Capitulo 13

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Puta que pariu...

Salto da cama e corro para a sala.

Poxa vida, quem, em plena consciência, fica esmurrando a porta de madrugada? Que droga, são apenas 10h43 da manhã.

Caminho apressada até a porta, tentando controlar os fios rebeldes do meu cabelo. Tento prender em um rabo de cavalo, que, por sinal, ficou pior do que deixá-lo bagunçado como antes.

Com uma pontada de irritação, abro a porta com cautela.

Um homem de óculos, gravata e terno cor de madeira me dá um breve sorriso. Ele parece estar se divertindo com a visão de uma lunática completamente desgrenhada logo pela manhã.

— Posso ajudar? — pergunto, tentando entender o motivo da visita.

— Aqui é a residência dos Rollis? — Ele dá ênfase ao sobrenome da minha família.

— Sim, senhor. — Seu rosto inexpressivo varre a sala, como se procurasse algo ou alguém, observando com o olhar de quem quer entrar. Isso, é claro, está fora de questão. Já vi documentários sobre assassinatos que começaram exatamente assim. Não sou uma lutadora de MMA, mas, se necessário, posso voar nele. Felizmente, ele parece ser mais baixo e magro do que eu.

— Sou um dos advogados financeiros do senhor Adam Woods. Vim aqui para contatar a senhorita Elizabeth Rollis para assinar a nota fiscal do depósito de um valor alto. Pelo andar da situação, suponho que seja a senhorita, certo?

Ao ouvir isso, sinto minhas pernas fraquejarem.

— Adam não me disse nada. Pensei que ele iria esperar até vermos a data do cas... — Quase entrego tudo ao advogado. Adam deixou claro que eu não poderia vacilar em contar sobre o nosso acordo para ninguém. As únicas pessoas que sabiam eram eu, Ben e ele. Um deslize, e tudo poderia ir por água abaixo.

— Cas... casual encontro de nós dois. — Dou um sorriso simpático, tentando disfarçar, enquanto o homem me observa como se eu estivesse carregando uma bomba no sutiã.

— O Sr. Adam não pôde vir, então me deu as ordens.

"Ordens?"

— Não há motivo para prolongar o assunto. Assine aqui, e o dinheiro estará em sua conta até amanhã à tarde.

Sem contestar, assino. Não queria dificultar as coisas. A livraria me esperava, e, com todo esse dinheiro, eu até poderia construir um lugar para morar no segundo andar e sair da casa de Benjamin.

Já não aguentava mais dividir o espaço com ele. Amo Ben, mas ele pode ser muito controlador às vezes. Na noite anterior, quando mencionei o casamento, ele teve um ataque como eu nunca havia visto. Algo parecia estranho, como se ele não confiasse em Adam ou houvesse algo mais por trás disso.

Depois de fechar a porta e me despedir do advogado, vou para a cozinha e começo a preparar meu café. Pego os ovos e as torradas, colocando tudo sobre o balcão.

A manhã não começou mal. Afinal, não é todo dia que dois milhões caem na sua conta, né?

— Quem era na porta? — ouço a voz sonolenta de meu irmão entrando na cozinha.

— Era o advogado de Adam. Ele veio me fazer assinar uma autorização para liberar o dinheiro.

Seu semblante muda quando menciono o nome do amigo. Aquela amizade já não era a mesma de quando cheguei aqui.

— Tate, já disse que isso não é uma boa ideia. Existem tantas outras formas de conseguir dinheiro.

Ele simplesmente grita comigo, destruindo a boa sensação que eu ainda carregava.

— Como? — rio, sem humor. — Me prostituindo à noite?

— Não é o que você já está fazendo? Adam só quer te usar, e você parece estar gostando disso, como uma vadia.

E ali eu vi meu pai nele. O famoso senhor Rollis. O "amado" marido, "amado" advogado, "amado" pai... Mas, até hoje, ele só aceitava o amor de Benjamin. Ele nunca me chamou de filha, e, nas poucas vezes que dirigiu a palavra a mim, era para me xingar de "vadiazinha" ou algo pior. Desde que me entendo por gente, eu sabia que nunca teria o amor de um pai. Só queria ter um pai, mas, vivendo com tantas ofensas e humilhações, decidi me manter longe dele. Mudei-me, nunca visitei e jamais pedi um centavo.

Agora, vendo Ben agir assim, percebo que ele não podia fugir do DNA. E eu? Não podia mais viver daquela forma. Já não aguentava.

Largo a panela e o encaro nos olhos.

— Não vou ficar mais nenhum minuto aqui. Com licença. — Digo fria, sem emoção.

— Tate, para de drama. Eu só quis dizer que você tem outras maneiras... — ele tenta justificar.

— Claro. Mas e você, "o bom ajudador"? Mora em um apartamento de luxo, mas nunca teve coragem de me dizer como conseguiu isso!

Pego minhas coisas e saio de sua casa.

Com lágrimas nos olhos, chamo um táxi. Entro no carro e ouço o motorista perguntar para onde ir.

— The Luminous, por favor.

Eu não tinha mais o que esperar. Precisávamos nos casar ainda hoje.

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