Easy On Me

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Adele estava sentada na beira da cama, o olhar fixo na parede, enquanto tentava encontrar as palavras para falar com Simon. A decisão de se divorciarem era algo que havia se formado lentamente, como uma rachadura sutil que se transformava em um abismo. Eles tentaram, muitas vezes, reconstruir o que haviam perdido, mas parecia que, quanto mais tentavam, mais distantes ficavam. Era como se estivessem presos em hábitos e padrões que não conseguiam romper, ambos se moldando e se sacrificando, mas sem jamais alcançarem a harmonia.

O silêncio que os envolvia era ensurdecedor. Angelo, seu filho, dormia no quarto ao lado, alheio às lágrimas e discussões abafadas que haviam se tornado frequentes entre os pais. Adele se sentia dividida entre a dor de ver seu casamento se desintegrar e o medo de que, ao se separarem, Angelo perdesse a sensação de lar. Ela sabia que, por mais que tentasse, aquele casamento era como um rio seco — não havia mais o brilho, o ouro, a promessa de futuro que um dia existiu.

Ela olhou para Simon e, com a voz trêmula, falou:

— Eu tentei tanto mudar por nós. Fiz tudo que pude para colocar você e Angelo em primeiro lugar. Mas... agora vejo que, mesmo com as melhores intenções, isso não é suficiente. Estou me afogando neste silêncio, Simon. Preciso sair daqui, me redescobrir, encontrar algo além dessa rotina.

Simon a escutava em silêncio, o olhar distante. Ele sabia que o que ela dizia era verdade, mas não conseguia evitar sentir o peso da culpa e do fracasso. Eles eram jovens quando se casaram, cheios de sonhos e planos, mas a vida os desgastou antes que pudessem viver plenamente tudo o que imaginaram.

— Eu sei, Adele... sei que você se esforçou. Eu também tentei — respondeu ele, com uma tristeza resignada. — Mas talvez estejamos apenas presos, vivendo algo que já não faz sentido. Talvez, separados, possamos ser melhores para Angelo, sermos pais mais presentes.

Adele assentiu, as lágrimas silenciosas escorrendo pelo rosto. Ela sabia que estava fazendo o melhor para si e para Angelo, mas a dor de se despedir de um amor que havia sido tão importante era esmagadora. Ela pensava em seu filho, na responsabilidade de explicar o que estava acontecendo, de ser honesta com ele sobre o fim daquele ciclo.

Quando se aproximou de Angelo naquela noite para contar-lhe sobre a separação, seu coração parecia em pedaços. Ela sentou-se ao lado dele, o pequeno rosto de seu filho a observando com curiosidade e certa apreensão, como se soubesse que algo estava errado. Adele respirou fundo e disse, suavemente:

— Angelo, papai e eu decidimos que não vamos mais morar juntos... Mas isso não muda o quanto te amamos. Você é tudo para nós dois. E nós dois vamos sempre estar aqui para você.

Angelo, ainda muito jovem para entender completamente o que isso significava, apenas segurou a mão da mãe, em busca de conforto. O olhar dela era cheio de arrependimento, de perguntas sobre o que poderia ter sido. Ela desejava, desesperadamente, que pudesse proteger Angelo da dor da separação, que ele não precisasse carregar as mesmas dúvidas e questionamentos que ela sentiu quando era criança. Mas sabia que ele teria que percorrer o próprio caminho, com os pais ao lado, mas seguindo direções distintas.

A partir daquele dia, Adele se dedicou a reconstruir sua vida, a dar a Angelo um lar repleto de amor, mesmo que diferente. Ao olhar para trás, ela sabia que aquele casamento era uma parte essencial da sua história, mas também sabia que, para que ela e Simon pudessem encontrar a paz, precisavam se libertar. Enquanto segurava Angelo pela mão, ela sentiu, pela primeira vez em muito tempo, uma esperança de que, apesar da dor, o amor entre eles permaneceria, forte e resiliente.

Por trás das músicas de AdeleOnde histórias criam vida. Descubra agora