O meu personagem - Pedro Gonçalves

-Capítulo 12-

Acordei com um cheiro intenso a framboesa. Para ser mais preciso, com um cheiro de shampoo de framboesa e cabelos loiros na minha cara.

Senti a respiração dela no meu pescoço e arrepiei-me.

Virei ligeiramente o braço que não a abraçava para agarrar no telemóvel. O relógio marcava as oito.

Tinha algumas mensagens do míster e da equipa. Voltei a pousar o telemóvel e percebi que o da Diana brilhava.

Agarrei-o e vi que era uma chamada da Carolina. Atendi.

- Bom dia, Carol.

- Pedro! Como é que elas ficaram?

- Estas as duas a dormir.

- O quê? Não ouvi. Fala mais alto.

- Elas estão a dormir. Não posso falar mais alto, nem mexer-me senão a Di acorda.

A Carolina manteve-se em silêncio e depois quebrou-o.

- Não a acordes. É só para avisar que eu e o Dani vamos aí à hora de almoço e levamos o comer.

- Está bem. Até logo.

- Até logo, não faças asneira nenhuma.

Controlei-me para não rir e desliguei.

Deixei-me ficar na cama, com a Diana abraçada a mim.

- Mamã, mamã! - a Carlota começou a gritar.

A Diana sentou-se imediatamente da cama e eu segui-lhe o exemplo.

- Eu vou lá.

- Não vais nada, descansa. Eu cuido dela.

Dei-lhe um beijo leve nos cabelos e levantei-me.

- O que se passa, Lota?

- Pedro, tive um sonho mau. Havia um monstro que andava a correr atrás de mim. Ele dizia coisas feias.

Ela tinha a cara lavada em lágrimas.

- Já passou, está tudo bem.

Ela esticou os braços a pedir colo e eu agarrei-a.

- Já passou, já foi embora. Podes dormir outra vez.

Ela nem respondeu, pois voltou a cair ferrada.

Deitei-a novamente na cama e retornei ao quarto da Diana.

- Pesadelo. Já voltou a dormir.

Ela suspirou de alívio.

- Atendeste a Carolina à pocado?

- Atendi. Ela queria saber se estava tudo bem.

Ela começou a ganhar um tom mais rosado e eu entendi porquê.