Pov Maraisa.
Após a entrada da Marília no hospital, tive que ficar na recepção esperando, alguns minutos se passaram e um médico veio.
- Família de Marília Dias Mendonça?
- Eu sou a namorada dela doutor, como ela está?
- Pode me acompanhar?
Entro no no enorme corredor com ele, ele entra em uma das salas e me dá passagem, fecha a porta e se direciona a sua mesa.
- Sente-se.
Faço o que ele pediu e me sento a sua frente.
- Marília está com sinais de maus-tratos e violência, a polícia foi acionada, espere a chegada deles pra dar esclarecimento sobre o caso.
- Tudo bem, mas como ela está doutor?
- Ela não corre risco de vida, a pesar de estar muito fraca por não comer a dias, ela está sedada e recebendo os cuidados necessários.
- Quando vou poder ver ela doutor?
- Quando ela acordar e depois de dar a versão dela sobre o que aconteceu com ela a polícia.
- Tudo bem, eu posso esperar onde?
- Uma enfermeira vai vir te buscar, acompanhe ela até uma sala reservada pra isso.
- Tá certo doutor, obrigada.
Ele sai da sala e eu fico esperando a tal enfermeira.
Será que ele está pensando que eu fiz tudo isso a ela? Eu nunca machucaria ela dessa forma e nem de forma nenhuma por que eu amo ela. Depois de alguns minutos esperando, a tal enfermeira chega.
- Me acompanhe - me levanto e vou com ela - Os policiais já chegaram, eles vão falar contigo assim que possível.
- Tá bom.
Entro na sala e me sento em uma das cadeiras, eu estava triste pelo fato da Marília está nessa situação, mas também estou tranquila pois eu sei que não fiz nada contra ela.
- Licença - um policial aparece na porta - podemos conversar?
- Claro, entre.
- O que tu sabe sobre o caso da Marília?
- Pra tu entender, vou ter que contar a história desde o início pois vocês vão ver que não tive nada a ver com o estado dela agora.
- Prossiga, temos tempo! - ele se senta.
- Eu e ela nos conhecemos em uma festa, o que seria impossível se ela não tivesse fugido de casa e desafiado seus pais após descobrir um câncer no pulmão - faço uma pausa - após aquele dia, nos vimos algumas vezes no hospital pois os pais dela simplesmente a deixaram lá sozinha, eu fazia estágio nesse hospital então isso aproximou muito a gente, alguns dias depois da saída da Marília do hospital, os pais dela colocaram a polícia de Goiânia atrás da filha, como a Marília não queria voltar a sofrer maus tratos e estava na casa de uma amiga nossa, ela pediu pra ir pra minha casa já que descobriram que ela estava na casa dessa amiga.
Faço uma pausa pra recuperar o ar e os policiais me observam atentos.
- Quando a Marília foi pra minha casa, não teve um dia que ela ficou mal, que ela sofreu comigo, eu cuidei dela todos os dias e não deixei faltar nada e ela, mas os pais dela descobriram que ela estava comigo, a trouxeram pro Rio e daquele dia pra cá, eu falei poucas vezes com a Marília por um celular que eu mesma dei a ela, nas ligações ela dizia que a mãe dela deixava ela trancada no quarto, que a mãe dela não dava comida a ela - tento segurar o choro pra continuar - que os pais dela venderam a própria filha por 50 mil reais, ela foi abusada por isso tem marca de violência, eu trouxe ela aqui por que eu só quero o bem dela, quando ela acordar vocês podem perguntar a ela o que realmente aconteceu.
- Já conversamos com ela, ela disse a mesma coisa mas na versão dela, a senhorita está liberada pra ver sua namorada.
- O que vão fazer em relação aos pais dela?
- Eles vão responder por estupro já que ele foi praticado contra a menor artigo 213, § 1º, do Código Penal.
- Eles podem pegar quanto tempo de prisão?
- De 8 a 14 anos.
Essa é a melhor notícia que já ouvi desde que a Marília foi arrastada da minha casa.
- Vou poder ver a Marília agora?
- O médico tem que autorizar, obrigada por esclarecer, está liberada.
Saio da sala e volto pra recepção.
- Com licença, eu posso ver a Marília?
- Seu nome?
- Carla Maraisa Henrique Pereira.
- O que tu é dela?
- Namorada.
- Só um minuto.
Ela escreve umas coisas no computador e me olha.
- Aguarde um momento, o médico já te chama.
- Obrigada.
Me sento na cadeira da recepção e mando mensagem pra Luísa.
"Amiga, os pais dela chegaram?"
"Chegaram, como tá a Marília?"
"Bem, eu vou ver ela assim que o médico me chamar, mas acho que ela não tem alta hoje."
"Eu vou pra um hotel, quando ela tiver alta ou tu quiser descansar me liga, eu vou aí."
"Tá bom, obrigada."
Coloco o celular na bolsa e espero alguns minutos, o médico chega.
- Carla Maraisa?
- Sim.
- Me acompanhe por favor.
Entro novamente no corredor mas dessa vez passamos direto da sala dele.
- O estado da Marília é estável, mas ela chegou aqui muito fraca, parece que ela não come a mais de dois dias.
- Eu não sabia disso.
- Ela vai ficar contigo após a alta?
- Espero que sim, por que?
- Ela precisa ter uma alimentação muito regulada, como ela chegou aqui muito fraca, colocamos ela no soro pra conseguir estabilizar a fraqueza dela.
- Ela vai ficar bem né doutor?
- Vai sim, só preciso manter ela em observação hoje pra ver se ela vai ter algum tipo de complicação, caso contrário, amanhã assino a alta dela.
- Ok.
- Ah, mais uma coisa, como ela chegou aqui muito fraca, é provável que ela não consiga falar direito, recomendo não forçar ela falar por enquanto, ela se esforçou muito pra falar com os policiais.
Assenti e chegamos na porta do quarto.
- Pode entrar, em alguns minutos uma enfermeira vem checar como ela está.
- Obrigada doutor.
Ele sai e eu abaixo o trinco da porta, abro um pouco, consigo ver a Marília deitada olhando pra porta. Entro de me aproximo da cama.
- Oi meu amor - dou um sorriso - tu está melhor?
Ela tenta falar mas impeço ao me lembrar do que o médico falou.
- Não precisa falar - olho em seus olhos - o médico disse pra eu não forçar tu a falar agora.
Ela tenta falar algo mas fica difícil de entender pela marcara de oxigênio então me aproximo do seu rosto.
- Eu - ela tenta falar mas fica baixinho - te amo.
- Eu te amo meu amor - dou um sorriso - eu disse que te buscaria, cá estou eu.
Sorrio fraco e ela me observa em silêncio, queria saber o que está passando naquela cabecinha agora, mas resolvi ficar na minha pra não forçar ela falar por enquanto.
~•~
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Até meu último dia (MALILA)
FanficApós descobrir um câncer terminal, Marília Mendonça de 17 anos, decidiu que não se apaixonaria de novo por ninguém, além de não querer ver sua amada sofrer com sua partida já esperada, ela não tinha como mandar em seu coração e nem nos seus sentimen...