POV GERSON
Rio de Janeiro, Brasil– Isso você vai ter que descobrir, Gerson. - piscou pra mim, virando as costas para sair do banheiro.
Mas antes que ela desse mais dois passos, segurei seu pulso, impedindo-a de sair.
– Anahí - disse em um tom mais sério, que a fez virar para me olhar novamente. – Eu não estou brincando.
Eu a encarei, observando a intensidade em seus olhos. Ela me fitava com uma concentração que quase me tirou o fôlego. As provocações, o flerte, tudo parecia ter evaporado no ar, deixando algo mais pesado entre nós.
– E por acaso, eu estou? - perguntou, me lançando um último olhar antes de se virar e sair de vez do banheiro.
Fiquei ali, imóvel por alguns segundos, tentando processar o que acabara de acontecer. Precisava me recompor antes de voltar para o camarote, mas as palavras dela e aquele olhar carregado ainda estavam gravados na minha mente.
Respirei fundo, dei uma ajeitada na camisa e saí, tentando parecer o mais tranquilo possível.
– Onde você tava? Você e o Gabriel sumiram - a voz desconfiada do Rodinei cortou o ar, e de repente todos estavam me olhando.
Ótimo, isso era tudo que eu queria evitar. Rolei os olhos mentalmente e virei para encará-los com meu melhor sorriso de "não fiz nada demais".
– Foram fechar 4 é par não, né? - perguntou Reinier, aquele fofoqueiro de plantão que sempre surge nessas horas.
Lancei um olhar irritado para ele. Quem é que convidou esse cara mesmo?
– Só fui ao banheiro, mano - me defendi, tentando parecer casual. – O Gabriel eu não vejo desde que aquela morena chegou, deve ter ido embora.
Banheiro? Tecnicamente, eu não menti. Só omiti o que aconteceu lá dentro.
Rodinei riu, meio desconfiado, e voltou a beber, mas eu percebia alguns olhares ainda fixos em mim.
A verdade é que, enquanto eles riam e continuavam a festa, minha cabeça ainda estava presa naquele momento no banheiro, no jeito como ela olhou para mim.
POV ANAHÍ
Rio de Janeiro, Brasil⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️
Saí do banheiro com aquele mix de sentimentos me rondando, tentando processar o que aconteceu ali dentro com o Gerson. Ele era... diferente. Direto, mas não de um jeito invasivo. Confiante, sem parecer metido. Tá, talvez um pouquinho convencido, mas quem não gosta de um desafio de vez em quando?
Andei em direção ao camarote em que estava, enquanto via o Gerson minutos depois passando reto em direção ao camarote em que estava com os amigos, como se nada tivesse acontecido. E eu fiquei ali, sozinha, com a cabeça meio bagunçada.
Não fazia idéia aonde estava a Dhiovanna ou o Ariel, então respirei fundo e fui até o bar. Tequila. É disso que eu precisava. Peguei dois shots e saí dali, indo até lá fora. Precisava de um pouco de ar.
Assim que saí da balada, a batida da música ficou um pouco mais distante, mas a energia vibrante ainda me acompanhava. O ar fresco da noite me envolveu, e eu me espreguicei, sentindo o vento bagunçar meus cabelos. O cenário era lindo: as luzes da cidade piscavam ao fundo, criando uma sensação de paz.
Enquanto apreciava a vista, ouvindo os risos e gritos que vinham de dentro, Gerson apareceu como um furacão. Com um sorriso largo no rosto, ele segurava dois copos e uma garrafa de tequila.
– Olha quem trouxe a festa - eu exclamei, dando uma risadinha ao ver os copos. – Você realmente acha que vamos tomar toda essa tequila?
– Por que não? - ele respondeu, com aquele olhar provocador. – Um brinde à liberdade e à vista!
Eu ri, e não pude deixar de notar como ele se movia, como se estivesse sempre no ritmo de alguma música invisível. Ele serviu os copos, e eu peguei o meu com um sorriso brincalhão.
– Que tal um jogo? - Gerson sugeriu, seus olhos brilhando com a ideia.
– Um jogo? Que tipo de jogo? - perguntei, interessada, mas também um pouco desconfiada.
– Responde ou bebe. Se você não quiser responder, você bebe, e se eu não quiser responder, eu bebo - ele explicou, com um sorriso travesso. – E se ninguém responder nenhuma das perguntas, vai ter que tomar um shot extra
– Cara, isso vai acabar mal para nóis - eu ri, já imaginando as consequências. – Mas, ok, vamos lá... Quem começa?
Gerson levantou seu copo, olhando para mim com um sorriso desafiador.
– Eu vou começar. Anahí, qual foi a maior loucura que você já fez?
Pensei por um momento, uma risada nervosa escapando dos meus lábios.
– A maior loucura que eu já fiz? Hmmm, fácil... Sair sozinha de um aeroporto no Rio de Janeiro, parar com o carro quebrado em uma rua de aparência duvidosa e confiar em um cara que parece o Gelado dos Incríveis.
– Ei, não se esqueça de que esse "cara" te salvou, viu? Vai... sua vez - Gerson soltou uma risada, balançando a cabeça.
– Tudo bem, eu vou deixar você se gabar por me salvar. Minha vez... se você não fosse jogador de futebol, o que você seria?
– Mulher de jogador - Gerson respondeu com tanta espontaneidade que não consegui conter a risada.
Comecei a gargalhar a ponto de chorar, o jeito como ele é espontâneo me deixa leve, e a química entre nós parecia crescer a cada momento.
– E se não der certo? - perguntei, ainda rindo. – Você vai ter que arranjar outro plano.
– Ué, então eu posso continuar sendo o jogador e você minha mulher... - ele respondeu com um sorriso travesso, piscando um olho para mim.
A frase dele ficou ecoando na minha mente, e um frio na barriga misturado com uma sensação de alegria tomou conta de mim. O jeito como ele piscou o olho fez meu coração disparar, e eu me perguntei se ele realmente pensava nisso ou se era apenas uma brincadeira, ou se era a bebida no sangue.
– Sua vez - eu disse, tentando mudar de assunto e aliviar a tensão.
– Se você pudesse pegar alguém do Flamengo, além de mim, quem seria? - ele perguntou, um sorriso provocador no rosto.
A pergunta me pegou de surpresa. Era comprometedora demais, e eu sabia que não conseguiria responder. Então, levantei o copo e tomei um gole generoso de tequila, sentindo a queimadura agradável descer pela garganta.
– Última pergunta... - eu disse, rápido, não dando espaço para que ele tivesse a chance de responder. – Se você pudesse me descrever em três palavras, quais seriam?
Ele me olhou intensamente, como se estivesse analisando cada aspecto meu.
– Talento, ousadia e... - fez uma pausa dramática, a tensão no ar era palpável. – Sorriso! Você tem um sorriso incrível.
Senti um calor subir ao meu rosto.
– Aww, você é um fofo! - disse, rindo. – Agora, vamos beber um último shot.
E enquanto a noite avançava, nos perdemos entre conversas e risadas, descobrindo um pouco mais sobre nós e, ao mesmo tempo, percebendo a puta química que tínhamos, além do quanto desejávamos um ao outro.
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Mexican Girl - Gerson Santos
FanfictionÀs vezes, os melhores momentos surgem dos piores imprevistos.