Ordens? Ali, supus que Lídia era empregada daquele homem, cujo nome eu ainda não sabia. Não consegui imaginar o objetivo de me manter naquele lugar. Afastei meus pensamentos com o ronco da minha barriga e logo olhei para a bandeja que a moça, que descobri ser Lídia, havia me trazido. Observei por um bom tempo até que tomei coragem para mordiscar um pequeno pedaço da bolinha que estava sobre a bandeja. Fechei os olhos, esperando pelo meu fim; embora estivesse preparada para a morte, fui surpreendida por um sabor agradável de baunilha e chocolate. A fome em meu estômago me fez ignorar qualquer risco que poderia ter naquele café da manhã. Logo após terminar a refeição, ouvi novamente batidas na porta. Encolhi-me entre as cobertas e lençóis daquela cama tão macia, com apenas um olho para fora, vi Lídia chegar novamente. Não consegui me acostumar com aquela forma humanoide e, por um breve momento, fiquei surpresa outra vez. Lídia, por sua vez, deu uma gargalhada, que me fez lembrar de Liza, algo que havia esquecido por um breve momento. Fiquei calada e voltei aos meus pensamentos, afastando-me daquela bebê que me incomodava com a risada de Lídia.
Lídia, vendo minha preocupação, tentou me deixar um pouco mais tranquila, afastando meus pensamentos. Embora quisesse voltar desesperadamente para casa, mal sabia onde estava, e o que podia fazer era aceitar minha atual situação. Logo dei mérito a Lídia, que tentava me distrair de qualquer forma.
- Senhorita, a água já está quente e já deixei roupas para seu pós-banho sobre a cama. Por favor, me acompanhe.
Eu tinha tantas perguntas em mente que não sabia qual perguntar a ela primeiro. Ela me olhava e parecia já saber das tantas questões que me atormentavam. Olhei para a banheira cheia d'água e sais de banho com cheiro de rosas, observando todo aquele luxo, e não conseguia parar de pensar em Liza e papai. Perguntava-me como estavam ou se estavam preocupados. Adentrei a banheira ainda pensando em meus entes queridos e logo decidi fazer minha primeira pergunta a Lídia.
- Quem é o homem que me trouxe aqui? Ou por que ele decidiu me colocar em um quarto com tantos luxos em vez de uma masmorra ou casa velha? Por que me alimentou?, Por acaso ele pretende se alimentar de mim?
Continuei questionando sobre o que fariam comigo, e Lídia me olhava incrédula, como se estivesse segurando uma grande gargalhada, como se eu apontasse que as galinhas voavam. Olhei para ela, tentando conter um xingamento por estar rindo do meu desespero.
- Me perdoe, senhorita, por rir de sua situação, mas a forma como vocês humanos imaginam nós, Féricos, nunca perde a graça. Não iremos fazer mal algum à senhora, muito menos nos alimentar da carne da senhora. Meu nobre senhor Grão-Férico está investigando e caçando seres não Féricos deste lado da Barreira Santa. Até onde sei, eles estão sendo traficados para este lado da Barreira a fins lucrativos.
Olhei para Lídia com os lábios tremendo e o corpo pasmo. Como alguém faria isso, como se fôssemos animais irracionais? Como pode uma pessoa ser tão fria assim? Lídia, notando minha surpresa composta por indignação, me propôs sair da banheira. Com o que Lídia havia me contado, não percebi que ela havia penteado meus cabelos e que eu estava há mais de 40 minutos no banho. Enquanto me secava, pensava sobre qual seria a função de um Grão-Senhor Férico e qual era sua posição naquele lugar. Lídia não me disse mais nada sobre o que havia me contado na banheira, mas tomei a iniciativa de perguntar sobre minha família. Conte a ela que eu era a única provedora da pequena casa velha em que morava. Lídia apenas me disse para não me preocupar e que logo o senhor Grão-Férico iria falar comigo. Com as palavras de Lídia, tremi ao pensar que aquele homem iria falar comigo, já que sua posição fria na noite passada havia me deixado estática de medo.
Saindo de meus pensamentos, olhei para Lídia, que apontava para um lindo vestido em cima da cama.
Fiquei surpresa com todo aquele luxo, já que nem quando meu pai era um senhor nobre da cidade de Gomorra havia visto um vestido tão belo e luxuoso.
-Um vestido branco azulado com detalhes em dourado, com duas mangas volumosas de cada lado, acompanhado de duas luvas douradas e prateadas, uma para cada mão.Lídia apontou para uma pequena cortina no canto da parede, indicando para que eu me trocasse ali. Ao ver o vestido, deslumbrada com tanto luxo, me perguntei por que um vestido tão luxuoso.
- Perdoe-me por não ter nada mais simples. Não recebemos mulheres nesta casa há anos, e o que pude achar foram vestidos de baile.
Olhei para ela e disse que não havia problemas, que estava tudo bem. Dirigi-me ao canto com uma pequena janela alta na parede. Notei que o tempo estava neutro, diferente de quando acordei. Ali percebi que já havia se passado muito tempo. Me apressei e coloquei o vestido. Quando saí do canto onde havia me trocado, Lídia me olhou surpresa, como se eu tivesse chifres como os dela na cabeça.

E com o silêncio que Lídia fazia, questionei-me se realmente deveria estar vestindo aquilo. Logo, Lídia fez algo que não pensei que ela faria; ela fez a primeira pergunta que não havia feito em todo o nosso curto diálogo.- Senhorita, se não se importa, mas... por que a senhorita é tão pálida? Até me questionei se era humana quando a vi dormindo. Seus olhos azuis, numa mistura com violeta, não são comuns entre humanos.
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Até Que A Morte Nos Separe
RomanceEm um mundo onde Féricos são separados de humanos, uma jovem é vendida para uma das côrte férica, mal sabia que iria descobrir uma realidade que não sabia ser presente em sua vida, o grão senhor Férico mal podia imaginar que sua vida poderia mudar t...