melhor coisa possível. Mesmo que eu sempre a beije, ou outros, quando estou alcoolizada, não quero testar esse método com ela, sozinha e bêbada, na minha casa.

- Sofia, você não é obrigada a ficar comigo - diz a mais nova em direção ao banheiro principal. - Me empresta seu telefone?

- Não vou deixar você chamar um Uber às três da manhã de uma quinta-feira simplesmente porque eu não te beijei - digo, me aproximando da morena. - Você já foi mais fácil de lidar, Duda.

- Eu não tô indo embora porque você não me beijou, tô indo porque você está claramente muito bêbada - ela responde, me deixando confusa. - Você me deu indícios a noite toda, e agora resolve se importar com sei lá o quê. Nós já fomos mais simples de lidar, Sofia.

Meu coração dispara, e no pior momento. Toda a minha atração pela mais baixa à minha frente retorna. A vontade de segurar sua mandíbula e beijá-la nunca foi tão grande. Começo a notar coisas que nunca notei antes; seus olhos claros me engolem de forma poética. Sinto meus dedos se posicionarem na barra do short de Duda de forma automática. Meu corpo e o álcool nele não respondem mais por meios éticos.

- Só fica e espera o Caique, Duda - digo, tentando olhar em seus olhos, mesmo que cada partícula do meu corpo indique o quanto eu quero encarar a boca à minha frente. - A gente pode assistir mais trinta mil clipes da Demi.

- Esse foi literalmente o pior fora que já levei na vida. - Fora?! Se ela tivesse o poder de ler minha mente e entender o quanto estou atraída, e provavelmente sempre estive, por cada traço de seu corpo... - Você vai se negar a dormir na mesma cama que eu também? - completa Duda, rindo e se aproximando mais de mim, que, no momento, estou à sua frente.

Nesse momento, é difícil estar bêbada e com muito, muito, muito desejo pela sua melhor amiga. Ela está a um passo de mim, e eu estou tentando ter... juízo?

Levo minha mão à parte traseira de sua nuca e seguro seu cabelo. Aquele cheiro ficará por um tempo nos meus dedos. Minha outra mão se mantém na barra do short, e a uso para puxar Duda mais para perto. Em um movimento rápido, troco nossas posições e me apoio na pia que está atrás de mim. Vejo um sorriso se abrir na boca que, no momento, tanto desejo. E, quando resolvo tocar nossos lábios,
a Duda hesita.

daylight - soardaOnde histórias criam vida. Descubra agora