Capítulo 17: O Retorno e o Reencontro

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A espera parecia interminável. Cada batida do coração de Narciso era marcada pela angústia de não saber o destino de Oliver. Os dias passavam devagar, e ele vagava pelo castelo com um peso no peito, como se cada sombra escondesse o medo de uma notícia trágica. O castelo, antes acolhedor, parecia uma prisão, e a ausência de Oliver tornava cada canto vazio.

Ele mal dormia, e as noites pareciam ainda mais longas sem saber se Oliver estava seguro. Tentava distrair-se, mas cada tentativa o levava de volta à janela, onde se perdia olhando para o horizonte. Ele se lembrava das últimas palavras de Oliver, da promessa que fizera de voltar, e agarrava-se a essa lembrança com toda a sua força.

Então, em uma manhã ensolarada, ele viu uma figura familiar no céu — Estrela Negra, voando de volta para as montanhas. O coração de Narciso deu um salto, e uma esperança renovada invadiu seu peito. A presença do dragão, ainda majestosa e poderosa, parecia um sinal de que tudo ficaria bem.

— Ele está voltando... — sussurrou Narciso para si mesmo, uma faísca de alegria crescendo em seu coração.

O tempo parecia parar quando, finalmente, os sons de trombetas ecoaram pelo castelo, anunciando a chegada dos guerreiros de Smeron. Narciso mal acreditou ao ouvir o sinal, e, tomado por uma mistura de esperança e apreensão, correu pelos corredores em direção ao pátio de entrada. Seu coração batia acelerado, e cada passo parecia um passo mais perto de descobrir se Oliver estava entre eles.

O pátio estava lotado de guardas, servos e moradores do castelo, todos ansiosos para ver os guerreiros que retornavam. A multidão se aglomerava, e Narciso precisou se espremer entre as pessoas até chegar à frente, onde poderia ver os soldados entrando. O grupo estava exausto, suas armaduras marcadas pela batalha, mas o brilho da vitória estava em seus olhos.

Os olhos de Narciso percorriam cada rosto, e por um momento, ele temeu não encontrar Oliver ali. A angústia o encheu, mas então, finalmente, ele o avistou. Oliver estava ao fundo, caminhando ao lado de seus companheiros, sua expressão séria e os olhos cansados, mas ele estava ali — vivo e são.

Um suspiro de alívio escapou de Narciso, e ele sentiu as lágrimas queimarem em seus olhos. Era como se todo o peso que carregara nos últimos dias tivesse se dissipado de uma só vez, deixando espaço apenas para a alegria e o alívio. Sem pensar duas vezes, ele correu na direção de Oliver, incapaz de segurar a emoção.

Quando Oliver finalmente o viu, seu rosto se suavizou, e ele abriu um sorriso cansado, mas cheio de uma felicidade silenciosa. Narciso o abraçou sem hesitar, o coração batendo descompassado, como se temesse que aquele momento pudesse desaparecer a qualquer instante.

— Você voltou... — sussurrou Narciso, a voz embargada pela emoção. — Você realmente voltou.

Oliver segurou Narciso com firmeza, permitindo-se um momento de paz depois de tudo o que enfrentara. Ele sentiu o peso da promessa que havia cumprido, e uma alegria serena o invadiu ao perceber que estava finalmente de volta, que havia lutado por algo muito maior do que ele mesmo.

— Prometi que voltaria — respondeu Oliver, com um tom suave e caloroso. — E eu sempre cumprirei essa promessa.

Ainda envolvido no abraço de Narciso, Oliver sentiu que o peso de cada batalha, cada golpe e cada momento de desespero finalmente se dissipavam. Ele estava de volta, finalmente, e ao lado de Narciso tudo parecia encontrar seu equilíbrio. Mesmo assim, sentia que havia algo a ser dito, algo que Narciso merecia ouvir.

Quando se afastaram um pouco, Narciso olhou nos olhos de Oliver, a expressão repleta de emoções conflitantes: alívio, alegria, mas também uma sombra de preocupação, como se buscasse compreender tudo o que Oliver enfrentara.

Oliver respirou fundo, e, com a voz um pouco hesitante, começou a falar.

— Foi... uma batalha difícil, Narciso. No começo, eu estava confiante... mas o exército de Tronik era implacável. Vi muitos dos meus companheiros caírem, e houve um momento em que pensei que não conseguiríamos... que eu não conseguiria voltar.

Narciso apertou a mão de Oliver, seu olhar fixo nele, absorvendo cada palavra como se estivesse vivendo cada momento ao lado dele.

— Eu me lembrei da promessa que fiz a você — continuou Oliver, a voz embargada. — Mas mesmo assim, chegou um ponto em que perdi as esperanças. Eu estava exausto, cercado, e... estava pronto para aceitar que não voltaria.

Narciso sentiu uma dor silenciosa em seu peito ao ouvir essas palavras, imaginando o quanto Oliver havia sofrido. Mas então, um brilho de gratidão apareceu nos olhos de Oliver, e ele sorriu suavemente, como alguém que encontrou luz em meio à escuridão.

— Mas foi então que ela apareceu — Oliver disse, com uma admiração na voz. — Estrela Negra... voando sobre o campo de batalha, como uma promessa de que eu não estava sozinho. Foi como se ela soubesse que eu precisava dela, como se ela tivesse vindo por você, por nós.

Narciso piscou, surpreso e emocionado. O dragão que eles haviam salvado, que ele tanto se dedicara a proteger, havia se tornado o guardião de suas promessas, a ligação que unia suas almas.

— Foi a presença dela que me deu forças para lutar até o fim — disse Oliver, apertando a mão de Narciso com firmeza. — E, agora, estou aqui... porque prometi que voltaria.

Narciso sentiu as lágrimas brotarem em seus olhos e não tentou escondê-las. Ele puxou Oliver para um abraço apertado, sentindo o peso das palavras dele, o que havia passado, e a gratidão por tê-lo de volta, são e salvo.

— E eu nunca deixarei de acreditar em você, Oliver. Eu sempre estarei aqui... esperando por você.

A noite ao redor deles parecia mais clara, e, ao longe, a figura de Estrela Negra se fazia presente, sua figura imponente e solitária, como uma sentinela silenciosa que guardava o reino e o laço que unia Narciso e Oliver. O dragão havia cumprido seu papel, selando a promessa que compartilhavam. Por mais distantes que estivessem, sempre teriam alguém para protegê-los.

Oliver sentiu o calor e a sinceridade daquele reencontro preencherem cada parte de si. O mundo ao redor parecia desaparecer, e tudo o que restava era a presença de Narciso ao seu lado, como um refúgio após a tempestade.

Ao som do vento suave, Narciso e Oliver caminharam juntos, afastando-se da multidão e encontrando um lugar calmo onde pudessem conversar, rir e, pela primeira vez em muito tempo, desfrutar da simples alegria de estarem juntos.

Aquela noite seria deles, uma noite marcada pelo reencontro, pela certeza de que, independentemente das batalhas que enfrentassem, sempre encontrariam o caminho de volta um para o outro.

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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