Revelações

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Eren Jaeger

Naquela noite ao terminar o show fui informado por meu amigo Connie que havia um cliente interessado em uma apresentação privada. Confesso que revirei os olhos com a ideia de ter algum velho pervertido se masturbando, enquanto me observava dançar e retirar algumas peças de roupas. Não era sempre que eu aceitava clientes, e realmente não era algo que eu era obrigado a fazer. Eren Kruger era um stripper e esse era o personagem que eu assumia quando estava no clube, então eras algo que eu precisava fazer para não chamar a atenção desnecessária.
- Quem é o sortudo? - questionei ao meu amigo barman revirando os olhos.
- Um tal Rivaille. Na verdade é o mesmo cara que causou problemas com Hamuchi naquela noite, brigando por sua rosa. Por segurança vou pedir Reinner para ficar de olho. Nunca se sabe o quão violento esses caras podem ficar. Ainda mais estando fechados entre quatro paredes.
- Não precisa ocupar Reiner, Connie. - falei à medida que meus olhos observavam ao longe Sasha conduzir Levi para o andar de cima. E a julgar pela face de desgosto de meu ex, ela estava tagarelando algo.
- É melhor assim, teremos problemas com o chefe se aquele cara passar dos limites lá em cima. Sabe como DiPaolo fica furioso se não ficamos de olho em você. - revirei os olhos para Connie.
- Então chame outro. Não quero lidar com outro ataque de ciúmes de Berth. - falei enquanto caminhava para meu camarim para tomar um banho. Eu não poderia chegar perto de Levi vestindo essas roupas e coberto por suor e óleo brilhante. Sei que ele ficaria enojado.
Enquanto tomava um banho rápido tentava acalmar meu coração agitado. Ver Levi sempre me abalava demais, o que era estúpido já que eu não tinha nada com ele há quase uma década. Entretanto não era fácil esquecer alguém que se amou tanto, mesmo que hoje ele não passasse de um maldito devasso que se permite ser "sugado" por qualquer um em plena luz do dia onde qualquer criança inocente poderia ver.
Entretanto, suas atitudes atuais não mudaram quem ele foi em meu passado. Ele foi meu primeiro e único amor. O pai do meu filho. Tantas informações influenciavam meu julgamento. Eu ainda o amava e sabia disso.
A verdade é que no fundo acabei decepcionado com o homem que reencontrei. Minha ideia sobre ele havia parado no tempo. Naquela época ele era um jovem correto e cheio de sonhos. Contudo as pessoas mudam e Ackerman havia mudado e se tornado um depravado, pelo que pude perceber.
Não que eu fosse puritano, longe de mim. Tive minhas noites loucas com diversos homens, não há nada de errado com isso. Todavia jamais me expus do jeito que o vi. Em plena luz do dia, em um veículo do governo, que deveria estar combatendo o crime. Aquela cena com o policial me fez pensar se aquele era o tipo de pai que gostaria de apresentar a Lucca um dia.
A conclusão que cheguei é que eu era um maldito hipocrita. Afinal eu era bem pior que Ackerman. Havia me tornado um maldito assassino. Alguém que já havia perdido a humanidade em busca dos próprios interesses. E mesmo que esse interesse se resumisse achar uma criança desaparecida, não era justificável.
O infeliz que destrocei no parque que o diga. Mesmo que eu só tenha matado aquele homem para proteger Levi. Joshua era um experimento, assim como eu, outra cobaia da Genesis, mais fraca, mas ainda assim perigosa para um humano comum. Levi estava bem em seu território de "caça" e ao contrário de mim, Joshua caçava outros humanos por prazer.

Naquela noite, quando encontrei Levi, eu havia matado um dos informantes da organização porque ele estava mentindo sobre o paradeiro de meu filho apenas para ganhar tempo, deixei o infeliz pensar que poderia me matar, apertando meu pescoço, para depois mostrar a ele que sua tentativa de esganadura não havia surtido efeito. Di Paolo mandou eu o exterminar porque sabia que o idiota era um agente duplo e que estava causando problemas. Eu fiz como meu chefe mandou e fui para o parque depois. Precisava me acalmar e lá encontrei Levi. Ele estava sussurrando algo sobre pensar em alguém e imediatamente soube que eu era o motivo de sua insônia. Conversamos brevemente e percebi que existia outro "como eu" a nos observar o tempo todo. Por isso dispensei Ackerman rapidamente. Precisava matar o "fantoche" de Pixis, que nos observava por entre as árvores. Não poderia deixar aquele velho corrupto descobrir a existência de Levi. Isso colocaria meu ex em risco e jamais iria expô-lo de alguma forma. Ackerman ainda significava algo para mim. Por isso não hesitei em exterminar Joshua Bell, deixando minha flor sobre suas entranhas dilaceradas. Pixis precisava saber que me espionar não era uma opção. Claro que meu chefe ficou uma fera por matar alguém sem ter planejado antes.
Disse coisas sobre como era arriscado. Eu o ignorei como de costume. Na minha situação não havia muito a perder.
Deixei um longo suspiro para deixar meus lábios após tantos pensamentos conflitantes. Aquela altura, já havia concluído o banho e colocado uma roupa confortável.
Tentando acalmar a minha mente para o que viria a seguir, eu caminhei rumo à suíte exclusiva quando avistei Reinner vindo em minha direção.
- Quer que eu fique por perto? - Questionou o loiro com o olhar cheio de preocupação. O que mais amava em Braun era esse olhar. Ele sabia o que eu era, mas sempre me tratou como alguém que merecesse ser cuidado e isso era algo que eu havia perdido há muito tempo. Acho que jamais disse isso a ele.
- Eu vou ficar bem "Grandão". - minha mão tocou sua face pouco antes de beijar seu rosto. - Talvez devesse ir. Berthold ficará zangado. Não quero que tenham problemas de novo por minha causa.
– Berth e eu somos apenas amigos, Eren. – ele afirmou me olhando com uma das sobrancelhas erguidas.
– Você devia deixar isso mais claro para ele então. – brinquei com o loiro piscando de forma atrevida.
Ele apenas balançou a cabeça e se encostou na parede próxima deixando claro que não iria a lugar nenhum até que eu saísse em segurança.
Sorri para meu amigo e mais uma vez suspirei, ciente de que Levi estava ali e provavelmente havia me procurado para falar sobre o que aconteceu no parque. Levei a mão à maçaneta e preparei minha máscara de indiferença, pouco antes de abrir a porta.

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