Capítulo 14: Cobra Grande

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A noite caía escura e densa sobre Águas claras, estava uma noite tranquila e serena, apenas os grilos estavam cantando. Eu estava com Katrina e Isadora ao meu lado e na nossa frente, o boitatá. A serpente de fogo rastejava pelo chão, iluminando o ambiente com chamas azuladas e faiscantes que dançavam ao redor de seu corpo. Sabíamos que ela era um espírito guardião das matas, mas também conhecíamos o risco: se estivesse enfurecida, poderia causar estragos e devorar nossas almas. O resto do grupo estavam atrás de nós, com lanças para qualquer caso de emergência.

—Vamos acabar com isso— Ela disse em voz baixa, ao seu redor o ambiente já começava a mudar para rajadas de vento controladas.

—Ela é estupidamente grande, como é possível uma criatura ser deste tamanho?— Isadora pergunta assustada com a criatura a nossa frente, prestes a atacar.

—Não sei, só sei que temos que matá-la agora ou tudo estará perdido.— Susurro respirando fundo e avancei com cautela, usando minha telecinese para manter um escudo entre nós e a criatura.

O boitatá ergueu sua cabeça serpenteante, observando-nos com olhos de fogo, como se quisesse ler nossas intenções. A serpente soltou um chiado ameaçador, e senti seu calor pulsando ainda mais forte, enquanto o ambiente ao nosso redor parecia derreter. Katrina levantou uma corrente de vento gelado que rodeou o boitatá, enfraquecendo a intensidade de suas chamas. A criatura se contorceu, mas o olhar dela parecia menos agressivo a cada tentativa.

—Não esqueçam do plano, Zanaina usa a sua telecinese para impulsionar a lança enquanto Katrina distrai ela.— Kayke diz em tom alto no meio do caos, e eu me concentro para entender perfeitamente as suas instruções.

Gerei um plasma branco, criando uma barreira ao redor do boitatá, katrina intensificou a corrente de vento fazendo a serpente rodopiar várias vezes. Uma das suas chamas vôo na direção do meu braço e eu imediatamente senti a queimadura de terceiro grau, vacilei no plasma e ele se desfez.

—Zanaina, você está bem?— Ouço Thierry gritando em minha direção, seus olhos ainda estavam concentrados na criatura que tentava queimar todos. Coloco a mão na minha queimadura e ela ardia como o inferno.

—Estou, mas está queimando.— Resmungo e tento me concentrar novamente no boitatá, a mesma usou a sua calda para jogar Katrina para o outro lado, o vento cessou rapidamente quando a garota se chocou contra uma árvore.

Agora a cobra estava cem por cento livre de qualquer manipulação que fizéssemos, sem perder tempo ela serpenteia furiosamente até nós, canalizo toda a minha magia e paraliso seus movimentos, mas não iria conseguir ficar assim por muito tempo, esse poder requer muito do meu esforço mental dependendo do peso do objeto ou pessoa, e a cobra naquela ocasião era extremamente grande e pesada.

—Vai logo Thierry, ela não vai aguentar por muito tempo.— Axel grita em algum canto da floresta, meus olhos começaram a vacilar lentamente, eu iria apagar.

—Zana, agora!— Escuto o sinal de Kayke e vejo Thierry jogar uma lança pontuda em direção a criatura, solto-a dos meus poderes e sem esperar a sua reação, eu uso o resto de força que eu poderia ter e impulso a lança para mais forte e mais rápida no peito da serpente.

Com um grito ensurdecedor e estridente, boitatá estava diminuindo gradativamente, as chamas que perigosamente nos queimavam, estava se apagando. Até virar uma cobra comum, atravessada em uma lança.

—Caramba essa foi por pouco.— Isadora corre em minha direção ofegante, Katrina passou a língua sobre o canto da boca ferido, limpando logo depois com os dedos.

—Essa deu trabalho, confesso que não daria conta se não tivesse a Zanaina me ajudando.— Ela comenta com uma careta de dor, sinto mãos possessivas apertar meu braço.

As Sombras da Mata- OS VITURINOS [LIVRO 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora