Pesadelo (Bill Skarsgard)

Capítulo 6

                            Lissa Maddes

Acordei completamente transtornada de um como que sequer lembrava de ter entrado. Meu corpo inteiro doía e aqueles equipamentos médicos me sufocavam, não pensei duas vezes antes de arrancar a agulha que levava algum medicamento diretamente para a minha veia e senti-me escorando meu corpo no travesseiro grande.

O sangue começou a saltar pelo buraco que antes prendia a agulha e lembrei do motivo de buscar por dor física sempre que sentia dor emocional. A física camuflava a emocional, e sempre me prendia nisso.

— Lissa, o que é isso?

Samantha surgiu na porta do meu quarto, seus passos se apressaram em minha direção e sorri precisando de um abraço da minha melhor amiga. Me sentia completamente perdida tanto em vida quanto nos acontecimentos que ocorreram antes de entrar em coma naquele deserto. Eu precisava de amparo.

— Estava me machucando... — justifiquei vendo-a pegar gazes da mesa e levar até meu ferimento. Ela pressionou até que o buraco parasse de jorrar sangue, mas seu silêncio tinha me deixado confusa sobre seu temperamento.

— Você não podia ter feito isso. Está com dor? — estava séria demais quando perguntou.

— Não...

Sam permaneceu em silêncio enquanto circulava a gaze com micropore fazendo um curativo pequeno.

— Vai segurar até o horário do seu banho... — disse para mim — Você está toda ensanguentada agora.

— O que aconteceu? — perguntei.

— O que aconteceu? — Sam jogou a pergunta de volta — Lissa, você sofreu um acidente de carro... Foi encontrada desacordada na estrada...

Três linhas se formaram em sua testa e eu nunca havia visto ela daquela forma.

— Não, eu não sofri nenhum acidente... — eu disse à ela — Desmaiei quando estava com...

— Lissa, eu estou preocupada com você... — disse Sam — Você desapareceu por dias.

— Eu estive bem, eu estive...

— Me escute, eu sei que é difícil. — começou — Mas você precisa de ajuda.

Os olhos de Sam encheram de lágrimas e eu nao conseguia entender o motivo de estar chorando.

— Eu não estou enlouquecendo, eu juro.

— Quando as buscas começaram... — ela respirou com dificuldade — Usei a chave reserva do seu apartamento para ajudar a polícia em sua investigação, e você não sabe o quanto meu coração doeu em encontrar tanta cocaína no seu apartamento.

— Porque entraram eu meu apartamento? — levantei meu corpo.

— As bebidas, o cigarro e toda essa merda de cocaína! Você precisa ir para a reabilitação, Lissa.

— A cocaína não é minha, você me conhece Sam.

— Eu já não conheço mais... — ela limpou as lágrimas de decepção que insistiam em cair — Sua mãe está vindo para a cidade, iremos entrar com o pedido de internação mesmo que você não queira... Não vamos deixar você se matar dessa forma!

Ela saiu sem conseguir conter o choro, precisei de alguns segundos respirando profundamente para tomar a decisão mais terrível da minha vida. Eu costumava beber e fumar nos meus piores momentos, mas nunca utilizei nenhuma substância interligada à drogas. Não tinha tempo de pensar sobre quem teria planejado algo assim contra mim, nem como entraram em meu apartamento, mas eu não iria ser levada.