Maratona 1/3
Delency Ashford
A noite estava só começando, e eu me sentia leve, como se pudesse finalmente respirar sem o peso de tudo o que deixei para trás. A música alta vibrava no meu peito, e o galpão lotado pulsava com uma energia que eu só tinha visto em filmes.
Adelina e Nathalia puxaram-me direto para o meio da pista, e eu nem hesitei. Sorrindo, fechei os olhos e deixei a música me guiar. Ali, no meio daquela multidão, eu estava segura. Não havia julgamentos, mentiras ou segredos, apenas as batidas e meus amigos ao redor.
— Del, você é uma ótima dançarina! — Adelina riu, girando ao meu lado.
— Estou apenas seguindo vocês! — respondi, rindo junto.
Estávamos dançando há um bom tempo, e eu me deixava levar a cada música, sentindo como se o peso das últimas semanas estivesse se dissolvendo em cada passo. A sensação de liberdade era viciante, e por um momento, esqueci de tudo.
Mas, enquanto girava e ria com Adelina e Nathalia, senti alguém se aproximar por trás, entrando no meu ritmo de dança. Achei que fosse algum desconhecido tentando puxar assunto, mas algo nele parecia... familiar demais.
Antes que eu pudesse processar, mãos fortes seguraram minha cintura, e uma voz que eu conhecia bem demais murmurou perto do meu ouvido:
— Parece que alguém está aproveitando bem a vida...
Senti um arrepio subir pela espinha, mas não era de alegria. Era ele. Dylan.
Virei-me bruscamente, empurrando-o um pouco para trás e tentando esconder a surpresa e a raiva.
— O que você está fazendo aqui? — perguntei, tentando não perder o tom firme.
Ele deu aquele sorriso torto, o mesmo que sempre me deixava desconfortável, mas que já tinha me enganado tantas vezes.
— Não posso vir me divertir? Ou, quem sabe, matar a saudade de uma amiga? — disse ele, com um tom debochado.
— Amiga? — Ri, descrente. — Desde quando trair alguém se tornou uma forma de reforçar a amizade?
Ele ergueu as mãos, em uma falsa inocência, enquanto as pessoas ao redor continuavam dançando, alheias à tensão que se formava entre nós.
— Ah, Del, você leva tudo a sério demais. Aquilo... aquilo foi só um deslize, nada que devesse ter acabado conosco. Sinceramente, eu achei que você já tivesse superado. — Ele me olhou de cima a baixo, com uma expressão desdenhosa. — Acho que foi até bom. Deixou você mais... forte.
Fiquei em silêncio por um segundo, tentando controlar a raiva que fervia dentro de mim. Ele estava falando como se nada tivesse acontecido, como se o que ele fez não tivesse me machucado profundamente. Como ele podia ser tão... insensível?
— Olha, Dylan, eu superei, sim. Superar você foi fácil, na verdade. — Dei um passo para trás, cruzando os braços. — Mas você voltar aqui e agir como se não tivesse feito nada só mostra o tipo de pessoa que você é.
Ele riu de novo, inclinando-se um pouco mais, e antes que pudesse dizer mais alguma coisa, o alto-falante anunciou:
— A corrida principal da noite começará em cinco minutos! Fiquem atentos para Dylan e Jason na linha de chegada.
Por essa nem eu esperava, Delency já teve um namoradinho e aparentemente não terminou bem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐁𝐨𝐮𝐧𝐝 𝐛𝐲 𝐝𝐞𝐬𝐢𝐫𝐞
Teen FictionDelency é enviada a um colégio interno por ser rotulada como "mentirosa" e logo se torna o alvo da obsessão de Jason Moretti, o filho da diretora, cuja intensidade e charme a puxam para um turbilhão de emoções e conflitos que ameaçam sua liberdade. ...