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POV ANAHÍ Rio de Janeiro, Brasil
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Quando o jogo começou, as duas equipes estavam com tudo, criando várias chances, mas parecia que ninguém conseguia acertar aquele último passe ou finalizar direito. A torcida já estava começando a ficar impaciente, e o primeiro tempo terminou no famoso 0 a 0. Aproveitamos o intervalo para beliscar alguma coisa, comi um salgadinho, um mini hambúrguer e um cachorro-quente enquanto ouvia o pessoal ao redor tentando adivinhar quem ia sair vitorioso.
No segundo tempo, o clima mudou. O Fluminense abriu o placar e, antes que a gente pudesse respirar, fez o segundo gol. A galera do Flamengo ficou em silêncio, todo mundo com cara de quem já tinha aceitado a derrota. Mas aí, do nada, Gabigol marcou um gol e reacendeu as esperanças. O estádio pegou fogo, e quando o Gerson empatou aos 88 minutos, parecia que o Maracanã ia explodir. Final: 2 a 2 com muita emoção.
No fim, enquanto a maioria começava a sair, os jogadores começaram a aparecer perto de onde estávamos.
Eles subiam pra cumprimentar as esposas, irmãs e namoradas que estavam ali, todos cheios de cansaço, mas com aquela energia de quem acabou de sair de um jogo intenso. Eu, como sempre, observava tudo de longe, tentando não parecer ansiosa. Minha cabeça, no entanto, estava uma bagunça. Será que o Gerson ia vir falar comigo ou com a Ana? Ele sabia que ela estava aqui? E se ele... ah, não, melhor nem pensar nisso.
Quando ele entrou no camarote, foi impossível não reparar no momento exato em que ele percebeu a presença dela. O olhar de Gerson ficou meio perdido, indo de mim pra Ana, de Ana pra mim. Ele parecia desconfortável, como se não soubesse o que fazer ou pra onde ir. Senti o estômago apertar, mas disfarcei, fingindo que estava mexendo no celular. E então, como quem toma coragem, ele veio até mim. Meu coração deu um salto.
– Oi. Gostou do jogo? - ele falou meio baixo, parecendo tímido. Era engraçado vê-lo assim depois de ter acabado de incendiar o Maracanã.
– Gostei, claro! Foi emocionante. - sorri, tentando aliviar o clima. – Da mesma forma que você fez história hoje, amanhã vai ser o meu dia de fazer também.
Ele franziu a testa por um segundo, mas logo entendeu e abriu aquele sorriso de quem sabia o que estava por vir.
– Ah, é verdade, o show - ele se animou. – Ouvi dizer que vai ser gigante. - ele fez uma pausa e apontou na direção do estádio. – A dona daquele palco montado ali que cortou metade da nação... Só se fala disso, sabia?
Eu ri, sentindo o rosto esquentar. Ele tinha esse jeito de deixar qualquer elogio meio descontraído, mas ainda assim especial.
– Vai ser - confirmei, sentindo meu próprio entusiasmo crescer. – Inclusive, você quer ir no show amanhã? - ele parou por um segundo, mas logo respondeu.
– Claro que eu quero... se você aceitar jantar comigo depois. - eu ri.
Não deu pra segurar. Era tão típico dele tentar dar a volta assim.
– Tá querendo negociar ingresso, Gerson? - brinquei, cruzando os braços. – Cuidado, hein, tem fila de gente querendo ir.
– Mas nenhum deles empatou um jogo no último minuto hoje, né? - ele rebateu, todo convencido, mas com aquele brilho de humor no olhar.
– Ok, você ganhou - respondi, ainda rindo. – Um ingresso pro show e talvez... talvez o jantar depois. Vou pensar.
– "Talvez" já tá bom pra mim - ele respondeu, dando uma piscadinha.
Antes que ele pudesse continuar, Ana apareceu, interrompendo nossa conversa com aquele timing perfeito que só quem quer causar desconforto tem.
– Gersonzinho! - ela disse, abrindo um sorriso exagerado enquanto colocava a mão no braço dele. – Eu tava te procurando! Que jogo, hein? Você brilhou! Senti até saudade, sabia? Quando é que a gente vai sair de novo?
Meu sorriso congelou no rosto. Gerson parecia tão desconfortável quanto eu me sentia, e pela expressão dele, eu sabia que não estava sozinho naquilo.
– Ah, oi, Ana... - ele respondeu, visivelmente sem jeito. E ela continuou, ignorando completamente minha presença.
– Mas sabe, o importante é que agora a gente tá aqui. Você tem que me contar como foi marcar aquele gol! Quer saber? Por que a gente não combina de ir jantar amanhã pra você me contar tudo com calma?
Meu sangue ferveu. Não sei se era o jeito dela de ignorar completamente o fato de que eu estava ali ou o tom casual que ela usava, como se nada fosse. De qualquer forma, Gerson pareceu perceber a tensão no ar, porque ele deu um passo meio incerto para o lado e olhou de mim para Ana, visivelmente desconfortável.
– Na verdade, amanhã... - ele começou, mas eu decidi me adiantar antes que a conversa tomasse um rumo que eu não queria.
– Amanhã ele já tem compromisso, Ana - falei, com um sorriso doce, mas carregado de intenção. – Vai no meu show, lembra, Gerson? E depois... bom, a gente vê.
Gerson deu um sorriso aliviado, como se eu tivesse salvado a pele dele. Ana, por outro lado, parecia prestes a rebater, mas Dhiovanna apareceu antes que ela pudesse dizer qualquer coisa.
– Você vai no show da Annie? Que chique! Posso ir também? - ela piscou pra mim, claramente brincando, mas o comentário tirou a Ana do centro das atenções, o que foi suficiente pra aliviar um pouco o clima.
– Só se eu conseguir mais um ingresso... - respondi, rindo, tentando entrar na brincadeira, enquanto Ana olhava para o lado, visivelmente incomodada.
Gerson aproveitou o momento pra encerrar a conversa e se virar pra mim novamente, com um sorriso que parecia até um pedido de desculpas silencioso.
– Bom, então a gente se vê amanhã no show, né? - ele disse, me olhando diretamente, como se estivesse reafirmando o compromisso.
– Com certeza - respondi, sentindo um calor subir pelo rosto. – E sobre o jantar... talvez eu até já tenha decidido.
Ele riu, acenou e se afastou antes que qualquer outra interrupção pudesse acontecer. Eu, por outro lado, fiquei parada, sentindo os olhares de Ana e Dhiovanna nas minhas costas.
Suspirei, tentando disfarçar a confusão que aquela situação toda tinha causado. Gerson podia ser um cara incrível, mas ele também sabia como mexer com a minha cabeça de um jeito que ninguém mais conseguia.