Cp:6_Não tão bem vinda

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Olhei para Lídia, dei um sorriso de canto e contei sobre minha palidez incomum. Falei que, devido ao meu albinismo, muitas pessoas da cidade de Gomorra achavam que eu fora amaldiçoada por féricos. Lídia me observava estagnada, questionando como alguém poderia amaldiçoar uma criança. Logo, Lídia se despediu de mim, dizendo que eu poderia descer para o salão no primeiro andar. Vi Lídia recolhendo algumas coisas do luxuoso quarto e saiu pelas portas, apenas acenando em sinal de partida.

Assim que ouvi Lídia fechar as portas, olhei-me no espelho perto da cômoda de luxo. Observei minha imagem e percebi o porquê de Lídia estar tão espantada: meus cabelos brancos e pele albina faziam com que eu realmente não parecesse humana. Decidi descer, como me aconselhara Lídia. Direcionei-me às portas, já pronta para abri-las.

Logo me deparei com um longo corredor. Um pouco perdida, acabei indo pelo lado esquerdo. Enquanto passava pelo constante corredor, observei os lindos e detalhados quadros nas paredes. Um em particular chamou minha atenção: uma bela moça de cabelos vermelhos, quase como uma rosa que acabara de nascer, lábios finos e rosto angelical, como o de uma deusa. Após me deslumbrar um pouco com aquela pintura, segui o caminho até encontrar uma escada que levava ao andar de baixo. Virei levemente, tentando manter o equilíbrio com aquele vestido. Embora estivesse um pouco desequilibrada, compreendia que, mesmo vivendo como "nobre" em minha antiga vida em Gomorra, não era chegada em vestidos.

Coloquei um pé após o outro na escada, como uma criança que acabara de aprender a andar. Senti uma sensação de estar sendo observada e, ao olhar para trás, vi uma névoa negra viva. Encarei-a, tentando entender o que seria aquilo. Subi novamente os degraus que havia descido com tanta dificuldade, mas, logo me enrolei entre os panos do vestido e desabei escada abaixo. Enquanto me desequilibrava, olhei novamente para a névoa, que se desipou  à minha frente. Já me preparando para cair em segurança, coloquei os braços sobre a cabeça. Próximo ao chão, senti alguém me agarrar. Ergui minha cabeça e olhei rapidamente, já pronta para pedir desculpas a Lídia, até que vi os olhos frios daquela noite. Suas mãos tocavam minha cintura com a delicadeza que eu usava para segurar a flecha em meu arco. Olhei para ele, cerca de três minutos, observando seu rosto de pele fina e orelhas pontudas. Reparei em seus lábios coloridos naturalmente, como folhas no outono, ainda em cima dele pensava como os féricos poderiam ser tão perfeitos fisicamente, a ponto de parecerem peças finas de porcelana. Enquanto me perdia em cada detalhe de seu rosto, ouvi passos e logo fui empurrada para o lado pelo mesmo.

— Você não perde uma, Elain.

Ainda no chão, tentando me dar conta do que acabara de acontecer, me levantei e observei de quem era aquela voz tão máscula e firme. Era um homem de pele cinza, com costuras em sua face, de cabelos  brancos com leve sombreamento preto,  uma roupa preta e um saco que parecia uma mochila em suas costas, suas correntes e brincos chamaram minha atenção por me parecer moderno, com um físico alto e forte e um ar debochado.
Ele me observou atentamente enquanto ele passava a língua em seus dentes afiados e pontudos, parou e me encarou novamente.

Ele me observou atentamente enquanto ele passava a língua em seus dentes afiados e pontudos, parou e me encarou novamente

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Me senti apenas um grão de mostarda em comparação a ele. Olhei em busca de respostas para a situação e vi o homem de cabelos cor bronze, que logo quebrou o silêncio.

_Não fale besteiras Hugo.

Hugo?, o homem de pele cinza, que descobri se chamar  Hugo olhava com ar de deboche para a figura importante do homem de cabelos bronze rose, dando a intender que eram íntimos

— Elain, nunca imaginei que realmente você teria um harém, principalmente com uma moça tão bonita e frágil.

Olhei com expressão enojada para Hugo e tomei coragem para me pronunciar sobre o que estava acontecendo. Logo percebi que minha dúvida havia sido respondida e finalmente descobri o nome do homem que me deixava tanta incerteza. Sussurrei seu nome, "Elain", em um tom baixo, sem perceber. Ambos olharam para mim, e meu rosto pálido não deixou de ficar vermelho sob aqueles olhares. Observei o salão onde estávamos e vi uma grande entrada, como a de um palácio, junto a uma pequena mesa com flores. Também notei a decoração de espadas perto do pé da escada. Logo tomei coragem, corri em uma atitude desesperada e rápida, peguei uma das espadas de ouro e me pronunciei.

— Por que me trouxe para este lugar? Onde está meu arco e como posso voltar para casa?

O homem, chamado Hugo, deu uma gargalhada e olhou para Elain. Este, por sua vez, me olhou com um olhar repulsivo de desaprovação, até que falou algo.

— O que faz aqui? Vá embora! Já lhe alimentei e salvei dos vendedores que, certamente, não teriam tanta compaixão como eu tive.

Olhei para ele, incrédula, sem acreditar que realmente me soltaria. Empurrei as grandes portas e deparei-me com um lugar lindo, sem neve, onde o pôr do sol deixava o céu rosado e rajado. Naquele momento, quis ficar para admirar mais daquele lugar que parecia tanto os dos livros que lia para minha falecida mãe. Olhei para o belo jardim e para a casa da qual acabara de sair: um grande e lindo palácio, com várias janelas e lustres, grama verde e várias torres de iluminação, flores rosas e lindas árvores. Logo mais à frente, um pequeno lago e uma fonte. Ninguém em Gomorra teria um lugar tão luxuoso, onde até as decorações eram de prata e ouro.

 Ninguém em Gomorra teria um lugar tão luxuoso, onde até as decorações eram de prata e ouro

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Cortei meu deslumbre e me apressei em sair, imaginando que talvez eles mudassem de ideia. Comecei a correr, até sentir uma dor que me fez arfar baixo; devido à queda, lesionei meu pé. Olhei para ele, sentindo dor, mas ainda assim precisava correr. Lembrei novamente de Liza e papai, e não me segurei: corri o quanto pude.

— Elain, a moça era humana? Não seria perigoso deixá-la ir a essas horas? Pelo som que fez, pareceu se machucar na queda romântica de vocês.

— Como consegue falar tantas besteiras, Hugo? Não me importa o que vai acontecer com ela. Já a tirei das mãos dos vendedores nojentos; o que ela fará a partir disso não me interessa nem um pouco

🥀NÃO DEIXE DE  VOTAR 🌟❤️

Até Que A Morte Nos Separe Onde histórias criam vida. Descubra agora