capítulo 7

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Sem pensar muito, cravo minha mão em sua cara.

O estalo é tão alto que poderia ser ouvido até do outro lado da cozinha.

Não precisava ser tola para entender o que ele queria. Como todos os homens, ele só queria sexo, e de um jeito fácil. Como não? Uma mulher endividada toparia qualquer valor em troca de uma transa. A maneira perfeita de garantir não ir sozinho para a cama.

— Quem você pensa que é? — Sacudo a mão, sentindo a dormência da dor. — E o pior, quem você pensa que sou.

Uma sombra toma conta de seus olhos. O que antes era desejo, agora se torna algo como frieza.

— Querido anjo... — A arrogância dele muda toda a cena. O jeito como ironiza, dando a entender um elogio que mais parece um insulto.

Com uma delicadeza impecável, ele se aproxima tanto que consigo sentir o cheiro do uísque caro vindo de sua boca.

O timbre da sua voz faz meu corpo se acender, como se alguém encaixasse a peça certa no lugar exato.

Adam baixa a cabeça até seus lábios ficarem ao lado do meu ouvido e, então, diz em um sussurro delicado:

— Encoste em mim novamente assim e você não verá o amanhã.

Ele beija o pé da minha orelha. Me permito sentir essa onda de prazer até perceber a ameaça em suas palavras.

— Você está me ameaçando? — pergunto.

— Depende de você.

— Você realmente acha que estou tão desesperada a ponto de dormir com você em troca de dinheiro?

O sorriso dele me irrita. O modo como me olha, o sorriso que diz mais do que ele imagina.

— Não era esse tipo de troca, mas se você não consegue resistir... então...

Ele dá de ombros.

Em toda a minha vida, convivi com diversos tipos de pessoas: professores, amigos, até namorados. Nenhum deles me fez sentir algo tão repulsivo. Sempre fui do tipo que evitava brigas e tentava agradar a todos. Nunca tive alguém para odiar... Até agora. Adam era diferente. Parecia gostar de ser temido. Por onde passava, deixava sua marca. Ele é o tipo de homem que não se importa se alguém não vai gostar dele. Na verdade, ele mal se importa.

— Quer mais um tapa? — me inclino em sua direção.

Morreria? Talvez sim. Mas não me curvaria para homem nenhum.

— Admiro sua autoestima, Tate. Não estou tão bêbado assim para dormir com você. Aliás, nem de longe você faz o meu tipo.

Babaca.

Ele ri baixo, percebendo minha fúria.

— Me diz, Tate. Vai aceitar ou não?

— Aceitar o quê? — Ouço a voz de Benjamin, vinda de frente à porta da cozinha. Seu cabelo claro estava bagunçado, e seu rosto, avermelhado. Quem não o conhece não diria que ele estava prestes a ter um colapso nervoso.

— Vai ter que repetir? — Meu irmão se aproxima da bancada com passos lentos, fazendo a mesma pergunta que estava prestes a sair da minha boca.

— Vai, gente, fala, aceitar o quê?

O homem à minha frente percebeu o quão perto estava de mim. Já o seu cheiro tomou conta de um lugar sombrio na minha mente. Levaria uma vida inteira para conseguir esquecê-lo.

— Nada! — Minto descaradamente. Estava claro que algo estava acontecendo, só pelo fato de minha irmã estar tão perto de um cara que mal conhecia, mas já vira nu.

Tomo mais um gole do vinho.

Droga... Ele conseguiu azedar o meu vinho.


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