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POV GERSON Rio de Janeiro, Brasil

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POV GERSON
Rio de Janeiro, Brasil

– Tá bom então.

Ela abre uma frestinha da janela, e consigo passsr o celular. Nossos dedos se tocam e meu corpo todo reage, não sei porquê. Ela pega o celular e fecha a janela de novo antes que eu tenha a chance de enfiar uma lança por ali para emapalá–lá.

Ironia.

Ela observa o celular com cautela antes de levá-lo ao ouvido.

– Alô?

Percebo que Isabel tomou logo a dianteira, porque a mulher arregala os olhos e escuta com atenção. Cinco minutos depois, apoiado no capô do carro de braços cruzados, sinto as gotas de suor caindo pelas minhas costas enquanto aguardo a espertinha parar de rir do que Isabel está falando.

– Não acredito que ele fez isso! - diz ela, quase berrando, e agora sei que é hora de pegar o telefone de volta.

Vou até a porta e bato no vidro.

– Acabou o tempo. Vai sair ou não?

Ela levanta um dedo para que eu espere e fala para Isabel:

– Aham... aham... ok. É, foi ótimo falar com você também!

Preciso dar alguns passos para trás quando a mulher, olha só que surpresa, abre a porta do carro, sai e me entrega o telefone.

De pé, ela bate na altura do meu queixo. Não quero admitir, mas ela é bonita e elegante. Ela está toda de preto, com uma calça que não é jeans, um body tomara que caia e um blazer preto por cima.

Essa mulher deveria sei lá, estar em um estúdio tirando fotos em preto e branco, e não aqui perdida no meio da rua. Ela vai desaparecer em um instante, então não vale a pena ficar admirando.

Ela me encara, mas seu olhar fica indo e voltando até o meu carro.

– Sua amiga, a sra. Isabel, falou maravilhas a seu respeito, Gerson Santos.

Ela fala com uma entonação ácida, aproveitando o fato de saber o meu nome e eu não saber o dela.

– Que bom, fico feliz - minha voz é seca como o deserto. Cruzo os braços. – E você é...?

Qualquer que fosse a sensação boa que ela estava começando a sentir desaparece, e ela da um passo para trás, voltando para a máquina mortal que se tornou esse seu carro.

– Por que você quer saber o meu nome?

– Para poder cobrar por ter ficado aqui com você, correndo perigo de assalto e de vida ainda.

Minha intenção não foi fazer fazer com que isso pareça uma piada amigável, mas acho que é assim que ela interpreta. Já que ela sorri e relaxa novamente.

– Vamos combinar o seguinte - diz ela, com um sorriso simpático que eu não retribuo. – Posso deixar um envelope com dinheiro para você amanhã de manhã. - um silêncio constrangedor de instala depois do comentário e ela finalmente entende o que acabou de dizer. – Meu Deus! Não. Eu não quis dizer... Não acho que você é... um garoto de programa. Não que você não pudesse ser garoto se programa.

Puta que me pariu, ela só está piorando a situação. É sério isso? É sério que ela não sabe quem eu sou? Que eu sou jogador de futebol? Sério que ela acha que eu sou a porra de um GAROTO DE PROGRAMA?

Fala sério, brincadeira. Sacanagem uma coisa dessas.

– Melhor você parar por aí - levanto a mão.

– Concordo - fala baixinho, olhando para o chão enquanto passa os dedos pelas têmporas.

Quem é essa mulher? Por que ela está digirindo por essa cidade no meio da noite? E sozinha? Ela é toda desconfiada, assustada. Fala sem parar e parece estar fugindo de alguma coisa.

– Você pode ir para a minha casa e ficar no quarto de hóspedes hoje, se quiser. A porta tem tranca, então você vai se sentir segura enquanto dorme... A não ser que tenha alguém para quem possa ligar para te buscar ainda hoje.

– Tenho - responde ela, rápido.

Meu cérebro ainda está tentando reconhecer alguma coisa nesse rosto, mas não sei exatamente o quê.

– Eu... - ela hesita como se estivesse procurando as palavras certas. – Eu estava indo para um hotel nas redondezas, encontrar com o meu assessor. Você pode me ajudar?

– Claro - respondo com um dar de ombros que demonstra que não me importo com os planos dela.

– Então tudo bem. É... esse endereço aqui.

Ela me mostra um endereço, e eu reconheço o lugar, é o hotel mais famoso do Rio de Janeiro, Copacabana Palace. Não é tão perto, mas também não é tão longe. É o hotel onde geralmente muitos famosos e celebridades se hospedam.

Ajudo ela a tirar todos os seus pertences e malas do carro e as levo até o meu, abrindo a porta logo em seguida para que entre. Quando ela passa por mim, sou envolvido pelo seu cheiro doce e suave.

Bonita, e cheirosa.

Entro no carro, e meus olhos se desviam do painel para os cabelos loiros em seu pescoço, levemente suados. E como se conseguisse sentir o meu olhar, ela se vira por completo.

Crava os olhos nos meus, e meu estômago se agita.

Agora faz sentido ela não ter me dito o próprio nome. E também por ter relutado tanto para sair do carro. E entendo por que parece estar em alerta e na defensiva o tempo todo.

Sei exatamente quem a espertinha é, e nenhuma oração que a Isabel esteja fazendo nesse momento vai funcionar, porque não existe nenhuma chance de eu me deixar envolver com essa mulher.

Ou tem? Talvez tenha.

– Você é a Anahí. Estrela internacional e filha do Abel Ferreira.

– Touché.

Mexican Girl - Gerson SantosOnde histórias criam vida. Descubra agora