Respiração boca-boca.08

139 23 98
                                    


࿚꙳☁

- Cheguei ontem à noite e ele estava bêbado, na minha cama. De novo.

Ontem à noite eu estava exausta depois da faculdade. Só queria tomar um banho e dormir. Quando entrei no meu quarto, lá estava ele, deitado na minha cama, completamente bêbado. Não era a primeira vez que ele passava dos limites, e eu já estava ficando sem paciência. Minha mãe estava de costas pra mim, lavando alguma louça. Suspirei, tentando manter a calma, mas minha cabeça estava a mil.

- Ele estava nervoso com o emprego novo, Jennie - ela respondeu, meio sem jeito. - Bebeu pra tentar aliviar...

Eu ri, mas foi aquele riso irônico, de quem já ouviu a mesma desculpa um milhão de vezes. Peguei minha xícara de café e tomei um gole.

- Isso é desculpa? mãe. O Jimin já me falou que quando ele dormiu aqui, viu uns olhares estranhos vindo desse homem. Você acha normal isso?

Ela parou o que estava fazendo, ficou um tempo em silêncio. Era sempre assim, ela nunca sabia o que responder logo de cara. Depois de uns segundos, suspirou de novo.

- Vou conversar com ele, tá bom? - disse, finalmente, virando-se pra mim. - Ele até pediu desculpas hoje de manhã por ter apagado no seu quarto.

Eu já esperava por isso. Toda vez era a mesma coisa.

- Eu não confio nele - falei, olhando direto nos olhos dela. - Vocês vivem brigando. E se um dia ele te bater?

Ela cruzou os braços, meio defensiva, mas com aquele olhar cansado de quem já está esgotada.

- Ele não vai fazer isso, filha. Ele tá tentando melhorar, e eu sei que as coisas não estão fáceis, mas ele me pediu desculpas Jennie.

Era sempre a mesma história. Desculpas e mais desculpas.

- Desculpas não resolvem nada se ele não muda, mãe - retruquei, com a voz mais firme. - Você merece alguém melhor. Alguém que realmente te trate com respeito.

Estava tomando o último gole de café quando a porta da frente se abriu com um baque seco. Ele entrou.

- Bom dia, - ele disse, caminhando até a cozinha com aquele tom casual que me deixava ainda mais enojada. - O que tem de café?

Olhei pra minha mãe. Ela parecia sem jeito, desviando o olhar para o chão. Respondeu com um leve "bom dia", mas sua voz quase não saiu.

- Adoro café com bolo, - ele continuou, ignorando o clima, e foi se sentar à mesa, bem do meu lado. Perto demais.

Senti meu corpo todo se enrijecer. O cheiro de álcool ainda estava leve na roupa dele, e a proximidade me deixava desconfortável. Eu não ia aguentar aquilo por muito mais tempo.

- Eu já tô de saída, - falei, me levantando de repente. Caminhei até minha mãe. Ela estava de cabeça baixa, meio sem saber o que dizer. Eu a abracei.

- Boa sorte no serviço, filha, - ela disse, quase sussurrando. Eu sabia que ela não estava bem, mas não podia fazer nada agora.

Enquanto me afastava, senti o olhar dele me seguindo. Eu não precisei olhar para saber que ele estava me observando. Quando cheguei à porta, ele falou, com aquele tom cínico:

- Tchau, Jennie - disse, levantando a xícara de café num gesto preguiçoso, um sorriso de canto nos lábios.

Fechei a porta sem olhar para trás. Eu precisava sair dali o mais rápido possível.

Eu estava no quarto de Lucca, quando o mordomo bateu na porta.

A Babá Do Meu Filho ( Jenlisa)꙳Onde histórias criam vida. Descubra agora