Capítulo 6

8 3 0
                                    


🥀 Tate 🥀

Mais uma cavada no meu próprio túmulo.
Eu compro.

Essas palavras deveriam ter sido pensadas e repensadas antes de saírem da minha boca.

A livraria, com certeza, seria a melhor forma de me erguer novamente.

250 mil...

Tenho apenas 25 mil na minha conta. Como vou pedir esse valor tão alto e tão de repente para o papai?

Grr.

No corredor, com a cabeça encostada no batente da porta, cor de céu nublado.

Como vou dizer a ele que, para resolver, basta assinar umas papeladas e ter uma dívida maior que a minha própria vida?

Choramingo mais um pouco.

Preciso beber.
Só.
Dessa.
Vez.
De novo...

Escuto risadas, não de um grupo, mas de um dueto de vozes. Vozes masculinas.

Oh não.

Sinto uma horripilação tomar conta do meu corpo.

Seria aquele cara? Do banheiro... Ah, Deus, me leva.

Abro a porta,
ninguém na sala, mas os risos cessam e uma onda de constrangimento toma conta do ambiente.

— Tate, estamos na cozinha. — A voz de Benjamin chama, vindo de lá.

Largo minha bolsa em qualquer lugar — no sofá ou no chão, não me importo. Eu só quero saber de álcool.

Vou em direção à cozinha e sinto aquele cheiro, o perfume que ficou preso na minha mente desde o "acidente".

Aperto minha mão, quase esmagando o celular.

Ignoro os dois homens sentados à beira do balcão, também ignorando as peças luxuosas da cozinha. Por que tudo é da mesma cor? Chumbo e preto. Só de pensar no valor daquele fogão, fico com vontade de vender tudo e conseguir uma boa grana para a livraria. Ignoro esse pensamento e vou direto à geladeira, onde vi meia garrafa de vinho na noite anterior. Deixo meu celular na bancada e abro a geladeira.

Abro a garrafa com os dentes, cuspo a rolha no chão e viro a garrafa de vinho sem me preocupar com elegância.

— Dia difícil? — Benjamin pergunta.

— Péssimo.

Talvez seja pelo escuro ou pela vergonha, mas hoje percebo aqueles olhos castanhos me desfigurando como se fosse um truque de mágica.

Como ele ainda tem aquele cheiro de banho?

Lembro de sentir seu membro contra mim naquele banheiro escuro, sem querer deslizar meus dedos pelos seus músculos definidos, ainda úmidos da tentativa idiota de me levantar.

Deveria ter ficado lá por mais uns instantes...

— Olá, Tate.

Aquela voz vibra e acende um longo arrepio no meu corpo.

— Olá... — Faço uma pausa bem dramática, fingindo pensar que esqueci seu nome.

Tento não parecer confusa por ele se lembrar do meu nome, nem tão desesperada ao ponto de gravar o nome dele na minha mente. Mesmo que tenha jogado "Adam" no Google. Fazer isso nos últimos dias virou uma obsessão. Grande sorte, não encontrei nada, nem uma foto de colegial. Como eu queria ver aquela cara cheia de espinhas.
Esse maldito deve ser daqueles que preserva a vida longe da internet... Ou talvez um psicopata.

Merda, esse vinho é bom.

— Mas por que seu dia foi péssimo? — Benjamin interrompe meus pensamentos.

— Porque acabei de fazer uma dívida de 250 mil... Eu comprei uma livraria...

O ar seco prende o silêncio na cozinha. Foi um alívio tirar essas palavras da garganta, mas, ao ouvir, percebo o quão insano isso soa. Algo pesado se concentra no meu estômago, algo como chumbo, que vai se movendo para os pulmões, me deixando incapaz de respirar.

O desconforto daquele silêncio desesperador.

O silêncio insuportável acaba quando aquela risada que poderia derreter todo o Alasca invade a cozinha.
Meus olhos se dirigem para Adam, e só então percebo uma cicatriz perto do seu olho.

— Alguma piada? — pergunto.

Seu olhar se fixa em mim enquanto vejo Ben sair da cozinha ao atender uma ligação.
— Sim, você! — Seus lábios se curvam em um sorriso mais amplo.

— Como assim? Está achando graça disso?

— Claro, duzentos e cinquenta mil, chorando por miséria. — O jeito como ele leva a bebida à boca, despreocupado e estranhamente sedutor.

Filho da puta...

— Oh, se é tão pouco, Sr. Mauricinho, então me dê.

— Poderia te dar outra coisa, se quiser...

Engasgo com o vinho, sinto seu olhar descendo até os meus seios e percorrendo meu corpo, incendiando uma onda de calor.

O vinho, que há pouco era meu bálsamo, se transformou em gotas de vidro descendo pela minha garganta.
Eu sabia o que Adam estava realmente me oferecendo, mas fazer-me de sonsa é meu único talento real. E é claro que não poderia deixar de usá-lo.

— Outra coisa, tipo...? — seu sorriso já dizia tudo.
Oh, ele sabe jogar.

— Nada do que você não tenha visto antes. — Sua voz suave e cautelosa me domina com poucas palavras.
Sinto um calafrio percorrendo minhas costas.

Doce e bruta. Voraz e macia.
Oh.
Essa é a definição da sua voz. Em um instante, minha respiração se funde ao álcool e se evapora dos meus pulmões. Meus olhos, grandes traidores, não perdem tempo em percorrer as linhas abotoadas de sua camisa. Seu peito firme e forte demonstrando o que está por baixo. — E pensar que já estive em cima dele... — Porém, seu peito não chega nem aos pés do que está bem abaixo...

— Tate, amor, o gato comeu a sua língua? — Sua risada me desperta e percebo que entrei em colapso, percebendo também para onde estava olhando... Ou para qual parte.

— N-não, o gato não comeu a minha língua, e não, eu não sou seu amor, idiota.

— Marrenta.

— Bruto!

Um celular toca...
Oh céus, que seja o meu!

— Alô?
Ben atende outra ligação, me deixando ali com seu amigo.

— Eu estava falando sério, Tate. — Ele se aproxima, soltando-se do banco do balcão, dando passos lentos até ficar bem perto de mim.

Dois metros de altura. Sim, com certeza, essa é a sua altura. Tirando alguns centímetros a mais distorcidos pelo vinho, mas sem dúvida, ele é o homem mais alto que já vi na vida.

— Eu te dou o dinheiro que quiser por uma coisa...

A todo Poder Onde histórias criam vida. Descubra agora