Capítulo 7

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                             Bill Skarsgard        

Eu era bom em encontrar pessoas e lugares, mas eu só era bom quando tinha muita tecnologia me auxiliando, a grande questão é que quando você tem qualquer tipo de dispositivo em mãos você também pode ser encontrado.

Faltavam poucas horas para o dia amanhecer, eu tinha ficado entre as sombras da noite, vagando em busca de um destino que sequer lembrava da faixada. Estava sendo incompetente para caralho desperdiçando meu tempo com aquele jogo que apertava meus ossos na agonia de qualquer relógio que pudesse me matar, ou então, matar Lissa.

Todos nossos encontros não estavam em meus planos, mas estávamos sendo caçados pelo governo que tanto dediquei-me anos para conseguir informações de uma guerra que eles estavam dispostos a começar contra a Rússia, e era eu quem fazia com que eles ficassem degraus acima de seus inimigos antes mesmo de tê-los feito. O grande problema era que eu tinha me tornado uma ameaça para a sociedade novamente, ameaça que eles gostariam de eliminar, não que eles se importassem com uma população parasita, o verdadeiro medo deles era que eu desse com a língua nos dentes. E eu poderia fazer, eles sabiam.

Eles haviam descoberto sobre Lissa no momento em que explodi a merda da prisão, mas não sabia que haviam encontrado sua localização antes mesmo que eu pudesse pensar em alcança-la. Eles sabiam que eu não temia à morte, era a morte quem temia à mim. Mas também sabiam que Lissa era a única ponta solta que eu jamais deixaria alguém costurar.

O cheiro das ruas mais estreitas de Nova Iorque era muito peculiar, oscila entre merda e rato de esgoto. Pude sentir mais forte ao dobrar mais uma esquina, mas meus passos foram interrompidos pelo apertar cruelmente em meu tornozelo com ondas fortes de choque, não foi a dor que me moveu para o canto mais escuro da rua e me fez sentar no chão atrás de um contêiner de lixo e sim a surpresa de sentir o gancho da minha desobediência. Pensei que havia bloqueado todos os meios de interferência com o meu dispositivo rastreador, o dos outros criminosos deixei de propósito para que fossem transferidos para outra prisão, exceto o de Keven que desativei para que pudesse fugir.

Havia algo errado, estava funcionando plenamente, mas isso apenas aconteceu nessa manhã, eu precisaria me livrar dele.

— Ah, caralho! — gritei quando o choque avançou forte demais para levantar espasmos em minha pele.

Meus dedos da mãos estavam envergando com meu corpo, e quando finalmente extinguiu eu sabia que logo voltaria. Até que estivesse enfiado em qualquer buraco em que eles pudessem retirar pedaços de mim: principalmente Lissa.

Havia apenas um jeito de escalar daquilo. Respirei fundo, e não hesitei quando minhas mãos forçaram o osso do meu tornozelo até que estivesse quebrado e completamente mole, não pude evitar o grito que se estendeu por entre os prédios altos. Retirei o tênis e retirei a tornozeleira com o amolecer que meu osso tornou e a joguei no contêiner de lixo.

Precisei que alguns minutos, mas logo estava em pé novamente procurando a porta que precisava enquanto mancava de forma bizarra. Foi quando me deparei com a porta vermelha de lataria dando a visão dos fundos de um lugar do qual eu sabia que era o certo, me arrastei até lá e dei algumas batidas na porta até que ela fosse aberta por uma senhora rechonchuda. Ela vestia roupas brancas de açougueiro, cabelo escuro preso para trás e um charuto barato entre os lábios finos, a expressão era de poucos amigos. Era Marta.

— O que procura playboy? — disse com a voz rouca.

As tatuagens no braço mostrando um tipo de empoderamento banal que desejava ter pelo pequeno tráfico que manipulava na região. O cheiro de carne logo invadiu minhas narinas.

Pesadelo (Bill Skarsgard)Onde histórias criam vida. Descubra agora