A Babá Do Meu Filho ( Jenlisa)꙳

Renascendo das cinzas.15

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Lalisa Manoban.
Renascendo das cinzas parte 1/2

Eu estava tremendo. Havia ensaiado tantas vezes aquele momento, tentando encontrar as palavras certas, a maneira certa de contar ao meu pai sobre ela. Sobre o quanto ela significava para mim, sobre como eu finalmente sentia que podia ser feliz, que tinha encontrado alguém que me compreendia. Mas assim que as palavras saíram da minha boca, eu soube que o resultado não seria nada do que eu tinha imaginado.Foi rápido demais. Eu só ouvi o som de sua mão cortando o ar antes de sentir o tapa arder no meu rosto, tão forte que me jogou para trás.

Caí no chão, atordoada, e olhei para cima, tentando entender se aquilo realmente estava acontecendo. O rosto do meu pai estava contorcido de raiva, os olhos apertados, e eu vi algo que nunca tinha visto antes uma fúria, uma rejeição que doía mais que o próprio tapa.

Aos dezenove anos, eu já havia me acostumado a esconder meus sentimentos. Cresci cercada por grandes expectativas, sob uma pressão implacável que me sufocava em cada decisão. Meu pai, um homem respeitado e determinado, sempre dizia que eu deveria ser a melhor, em tudo. Não havia espaço para dúvidas, medos, ou sequer para as pequenas alegrias do cotidiano. A vida era um plano meticulosamente traçado por ele, onde cada detalhe era cuidadosamente planejado para garantir meu sucesso. Eu só precisava obedecer.

Eu me lembro de me sentir como uma peça em uma máquina, uma máquina que ele projetou para produzir resultados e mais resultados. A cada prêmio, a cada elogio público, eu olhava em volta e via os olhares orgulhosos dos outros, menos o meu próprio. Eu queria me sentir feliz, queria sorrir de verdade, mas o peso do olhar do meu pai sempre me lembrava que ainda não era suficiente. Ele sempre parecia encontrar uma falha, uma pequena imperfeição que eu precisava corrigir.

"Você é estúpida, Lalisa. Uma decepção. Isso é doença, e eu vou te internar até você voltar ao normal", ele disse, a voz cheia de desprezo.

Senti as lágrimas queimando os olhos enquanto ele falava. Não conseguia acreditar. Eu apenas olhava, implorando para que ele parasse, para que pudesse entender que eu só queria ser feliz. "Pai, eu amo ela. Nós queremos nos casar, queremos construir uma vida juntas. Eu só quero ser feliz", consegui murmurar, mesmo com a voz tremendo.

"Se casar?" Ele riu, mas não era um riso alegre. "Nem por cima do meu cadáver. Você está destruindo tudo. Eu te criei para assumir o meu império, e você não está nem perto de chegar à altura do que eu construí. Uma herdeira que diz essas coisas! você nunca vai ter direito a um centavo da herança!"

Eu me encolhi no chão, o coração quebrado em mil pedaços. Tudo o que eu queria era ser aceita. Apenas isso. Mas, ao invés disso, o pai que eu sempre temi, mas que ainda assim respeitava, me olhava como se eu fosse algo repulsivo. "Pai, eu só quero ser eu mesma. Yumi e eu nós estamos apaixonadas. E isso é o que importa para mim", disse com toda a força que ainda restava.

Ele me encarou, a expressão endurecida. "Você é uma doente, Lalisa. Vou te mandar para um hospital psiquiátrico, porque você claramente perdeu o juízo. É uma mulher, não pode se casar com outra mulher! Isso é doentio", cuspiu.

A humilhação era insuportável. Senti minhas lágrimas rolarem sem controle, o rosto ardendo, mas segurei firme. "Eu nasci assim", falei, tentando manter a voz firme. "E eu deveria ser aceita pelo que sou. Eu sou assim, pai."

Ele balançou a cabeça, dando um sorriso amargo. "Aceitar? Aceitar você como um monstro? Nunca. Vou te internar, e você só vai sair de lá quando se curar dessa aberração."