Capítulo 6: Saci Pererê

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Olhava tudo ao redor e não conseguia reconhecer o lugar, mas parecia um tempo bem antigo. Sinto folhas secas no meu pé descalço e só então começo a reparar na minha vestimenta.

Eu estava descalça e com um pouco de ferimento nas pernas, um vestido branco e um pentagrama no pescoço, meu cabelo estava cacheado e o vento o trazia para o meu rosto, eram vermelhos como fogo.

A inquietação das pessoas me assustavam, todas me olhavam com desgosto mas não abriam a boca para dizer uma sequer palavra, quando o homem ao meu lado com roupas estranhas acendeu uma enorme labareda e jogou nos meus pés, eu senti o calor, a dor, e a queimação. Tentei gritar, mas não consegui.

Acordo do meu tormento e desse pesadelo terrível, eu ainda estava no quarto de Thierry e finalmente já tinha amanhecido, o sol fresco da manhã batia na janela. Limpo as gotículas de suor que começavam a se acumular na minha testa pela agonia do meu sonho, ainda sentia meus pés iniciando e com ardência, foi uma sensação horrível mas ainda bem que era apenas um pesadelo qualquer.

Ainda estava grudada em um corpo muito maior que o meu e musculoso, seu rosto estava enterrado no meu pescoço e seu braço direito rodeava a minha cintura, ele parecia estar confortável com o meu corpo grudado ao seu de uma maneira tão íntima como essa, mas não posso mentir que era muito atraente e fazia meu coração acelerar. Eu o observo com calma da cabeça aos pés, quando reparo na sua tornozeleira estranhamente parecida com a minha pulseira, só que era vermelha, eu iria o questionar assim que eu puder e eu também queria muito saber de onde vinham essas pulseiras.

Tento sair sem que ele perceba, precisava me vestir e sair o mais rápido possível antes que minha mãe apareça aqui, mas não pareceu funcionar, ele se remexe e se afasta, despertando. Seus olhos se encontraram com o meu e ao invés dele me expulsar de sua cama ou me tratar com indiferença, ele sorriu como se fosse a maior noite da vida dele.

—Desculpa, eu acabei te usando como travesseiro.— Seu tom rouco matinal era hipnotizante, o que está acontecendo comigo? —Mas não foi tão ruim, foi?

—Não, não foi.— Digo um pouco robótica pelo nervosismo, trato de me levantar rapidamente e procurar minhas roupas.

—Eu vou fazer um café da manhã para todos nós, por favor coma antes de ir.— Ele se levanta também e abre a porta, o barulho na cozinha já estava alta.

Kayke e os demais já estavam acordados e conversavam na cozinha, coloquei a minha roupa de antes e dei um jeito no meu rosto e cabelo antes de tomar café.

—Bom dia, o sono estava bom pelo visto, chamei demais e ninguém me atendeu.— Isadora me olha com um sorrisão, Axel acompanhou

—Acho que o Thierry nunca dormiu tão bem quanto hoje.— Axel acompanha a namorada na provocação e vejo Thierry revirando os olhos enquanto pega um pouco de café.

—Vocês são ridículos.— Ele resmunga para os seus amigos, que continuam rindo e fazendo piadinha.

Depois de tomar café e esperar a boa vontade do Axel de ir embora, finalmente eu estava indo para a casa, minha mãe me mandava inúmeros MSN e minha cabeça estava explodindo, além do sonho não sair da minha cabeça. Eu precisava de um descanso.

—Me ligue se você se sentir mal, por favor.— Thierry beija a minha testa e acaricia a minha bochecha carinhosamente por alguns breves segundos.

—Tudo bem, tchau kayke e obrigado por ter me ajudado ontem.— Me despeço do xamã com um aceno de mão, ele sorri com o cigarro na boca.

As Sombras da Mata- OS VITURINOS [LIVRO 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora