sob os holofotes e entrelinhas

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De volta ao hotel, tudo estava em silêncio, mas minha mente não parava. A gravação do clipe ainda estava viva na memória, e a forma como Eminem havia me olhado, a intensidade daquele momento... tudo parecia um sonho. E então, suas palavras ecoavam na minha cabeça: "Me liga mais tarde." Não sabia ao certo o que esperar, mas meu coração disparava só de pensar na ideia.

Depois de hesitar por alguns minutos, tomei coragem e disquei o número. A ligação chamou duas vezes antes de ele atender.

— Achei que não ia ligar. — A voz dele veio suave, com um toque de diversão.

— Eu também pensei nisso. — Brinquei, tentando esconder o nervosismo.

— Como está se sentindo depois do dia de gravação? — Ele perguntou, e percebi uma leve preocupação na voz dele.

— Exausta, mas valeu a pena. E você? — Perguntei, me aconchegando na cama enquanto olhava para o teto.

— Foi incrível, S/N. Você trouxe uma energia nova para tudo isso. — Ele respondeu, deixando um silêncio confortável no ar. — Quer saber? Eu estava pensando... o que acha de nos encontrarmos pra falar sobre o lançamento?

— Agora? — Perguntei, surpresa, mas ao mesmo tempo animada.

— Sim, agora. O que acha? Só a gente. — Eminem sugeriu, e eu pude sentir algo diferente em sua voz, uma intensidade que ele tentava esconder.

Respirei fundo, com o coração acelerado.

— Me dá dez minutos. — Respondi, levantando-me de um salto e já indo procurar um casaco.

Ao desligar, me dei conta de que esse encontro poderia ser muito mais do que uma simples conversa de trabalho. E lá estava eu, prestes a descobrir.

Desci para o saguão do hotel e lá estava ele, encostado na parede, com as mãos nos bolsos da jaqueta. Quando me viu, esboçou aquele sorriso de canto que sempre conseguia me deixar nervosa, embora eu fingisse que não.

— Pronta para a "reunião"? — Ele disse, enfatizando a palavra com um toque de ironia.

— Super profissional, claro. — Respondi, rindo, enquanto ele me conduzia até o carro.

O destino era um restaurante discreto, bem longe do burburinho do centro da cidade. As luzes baixas e o ambiente aconchegante criavam uma atmosfera mais íntima do que eu esperava. Sentei-me na frente dele, tentando controlar o sorriso nervoso que teimava em aparecer.

Depois de fazermos os pedidos, conversamos sobre o videoclipe, a música, e ele compartilhou algumas histórias antigas dos bastidores de suas turnês. Era fascinante ouvi-lo falar sobre suas experiências e desafios, e ele parecia relaxado, diferente da imagem durona que mostrava em público.

— E agora você está aqui, fazendo tudo parecer... mais leve. — Ele disse de repente, desviando o olhar para o copo d'água. Aquelas palavras me pegaram desprevenida, e por um momento, só o silêncio preenchia o espaço entre nós.

— Acho que você também tem esse efeito sobre as pessoas. — Respondi, tentando manter o tom casual, mas sentindo meu rosto esquentar. — Quero dizer, você tem uma maneira de fazer as coisas parecerem... intensas.

Ele riu, aquele riso baixo e rouco que sempre me encantava.

— Intenso? Acho que é a primeira vez que alguém me descreve assim fora do palco. — Ele inclinou-se um pouco para frente, me olhando de uma forma que parecia enxergar além das minhas palavras. — Então... me diz, o que realmente achou de gravar essa música comigo?

Engoli em seco, sentindo o peso da pergunta. Ele parecia querer mais do que uma resposta sobre a música, como se estivesse testando o terreno, explorando o que eu sentia.

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