Cp_4

6 0 0
                                    

Meus olhos marejados olhavam tudo em redor à procura de acreditar no que estava acontecendo. Aquele senhor, a quem todos se referiam como Nobre Grão Férico, me observava com curiosidade e incredulidade, seus olhos me avaliando como se eu fosse uma carne em exposição em uma feira.

Logo, o homem de capa e a criatura, da qual não entendia o que dizia, falaram.

- Se... senhor, humano? Não, não, não... ela é apenas uma striade desnutrida. Não vê a pele pálida e os cabelos brancos? Não perca seu tempo com ela.

Striade? Do que esse homem acabou de falar? Nem um tolo acreditaria que não sou humana. Meu corpo tremia, e pude sentir minha barriga arfar de fome. Não consegui parar de pensar no pior que poderia acontecer comigo. Pensava em meu pai e na promessa que fiz para minha mãe: nunca pensei que seria vendida como escrava. A neve continuava a cair desse lado da barreira; eu não conseguia conter os tremores de frio a cada movimento brusco. Meu nariz, vermelho pelo frio, e minhas mãos, calejadas como as de um lenhador experiente, me lembravam da situação.

Olhei novamente para cima e vi aquele homem me encarar, parecendo ter dúvidas se eu realmente era humana ou não. Logo, o bater de queixo não era o único som do lugar, já que a fera, da qual eu não entendia, voltou a grunhir. O homem de cabelos cor de cobre voltou a se pronunciar, soltando suas palavras que soavam como ordens.

 O homem de cabelos cor de cobre voltou a se pronunciar, soltando suas palavras que soavam como ordens

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

- Quero ela.

Olhei desesperada para baixo, tentando supor o que aconteceria a seguir. Não me perdoava por não conseguir soltar uma palavra se quer naquele momento; não podia imaginar o que ele faria comigo, já que eu não serviria de nada para ele. Não excluí a ideia de que ele me usaria para alimentá-lo, embora não servisse de muito, já que eu estava quase em pele e osso devido à má alimentação. Olhava, incrédula, pensando que fui vendida como um dos animais que caçava para alimentar papai e Liza. O homem de capa apenas acenou com a cabeça em concordância, e vi o homem de cabelos cor de cobre tirar um grande saco que parecia ter moedas de sua bolsa e jogá-lo para a fera que andava sobre duas patas. Novamente, senti meu corpo fraquejar e logo senti a madeira fria em contato com meu corpo, enquanto minha visão se apagava novamente. Eles me olhavam como um animal desnutrido, e não deixei de lembrar do pobre urso que havia abatido com tanta frieza. Fechei os olhos devido ao cansaço de tentar mantê-los abertos.

Quando acordei, estava em um quarto onde a iluminação feria meus olhos semi-serrados. Logo me felicitei, pensando que tudo acabara por ser um sonho. Contudo, percebi a realidade ao observar um quarto tão grande que seria maior que a pequena cabana onde minha família e eu morávamos. Olhei para o lustre e para a cama fofa onde estava deitada, os luxos em prata e ouro. Passei as mãos nos olhos, tentando me trazer à realidade. Logo olhei para os lados e vi uma sombra preta me observando; era como uma fumaça viva, difícil de explicar. Até que a sombra se desfez como um monte de neve durante o verão. A sensação que aquela névoa negra me causava a sensação de que estava sendo observada todo esse tempo. Logo ouvi batidas nas grandes portas do quarto. Então, uma mulher com roupas de serviçal entrou, com galhas como de uma árvore em sua cabeça, pele escura tão linda como uma noite de inverno e olhos verdes como a cor do pingente do homem que havia me comprado. Ela tinha um semblante doce, mas fiquei espantada com sua forma humanoide. Contudo, sua feição não parecia que ela me machucaria ou me desejaria mal, como eu havia pensado. Ela se aproximou com uma bandeja que parecia ter pequenos bolos e pedaços de frutas. Será que estavam tentando me engordar para me servir de refeição mais tarde? Não conseguia iniciar um diálogo com aquela mulher, até que ela quebrou meu silêncio.

- Não se preocupe, pequena humana, eu não faria mal algum à senhorita.

Logo, ela deu um sorriso meigo, o qual não via desde a morte de minha mãe. Esforcei-me para devolver o sorriso, mas não podia ignorar o fato que acabara de acontecer. Logo, lágrimas escorriam pelo meu rosto. Dei um grito desesperado, pedindo àquela mulher meu arco para tentar escapar com vida daquele lugar.

- Senhorita, por favor, fique até que se recupere totalmente. A senhora não está em condições de usar arco algum, certo? Bem, irei preparar um banho para a senhorita. Fique e coma.

Ela me lançou outro sorriso doce. Encostei-me novamente na cama, olhando para a bandeja ao meu lado, tentando ver se era comestível ou se havia algum tipo de veneno. A mulher que me trouxera a bandeja já estava saindo do quarto e me olhou novamente com uma expressão doce e gentil, garantindo que a refeição era segura. Logo, ela saiu do quarto. Enquanto observava novamente a bandeja, ouvi uma voz do lado de fora que não foi difícil de reconhecer; era a voz do homem que falava como um general. Parei de respirar para poder ouvir melhor.

- Lídia, já cumpriu a tarefa que te dei?

Lídia? Então a mulher de voz tão doce se chamava Lídia. Logo ouvi Lídia concordar com voz baixa.


POR FAVOR NÃO ESQUEÇA DE VOTAR 🌟❤️

Até Que A Morte Nos Separe Onde histórias criam vida. Descubra agora