As Sombras da Mata- OS VITURINOS [LIVRO 1]

Capítulo 20: Bem-vindo ao Nordeste

26 de janeiro, de 2001
Imperial, Rio de janeiro

Novamente estávamos nos preparando para mais uma grande viagem, dessa vez iremos para o nordeste, mais especificamente Salvador, na Bahia. Isadora nos colocou na primeira classe outra vez e eu não sabia como ela conseguia fazer isso com tanta facilidade, seus pais não desconfiavam do porque ela pegava tanto dinheiro?

—Eu fico imaginando, como iremos andar pelo sul se todos os parentes da Isadora estão aqui?— Axel pergunta enquanto já estávamos dentro do avião, embarcando para a Bahia.

—Nem todos estão idiota, tenho avós e tios lá.— Ela revira os olhos colocando seu fone de ouvido.

—Eu vou me entupir de acarajé quando chegar na cidade do Axel.— Katrina fala virando para trás, ela estava no banco da frente como da última vez que viajamos.

—Eu quero ver capoeira, você vai mostrar para a gente?— Pergunto animada me virando para trás também, Axel relaxa na cadeira.

—Se tivermos tempo, eu quero mostrar muitas coisas que vocês vão gostar.— Ele sorri genuinamente.

—É uma pena que o carnaval ainda não tenha chegado, seria muito legal festejar pelas ruas de Salvador.— Isadora choraminga e eu concordo, esse lugar era considerado o maior carnaval do Brasil.

—Salvador não precisa chegar fevereiro para festejar, vocês vão ver.

Me ajeito novamente na cadeira do avião, observo Thierry novamente concentrado em seu livro de direito, ele fica tão bonito concentrado.

—Para de me olhar assim, eu vou me desconcentrar.— Ele desvia o seu olhar do livro para observar meu rosto.

—Desculpa, então eu vou parar de olhar.— Viro meu rosto para o outro lado apenas por drama, sua mão grande e forte não demorou para me puxar de volta.

—Eu estou brincando, ter sua atenção voltada para mim era tudo que eu queria esse tempo todo.— Ele rouba um selinho demorado e acaricia meu rosto com delicadeza.

—Isso é traição, você sabia? Você não é o Thauan, quer dizer que eu beijei dois indígenas.— Thierry me olha estranho e eu precisei me segurar para não soltar uma risada.

—Não é não, eu sou ele só que em outra época.— Ele cruza os braços claramente estressado com a minha linha de raciocínio. —Ótimo, agora eu estou com ciúmes do indígena analfabeto que veio primeiro que eu.

—Não fala assim dele, ele aprendeu a falar muito melhor depois e se não fosse por ele existindo primeiro, você não iria existir também.— Defendo o Thierry do passado fazendo o Thierry do presente bufar. —Não importa se é Thierry ou Thauan, eu acho os dois gostosos.

Arranquei um sorriso divertido de seus lábios, formando as duas covinhas em cada lado da sua bochecha, eu não fazia ideia do quanto eu poderia querer uma pessoa ao meu lado eternamente com tanta intensidade. Mas é um fato, faria tudo para ter ele ao meu lado em todas as reencarnações.

• • •

Chegamos em salvador de tarde já que eram apenas duas horas de vôo do rio até aqui, os pais de Axel estavam esperando a nossa chegada no aeroporto e nos cumprimentou calorosamente.