Delency AshfordA música retumbava pelo meu corpo, as luzes piscando em tons de azul e roxo enquanto eu dançava ao lado de Adelina e Nathalia. No início, tudo parecia meio desconfortável, estranho, como se eu não pertencesse àquele lugar. Mas, aos poucos, comecei a me soltar, e a energia ao meu redor me envolveu como uma onda, impossível de resistir.
Adelina e Nathalia estavam animadíssimas, pulando e dançando como se não houvesse amanhã, e eu me permiti relaxar. O som ensurdecedor da música abafava qualquer pensamento, e, pela primeira vez desde que cheguei naquele internato, senti que podia, ao menos por um instante, esquecer de tudo.
— Isso é incrível! — gritou Nathalia, se inclinando para falar no meu ouvido. — Você está finalmente curtindo!
Dei de ombros com um sorriso que eu sabia que ela mal conseguia ver na luz fraca, mas que parecia suficiente.
— É eu estou! — admiti.
Adelina me puxou pela mão, me girando no meio da pista de dança, rindo alto. Não conseguia deixar de sorrir. A sensação de liberdade, mesmo que momentânea, era algo que eu não experimentava há muito tempo.
Depois de algum tempo dançando, o calor começou a subir, e eu precisei de uma pausa. Estávamos todas ofegantes, com a pele brilhando de suor.
— Vou pegar algo pra beber — falei, apontando para o bar no canto da boate.
— Traz uma água pra mim! — pediu Adelina, ainda dançando.
Fui até o bar, sentindo o alívio temporário da brisa fresca que vinha da direção da entrada. O lugar estava lotado, mas eu consegui me aproximar do balcão.
— Duas águas, por favor — pedi ao barman, apoiando os cotovelos no balcão enquanto esperava.
De repente, senti alguém se aproximar, uma presença masculina ao meu lado. Não olhei de imediato, estava cansada demais para dar atenção. O barman colocou as garrafas de água na minha frente e, quando fui pegá-la, uma voz grossa falou perto de mim:
— Você devia pegar algo mais forte. — Olhei para o lado, e lá estava um homem, um pouco mais velho, talvez uns vinte e poucos anos, com um sorriso que não me inspirava confiança. — O que acha de um drink por minha conta?
— Não, obrigada — respondi seca, tentando afastar qualquer possibilidade de conversa.
Ele ignorou meu tom e chamou o barman com um gesto rápido.
— Dois drinks aqui, por favor. — Ele me olhou de cima a baixo, como se estivesse avaliando cada parte de mim. — Vai, relaxa um pouco. Uma noite dessas não é pra desperdiçar com água.
Eu não gostava do jeito que ele estava me olhando. Isso era traumático, um arrepio desconfortável percorreu minha espinha, e, de repente, o ambiente que antes parecia libertador ficou claustrofóbico. O barman voltou com os drinks, e o homem empurrou um copo na minha direção.
— Toma, é só um drink.
— Eu disse que não quero — reforcei, tentando manter minha voz firme, mas ele insistiu, empurrando o copo mais perto de mim.
Antes que eu pudesse me afastar, ele estendeu a mão, quase tocando em minha cintura.
— Vamos, não precisa ser difícil...
Nesse momento, meu olhar caiu no copo. Algo estava errado. O líquido parecia normal, mas havia um pó esbranquiçado no fundo, mal dissolvido. Meu estômago revirou de pavor.
— O que você colocou aqui? — perguntei, a voz saindo mais alta do que eu pretendia.
Ele tentou sorrir, mas seus olhos revelavam algo mais sombrio.
— Nada demais... Só pra deixar a noite mais interessante.
Meus instintos dispararam, e eu dei um passo para trás, pronta para sair dali o mais rápido possível.
Mas, antes que eu pudesse me afastar completamente, uma mão forte me puxou para longe do bar. Olhei para cima, surpresa, e vi Jason dar um soco forte na cara do homem.
Bem merecido!
— Algum problema aqui? — Jason perguntou, sua voz baixa e perigosa, enquanto encarava o homem.
O outro sujeito deu de ombros, um sorriso forçado nos lábios.
— Não, só estávamos conversando, cara. Relaxa — Diz colocando a mão em seu rosto.
Jason me soltou suavemente e deu um passo à frente, ficando entre mim e o homem.
— Conversando, é? — Ele olhou de relance para o copo que ainda estava no balcão e, em seguida, voltou os olhos furiosos para o homem. — Parece que você está tentando algo mais do que só conversar.
O tom de Jason fez o homem hesitar, mas ele ainda tentou manter a pose.
— Não é nada demais... Ela estava só sendo difícil.
Jason riu, mas foi uma risada amarga, cheia de ameaça. Em um movimento rápido, ele pegou o copo do balcão e o jogou no chão, o vidro estilhaçando-se aos pés do homem.
— Se eu te ver chegando perto dela de novo, não vai ser só o copo que vai quebrar. Capito?
O homem finalmente recuou, seus olhos indo de Jason para mim e, em seguida, para a saída da boate. Ele levantou as mãos em sinal de rendição e saiu de fininho.
Quando ele desapareceu entre a multidão, Jason se virou para mim, os olhos ainda duros.
— Você está bem? — ele perguntou, e pela primeira vez, parecia genuinamente preocupado.
Eu ainda estava meio em choque, o coração batendo forte no peito.
— Eu... estou agora. Obrigada.
Jason assentiu, mas seu olhar não amoleceu completamente.
— Você precisa tomar mais cuidado, Delency. Esse lugar não é só diversão.
Onde estão Adelina e Nathalia em um momento como este?
— Eu sei — murmurei, sentindo um peso no meu peito, o que quer que fosse essa sensação incômoda crescendo. — Mas você também não precisava ter feito isso.
— Avevo bisogno di... Davvero Delency, mi fai impazzire, ossessionare, ipnotizzare... Sappi che non ti libererai di me, stella splendente.
Apenas assisto Jason ir embora. Mal sabe o bonitão que eu sei italiano intermediário. Posso até não entender algumas coisas, mas eu sei bem o que Jason Moretti quiz me dizer.
Più che stupido
Eitaa! Delency entendeu o Jason!! Parece que nossa garota sabe italiano intermediário, será que foi por isso que ela perguntou "por acaso você me xingou"??Beijão amores mios 💋
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𝐁𝐨𝐮𝐧𝐝 𝐛𝐲 𝐝𝐞𝐬𝐢𝐫𝐞
Teen FictionDelency é enviada a um colégio interno por ser rotulada como "mentirosa" e logo se torna o alvo da obsessão de Jason Moretti, o filho da diretora, cuja intensidade e charme a puxam para um turbilhão de emoções e conflitos que ameaçam sua liberdade. ...