Cap 14

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Emma Avelar

Minha cabeça doía tanto que, por um momento, não consegui abrir os olhos. Tudo ao meu redor parecia tão branco, tão frio. Foi quando ouvi o barulho das máquinas e o cheiro forte de hospital que percebi... que eu estava machucada. Tentei me lembrar do que aconteceu, mas tudo estava confuso, a dor do meu corpo se igualava com a dor de dentro de mim, aquele aperto no peito que não passava. O sofrimento e o medo foi tanto que, de alguma forma, eu apaguei...

[...]

Octávio Ferraz

Mais um dia se passou, e eu ainda não consegui falar com o Xavier. O desgraçado faltou de novo. Quase fui até a casa dele, mas vou deixar pra resolver amanhã, ou se não, usarei alguém da família dele.

Cheguei no casarão cansado, querendo apenas um banho quente e, talvez, um pouco de companhia. Um sorriso rápido apareceu no meu rosto quando me lembrei da coelhinha mais cedo. A pobrezinha ficou completamente indefesa, assustada... era ótimo de se ver!

Depois de finalmente relaxar no banho, desci pra pegar algo pra comer. Foi quando ouvi a porta se abrir. Olívia entrou, passou direto por mim e subiu as escadas correndo, sem dizer uma palavra.

— Ué, o que ela quer agora? — perguntei quando Arlo entrou.

— Mano, sei que a Olívia é sua irmã, mas ela é complicada. Ela queria que eu fosse na casa de uma amiga dela — falou, bufando

— Na casa de uma amiga? Pra quê? Não dava pra esperar até amanhã?

— Sei lá. Ela disse que a amiga precisava dela, que era "coisa de mulher" — ele revirou os olhos. — Falei que não dava, que teríamos uma reunião mais tarde

— Sobre a reunião, vou deixar pra amanhã. Não consegui achar o Xavier hoje — Respondi, já saindo em direção às escadas. Subi rápido até o quarto dela e bati na porta. — Abre, Olívia!

Nenhuma resposta.

— Se não abrir, eu vou jogar essa PORRA no chão! — gritei.

Ela abriu a porta num pulo, a expressão cheia de raiva

— O que você quer agora? Não posso ficar sozinha um minuto? Quando eu preciso, NINGUÉM me ajuda! — Ela gritou provavelmente querendo que Arlo ouvisse

— Esse é o seu problema, resolve com ele. Agora me fala, onde você queria ir? Que amiga é essa?

— Ele já veio fofocar, né? — ela bufou. — Eu preciso ver a Emma! O pai dela, ou padrasto, sei lá... ele apareceu na escola e arrastou ela pro carro. Ela nem conseguiu assistir à aula, Octávio Eu tô com medo!

Assim que ela disse isso, senti uma raiva subir dentro de mim. Como ele teve a audácia de encostar um dedo no que é meu?

— Onde ela mora? — perguntei, tentando manter a calma com ela.

Olívia me deu o endereço e sorriu, achando que eu ia ajudar.

— Você vai atrás dela, não vai? — ela perguntou, sorrindo mais ainda

— Claro que não. Tenho coisas mais importantes pra fazer — Menti na cara dura, Eu ia, sim, mas ela não precisava saber disso

Sai de casa o mais rápido e fui direto até a casa da Emma, já estava escurecendo, por conta da distância da minha casa até a dela.

Depois de uns 50 minutos cheguei, e pude observar o bairro que não ficava tão longe do centro
A casa não era tão bonita, mas deixava claro que alguém importante morava ali.
Toquei a campainha, e logo uma mulher apareceu, com o rosto fechado.

— Pois não? — Ela me olhou de cima a baixo, sem muito interesse.

— Boa tarde. Sou da escola da Emma. Ela não apareceu hoje e estamos preocupados. Vim saber se está tudo bem com ela.

Ela suspirou dando de ombros

— A Emma não está aqui, ela foi pro hospital. O pai dela a levou... ela teve uma crise, não sei direito, estou esperando detalhes -

Meu sangue ferveu ao ouvir aquilo. Hospital? O desgraçado tinha machucado ela?
A raiva subiu dentro de mim, mas mantive a expressão calma, fingindo estar apenas surpreso.

— Sabe qual hospital? — perguntei, disfarçando a tensão. — Talvez a escola possa ajudar de alguma forma.

— Central, É o mais perto daqui. — Ela respondeu já fechando a porta.

— Espero que ela fique bem — murmurei, sem esperar uma resposta

Enquanto me afastava, já sabia o que fazer. Ele pagaria se tivesse encostado nela.

Enquanto eu caminhava até o carro, eu olhei novamente pra casa, e percebi uma garotinha na janela, eu dava uns 4 anos pra mesma.
Ela acenou pra mim, me fazendo acenar novamente, então minha coelhinha tinha irmã também?

Ótimo! Seremos uma grande família.

Eu ainda precisava ver quem era filha do Xavier! Vou usar ela com toda força .

A mulher do Caos Onde histórias criam vida. Descubra agora