Ato VII: Alegrias violentas têm fins violentos.

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Eu tenho corrido pela selva, eu tenho corrido com os lobos para chegar até você. Estive nos becos mais sombrios, vi o lado escuro da lua para chegar até você. Procurei por amor em todos os estranhos, demorei muito para aliviar a raiva, tudo por você.

Park Jimin.

Nosso próximo destino é uma caverna na Lombardia, localizada a cerca de três horas de Turim.

Dândi dirige calmamente, concentrado na estrada iluminada por postes de luz que alternam entre tons quentes e frios. A rua deserta é palco para os meus pensamentos, que ocupam cada parte dela como se fossem pedestres ignorando a faixa de segurança.

Faz tempo desde que comecei a desviar dela e caminhar por lugares perigosos.

Encolhido no banco do passageiro, bem agasalhado e com a cabeça apoiada na janela, vejo a paisagem da Lombardia surgir conforme adentramos a cidade. A escolha de Dândi de vir para cá foi excelente, mesmo que eu não compreenda a aventura na caverna. No entanto, após a ida ao necrotério da Rock, nada me surpreende mais sobre o meu namorado. Tive o suficiente para entender que as coisas com ele são tão intensas quanto seu mundo queima. Preciso somente me acostumar de uma vez por todas.

Tendo ele ao meu lado, eu sou capaz de tudo.

— Precisamos parar para você comer. — Diz ele, fazendo uma curva. Vejo algumas rochas em pequenos montes, ainda um pouco distantes de onde estamos. Está clareando, mas ainda não passamos de cinco da manhã. — Está com fome?

— Não. Para ser sincero, ir ao necrotério secou o meu estômago. — Respondo, fitando o céu que está bizarramente lindo. O azul, tão puro e claro, me aproxima de Deus.

É curioso; toda a reviravolta em minha vida não mudou a visão que tenho de Deus. Ainda acho que ele é meu maior aliado nessa loucura.

Dândi volteia o olhar para mim, franzindo o cenho.

— Não pareceu ficar tão assustado assim, amor.

— E não fiquei. — Desencosto a cabeça da janela e viro-a na direção de Dândi. — Talvez eu sonhe com corpos enjaulados em câmaras mortuárias? Talvez. Mas não é pavoroso ao ponto de me traumatizar. O que poderia me assombrar mais do que saber que minha vida é limitada a vinte anos?

Olho meu celular. Recebi mensagens de amigos e familiares; mamãe quer me ligar mais tarde e Jihyun me enviou um áudio cantando parabéns em uma versão sem sentido de heavy metal. Achei fofo.

Deixei minha comemoração com amigos e alguns membros da Rock na mansão de Olavo Mancini e fugi com Dândi para um destino desconhecido. Confio cegamente nele, mas realmente não entendo o que podemos fazer dentro de uma caverna a não ser explorá-la ou ficar preso entre as rochas.

— Sua obsessão pela morte é a única coisa que me assombra. — Ele diz, um tanto provocativo, olhando para uma cafeteria fechada. — Droga, não gostam mais de trabalhar?

— Eu disse que não estou sentindo fome, amor. — Respondo, rindo de sua expressão contrariada. — Ainda está muito cedo, dê um desconto. Trabalhei em uma cafeteria por dois meses, sabia? Foi horrível. Não sou bom com pressão, tinha que lidar com clientes um após o outro. — Relembro e aceno em negação.

Prefiro morrer pobre a ter que me submeter à jornada cruel de trabalho.

— Consigo imaginar você de avental, correndo de um lado para o outro, prestes a enlouquecer. — Brinca Dândi, rindo das minhas quase crises. — O que faria se não quisesse seguir nenhuma carreira profissional?

— Seria garoto de programa. Era meu sonho. — Digo, observando o carro se aproximar de uma estrada de terra. O GPS indica que estamos perto de uma caverna nos Alpes italianos.

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⏰ Última atualização: Oct 26 ⏰

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