As Sombras da Mata- OS VITURINOS [LIVRO 1]

Capítulo 13: Homem de Isca

O único som é o murmúrio do rio e o barulho leve dos remos tocando a água. Estou na frente da canoa, com Thierry ao meu lado e Isadora logo atrás, sempre de olho no que há ao redor. Axel e Kayke estão mais atrás, e Katrina meio receosa, olha para o escuro rio com um leve arrepio.

Seguimos devagar, apenas a luz da lua iluminando o caminho até Águas Claras quando o som da floresta parece cessar, e então ouvimos algo novo. É uma melodia suave, misteriosa, e algo em mim fica alerta. Trocamos olhares rápidos, e noto Axel inclinar a cabeça como se estivesse capturado pela música.

—Merda, é tarde demais... Ela está aqui.— Katrina sussurra temerosa, movendo-se no barco rapidamente.

—Protejam os ouvidos e não olhem para ela, é muito fácil cair nos encantos dela.— Kayke diz rapidamente, ele olhava para frente enquanto ele e Thierry remavam em velocidade rápida.

De repente, ela aparece da escuridão do rio, era uma mulher indígena de beleza hipnotizante, com cabelos longos e negros, olhos brilhantes e corpo esculpido. Iara nada em nossa direção, movendo-se como uma sombra sedutora e perigosa, Axel parece ser o primeiro a cair sob seu encanto, os olhos dele se tornam vidrados, e eu vejo que ele começa a inclinar o corpo para fora da canoa.

—Axel! Acorda!— Isadora tenta sacudi-lo, mas a Iara apenas sorri, maliciosa, e a água ao redor da canoa começa a ondular.

Ela canta e seus braços parecem querer agarrar Axel, puxando-o para o fundo. Katrina começa a criar redemoinhos aquáticos e mexer a água com força como se quisesse espantar a criatura, mas isso só a deixa mais determinada. A canoa começa a balançar, a sensação de perigo cresce, e o pânico toma conta de nós.

Isadora grita agarrando-se firme a borda da canoa, kayke e Thierry parecem tentar nos manter equilibrados com o remo, mas todos estão nervosos demais para pensar direito. Katrina murmura tentando controlar os redemoinhos, sozinha eu empurro Axel para o fundo da canoa fazendo-o perder o contato visual com a Iara, a canoa balança prestes a virar, mas conseguimos manter o equilíbrio por muita sorte.

—Não tem homem para você aqui piranha.— Katrina esbraveja raivosa, a Iara recua irritada, soltando um grito que ecoa pela noite. Em silêncio absoluto, remamos com toda a nossa força até a margem, onde finalmente conseguimos sair da água antes que algo pior aconteça.

Exaustos, nos jogamos no chão, ainda sentindo o som daquela canção ecoando na minha cabeça, foi por muito mas muito pouco.

—O que eu disse? Não olhe e tampe os ouvidos.— Kayke é o primeiro a se levantar e caminhar de volta a tenda.

—Eu não tive controle, me desculpe.— Axel responde tão baixo que eu quase não consegui escutar, ele estava se sentindo culpado. —Amor, desculpa por...

—Está tudo bem, é da iara que estamos falando, faz parte.— Isadora solta um suspiro cansado pela adrenalina agora pouco.

—Temos que agir rapidamente, vamos fazer homem de isca e agirmos sozinhas.— Katrina diz com determinação e se junta a Kayke dentro da tenda.

—Vamos descansar e amanhã veremos isso melhor.— Thierry me oferece a mão e eu o seguro firmemente para me manter de pé. Todos entramos na tenda e a regra era clara: sem sair para fora e nem para perto do rio, a Iara ainda estaria ali e a pior de todas elas, a cobra grande.

Nos preparamos para dormir e mandei um MSN para a minha dizendo que estava tudo bem, por mais que a rede não esteja pegando naquela região. Me encolho na rede olhando a porta com um certo medo.

—Está tudo bem?— Thierry cochicha me observando, compartilhamos a mesma rede e eu jurava que toda vez iria cair com o seu tamanho.

—Sim, só estou pensando.— Suspiro, olho para seu rosto de volta. —Como você achou o Axel e a Isadora?