Chapter 08

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Delency Ashford

Depois do debate na aula de literatura, tudo parecia estar mais pesado ao meu redor. Eu sabia que tinha vencido Megan, mas a forma como ela me olhou antes de sair da sala me deixou desconfortável. Era como se eu tivesse acabado de começar uma guerra que não queria lutar, mas eu também não ia recuar. Não sou de fugir. Nunca fui.

As pessoas ao meu redor cochichavam, mas eu tentava ignorar. Nathalia e Adelina se aproximaram assim que saí da sala.

— Você arrasou! — Nathalia disse, com um sorriso sincero. — Megan estava tentando te humilhar, mas você deu a volta por cima.

Eu não conseguia sorrir de volta. Não era só o debate. Algo dentro de mim estava confuso, fora de controle. Desde que cheguei aqui, parecia que eu estava em um campo minado, e a cada passo, as coisas ficavam mais difíceis. E Jason… eu não conseguia entender o que se passava na cabeça dele.

— Tem certeza de que está tudo bem? — Adelina perguntou, com um olhar preocupado.

Assenti, mesmo que por dentro eu soubesse que a resposta era outra.

— To sim garotas, não se preocupem — dei um sorriso falso — Eu vou dar uma volta, até depois.

Encontrei um lugar vazio, um canto atrás do prédio principal, onde ninguém costumava ir provavelmente. Me encostei na parede, tentando controlar meus pensamentos. Mas logo ouvi passos. Quando olhei para cima, Jason estava lá, parado na minha frente, com aquele sorriso autoconfiante mas com o olhar preocupado

— O que você quer agora? — perguntei, cruzando os braços, sem nem tentar disfarçar a irritação.

Ele não pareceu se abalar.

— Eu quero saber o que você pensa que está fazendo. — Ele deu um passo em minha direção, os olhos fixos nos meus, cheios de algo que eu não conseguia definir. — Você acha que pode desafiar Megan desse jeito e sair ilesa?

Revirei os olhos.

— Eu não ligo pra Megan.

— Devia. — Ele sorriu de lado, mas seus olhos não tinham nada de diversão. — Ela não vai deixar isso passar barato, Delency. Você mexeu com ela de um jeito que ninguém mais teve coragem.

— Talvez as pessoas por aqui sejam covardes, então. — Cruzei os braços, sem me intimidar. — Eu não vou abaixar a cabeça pra ela. Não sou desse tipo.

Jason riu baixo, mas não de um jeito amigável. Ele se aproximou mais, o suficiente para que eu sentisse a intensidade da presença dele.

— É exatamente isso que eu gosto em você. — A voz dele tinha uma firmeza que me fazia sentir uma mistura de desafio e desconforto. — Você não tem medo. Mas aqui é diferente. As regras são outras, e você está se metendo em algo que não entende.

— Então me explica, Jason — retruquei, o desafiando com o olhar. — Porque até agora você só fica insinuando que eu estou errada, mas não diz nada de útil.

Ele me encarou por alguns segundos, como se estivesse ponderando se devia ou não me contar o que se passava em sua mente. Quando finalmente falou, sua voz estava baixa, mas carregada de certeza.

— Eu não sou do tipo que protege ninguém, Delency. Mas eu também não sou do tipo que deixa alguém que me interessa ser destruído por idiotas. — Ele se aproximou mais, e eu não recuei. — E por algum motivo, você me interessa.

Meu coração acelerou, mas eu não deixei isso transparecer. Eu não ia ceder ao jogo dele.

— Isso não significa nada pra mim — respondi, firme. — Eu posso me defender sozinha, Jason.

Ele riu novamente, mas dessa vez havia algo mais sombrio ali.

— Eu sei que pode. Mas isso não significa que você vai conseguir sair ilesa desse lugar sem ajuda. As pessoas aqui jogam sujo, e você está no meio de tudo isso agora. Querendo ou não, você vai precisar de mim.

Senti um arrepio passar pela minha espinha, mas não demonstrei fraqueza.

— Eu não preciso de ninguém. Principalmente de você.

Jason ficou em silêncio por alguns segundos, os olhos fixos nos meus, como se estivesse tentando decifrar o que eu realmente pensava. Ele deu um passo para trás, mas não antes de lançar um último olhar carregado de intenções que eu não conseguia definir.

— Veremos. — Ele disse, com um sorriso que me fez sentir que aquilo não era uma promessa vazia. — Mas quando as coisas começarem a desmoronar, lembre-se de quem te avisou.

E com isso, ele se virou e foi embora, me deixando sozinha naquele canto, com mais perguntas do que respostas.

Eu odiava como ele me fazia sentir.

Parece que alguém ficou com o coração acelerado não é mesmo

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Parece que alguém ficou com o coração acelerado não é mesmo

𝐁𝐨𝐮𝐧𝐝 𝐛𝐲 𝐝𝐞𝐬𝐢𝐫𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora