Lissa Maddes
A vida era um composto de jogos que precisávamos finger saber jogar, enquanto o sentimento era o único poder capaz de mover peças. Pensava que permanecia em silêncio pois precisava ser cautelosa, mas talvez fosse uma arma biológica ativada para a sobrevivência da minha pele.
Eu não tinha medo de Bill, tinha medo das coisas que sabia que ele era capaz de fazer para me manter. Orgasmos e curativos não eram formas convencionais para perdão, mas ele fazia tão bem que quase saía como perdoado do meio das minhas pernas. Estava me envenenando com uma toxidade, que eu sabia que me mataria no final.
Não tinha movido mais nenhuma palavra para Skarsgard, não que não houvessem palavras que gostaria de dizer, mas eu as guardaria apenas para mim.
Quando descemos na Suécia o frio foi a primeira coisa que abraçou meus braços antes que Bill tentasse aquecer minha pele com os seus em torno dos meus ombros. Um homem se aproximou do campo aberto de folhas laranjas onde aterrizamos e entregou uma chave para Bill. Eu odiava admitir que seu toque era a única coisa capaz de aquecer meu corpo naquele momento, odiava gostar da postura autoritária que tinha sobre aqueles homens que eu não conhecia, mas que conhecia o nome Skarsgard, e aquilo bastava para fazer com que eu me sentisse segura.
Não tinha sentido vontade de chorar ou de bater no homem que abriu a porta do Audi para que eu pudesse entrar, colocou minha bolsa no banco de trás e voltou-se para a banco do motorista ao meu lado.
— Não precisava trazer tanta coisa... — ele pronunciou quando deu partida no carro.
— A coisa que eu mais precisava você jogou andares à baixo. — cruzei os braços querendo levar remorso a Bill.
— Um dia você vai ter que me perdoar.
Observei a paisagem adentrar laranja em minha visão enquanto o carro atravessava uma colina alta, à frente o sol brilhava sobre a água azul de um enorme lago. O lar de Skarsgard não era nada aterrorizante para que ele pudesse odiar tantas coisas na vida.
Talvez algum dia, ele tivesse sido uma criança sorridente correndo por florestas de folhas laranjas, ou talvez um dia ele tivesse crianças para correr nas florestas laranjas, mas era algo que eu quase não conseguia imaginar quando encarava aqueles olhos gelados.
— Você vai ter que implorar para que isso aconteça.
— Nunca tive dificuldades para dizer algumas palavras, Lissa. — ele disse sem desviar o olhar da estrada — Mesmo que não seja do meu feitio, posso dizer a palavra que você quiser ouvir... Mesmo que seja um pedido de perdão, o que acha?
Seu rosto virou rapidamente para mim, antes de retornar para a estrada novamente. Seu cabelo estava um tanto bagunçado, como se tivesse tirado uma soneca de dez horas sem interrupções e sua mão ficava extremamente grande no suporte do volante quando ele fazia uma curva lenta com apenas uma mão.
— Então, seria um pedido de perdão falso. — alertei — Não é a palavra que você diria, é a palavra que eu gostaria de ouvir. É uma mentira.
— Exatamente.
— Você é ridículo. — balancei a cabeça.
— Mas uma verdade, — ele disse — é que seu gosto ainda tá na minha língua.
Encostei a cabeça no vidro do carro tentando ignorar a pressão que os olhos dele faziam sobre mim, eu poderia senti-los devorando minha pele sem que ao menos pudesse ver. Não ficava constrangida com questões eróticas, mas passava a odiar a forma espontânea que meu corpo inteiro correspondia à qualquer tipo de chamado de Bill.
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Pesadelo (Bill Skarsgard)
RomanceApós confessar ter se inspirado na fisionomia da homem mais perigoso do país para ter escrito seu romance best-seller, Lissa Maddes têm sua vida atormentada de polêmicas perseguidas de acontecimentos ruins, e ao tentar escapar dos problemas se encon...