POV ANAHÍ
Rio de Janeiro, Brasil
dia seguinte⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️
No fim das contas, decisões impulsivas realmente parecem outra coisa no dia seguinte. Ou melhor: elas parecem piores. Elas parecem bem piores.
Depois que o Gerson apareceu na área externa da balada com uma garrafa de tequila, propondo um joguinho onde a gente tinha que beber, tudo começou a desandar.
Lembro que tomamos o último shot para finalizar o joguinho, mas ainda sobrou tequila na garrafa. E óbvio que não íamos desperdiçar, né? Eu, sendo uma verdadeira mexicana raiz, não ia cometer um pecado desses. Então, continuamos bebendo até secar a garrafa.
E daí? Foi só pra trás.
Acordei na casa dele, confusa, sem roupa, com o celular sem bateria, e ele simplesmente apagado ao meu lado.
Enquanto observava o Gerson dormindo, não consegui evitar um sorriso. A noite que tivemos foi mágica, nosso beijo se encaixou perfeitamente, e a química entre nossos corpos me deixou nas nuvens. Foi tudo tão bom e prazeroso, e me perguntei se ele também havia sentido aquilo.
Meu coração pulou ao pensar na possibilidade de repetir tudo de novo. Seria incrível se ele também quisesse. Eu poderia me acostumar com isso, com ele, e com mais noites como essa. A dúvida era se eu teria coragem de perguntar isso a ele, ou se ficaria aqui sonhando acordada.
Emocionada? Sim. Com certeza.
Depois de alguns minutos de silêncio e reflexão, Gerson começou a se mexer e abriu os olhos lentamente. Ele piscou algumas vezes, talvez tentando entender onde estava, assim como eu havia feito.
– Bom dia... - ele murmurou, com a voz rouca e um sorriso preguiçoso, enquanto seus olhos percorriam o quarto.
Eu não sabia exatamente o que dizer, então apenas dei um sorriso nervoso e comecei a procurar minha roupa no chão, tentando lembrar onde cada peça estava.
– Sobre ontem... - ele começou, ainda meio sonolento. – Espero que você não esteja arrependida. A gente... foi longe, né?
Fiquei em silêncio por um momento, tentando processar tudo. Lembranças da noite anterior começaram a surgir na minha mente, uma mistura de diversão, desejo, tesão e um pouco de descontrole.
– Foi... uma noite e tanto... - respondi, tentando manter o tom leve, mas sentindo a tensão crescer dentro de mim.
Ele riu, balançando a cabeça, claramente aliviado por eu não ter entrado em pânico, mas ainda havia uma expressão de incerteza nos olhos dele.
– A gente se empolgou um pouco. Quer dizer, muito - ele admitiu, se sentando e esfregando a mão no rosto. – Mas também... foi bom, né?
Pensei por um segundo, sentindo vergonha. Havia algo ali, algo que eu não conseguia definir. Uma tensão que não era só da ressaca ou da confusão da manhã.
– Talvez o próximo passo seja... menos tequila da próxima vez, né? - eu disse, tentando quebrar o gelo.
Ele sorriu e se espreguiçou, revelando os músculos definidos.
– E se eu quisesse repetir o jogo mais tarde? Você toparia?
Fiquei em silêncio por um momento, imaginando o que significava repetir o jogo.
– Bom, depende... - eu disse, tentando ser enigmática. – Você tem mais tequila? - ele riu, a luz do sol iluminando seu rosto.
– Não sei, mas posso garantir que a próxima rodada vai ser ainda melhor. - ele disse, piscando o olho.
Olhei para ele, com um sorriso no rosto, me perguntando até onde aquela brincadeira iria.
Ele se levantou da cama e estendeu a mão para mim, com um sorriso suave e um olhar tranquilo, mas carregado de uma tensão que ambos sentíamos. Ele me levou até o banheiro, onde ajustou a água do chuveiro, testando a temperatura antes de me convidar pra entrar. O jeito dele era respeitoso, cuidadoso, e isso me pegou de surpresa, como se ele quisesse deixar claro que não tinha pressa.
– Pode ir primeiro, tá? Eu vou buscar uma toalha - ele disse, com um olhar que transmitia uma intimidade boa, quase como se confiasse em mim.
Enquanto a água quente caía sobre mim, deixei que o calor não só derretesse a ressaca, mas também a tensão que ainda estava no ar. Sentir aquele vapor, a água escorrendo, me fez acordar um pouco, mesmo com a confusão na cabeça. O Gerson entrou do meu lado e, num gesto inesperado, me puxou suavemente para mais perto dele.
A sensação do corpo dele contra o meu, misturada com a água quente, era tudo o que eu precisava para aliviar a tensão do momento. Ele sorriu, aquele sorriso de quem acaba com a sua vida e te garante meses de terapia, e começou a lavar o cabelo. Eu o observei, maravilhada com a beleza desse homem.
– Você tem ideia de como é estranho tomar banho assim? - brinquei, tentando esconder o nervosismo que começava a surgir.
– Estranho? - ele repetiu, rindo. – Eu diria que é gostoso. Uma forma de começar bem o dia, do jeito certo.
Ele se aproximou de mim e, num movimento suave, começou a ensaboar meus braços, seus dedos deslizando pela minha pele. Aquele toque simples me fez sentir um calor que não tinha nada a ver com a água. Era um momento tão íntimo que parecia que o tempo havia parado ao nosso redor.
– Olha, se você continuar assim, vai me deixar com mais tesão do que já estou - falei, tentando manter o tom leve, mas a verdade é que a química entre nós estava inegável.
– Essa é a intenção - ele respondeu, com uma expressão maliciosa. – Se não te deixo assim, não sou eu.
Continuamos o banho trocando carícias, com algumas mãos bobas. Assim que terminamos, saímos do box e ele me entregou uma toalha. Enquanto eu vestia minha roupa, ele me observava, e eu percebi que aquela noite havia mudado algo entre nós.
Depois de nos trocarmos, descemos para a cozinha, onde o café já estava servido na mesa. Gerson puxou uma cadeira para mim, e eu não pude deixar de sorrir com aquele gesto atencioso. Ele se sentou à minha frente, e, enquanto nos acomodávamos, nossos olhares se cruzaram, trocando sorrisos bobos que diziam mais do que palavras.
– Obrigada por isso! - respondi, sorrindo e tentando absorver o quanto ele estava sendo cuidadoso comigo.
O que deveria ter sido apenas uma noite acabou se transformando em algo diferente, algo que, estranhamente, parecia mais significativo.
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Mexican Girl - Gerson Santos
FanfictionÀs vezes, os melhores momentos surgem dos piores imprevistos.