As janelas da minha casa, faziam um barulho agudo metálico de abrir e fechar incessantemente. Acordei assustada, afastei a máscara de dormir até a testa e levantei da cama para fechar as janelas do quarto. Quando as fechei, virei e avistei um vulto de luz vermelha cintilante girando em volta da minha escrivaninha de vidro que direcionou-se apressadamente na minha direção.
— Bu! — balbuciou o espectro.
— Ah! — gritei de susto ao ver o espírito que apareceu subitamente diante de mim, encapuzado por uma enorme capa de linho vermelho-escuro com o rosto coberto por uma névoa vermelha cintilante que revelava apenas um sorriso misterioso.
Esquivei-me para trás e acabei derrubando o porta acessórios de ferro em forma de folha da minha escrivaninha.
O espírito deu uma risada assustadora.
— Olá Ellen Salles. Tudo bem com você?
— T-t-t-tudo — gaguejei, acenando com as mãos trêmulas. — Q–q-q-quem é você?
— Vem comigo que vou lhe dizer — sussurrou o espírito, com a voz esotérica. — Pronta para conhecer o seu possível futuro? — perguntou e abriu um sorriso sombrio misterioso e esotérico, no meio das nuvens vermelhas brilhantes que cobriam seu rosto.
— Sim — repliquei fingindo ter confiança ao pegar Safira que dormia em sua cama estampada com a gravura de ossadas de peixes.
— Resposta perspicaz. Mas, se eu fosse você, não estaria tão convicta assim.
— Então quer dizer que o meu futuro é deplorável? — indaguei ao espírito, engolindo em seco e me esquivando para trás com Safira nos meus braços.
— As pessoas pensam que o futuro é como um jogo de adivinhas — respondeu o espírito, estendendo seus braços brancos translúcidos, um deles segurando uma varinha em forma de cajado doce. E continuou a falar: — Mas não passa nem perto disso. Quando nascemos, ganhamos uma caneta que chamamos de escolha que determina a vida de cada ser humano. A pergunta é: como você está usando a sua caneta, Ellen? — O espírito dilapidou a difusa nuvem em forma de caneta em um estalar de dedos, transformando outra vez em varinha em forma de cajado doce.
Engoli em seco aquelas palavras, sentindo um calafrio repentino pelo corpo. Pressentir que o que eu estava prestes a vislumbrar não era nada parecido com que eu imaginava para o meu futuro. Então, de repente, o espírito estendeu sua varinha para o chão de mármore do meu quarto dizendo em voz alta:
— Futuro brilhante e delirante, mostre-nos o que vem adiante! — E fez sair um lampejo vermelho cintilante da sua varinha em forma de cajado doce.
Uma grande bola de luz vermelha cintilante surgiu (semelhante às que Laila e Lola fizeram aparecer usando suas varinhas) e imediatamente se aproximou envolvendo Safira, o espírito e eu, aniquilando-se em feixes de luz vermelha em formato de flocos de neve. Olhei em volta e constatei que ainda estava dentro do portal.
— Como você se chama? — perguntei ao espírito, me atrevendo corajosamente a olhar, ainda cismada, ao mesmo tempo em que acariciava a barriga de Safira, que dormia profundamente no meu braço.
— Sou Lily Navidad, espírito do Natal futuro — respondeu o espírito, se desfazendo da sua capa de linho vermelho-escura e se revelando na figura de uma mulher de pele branca translúcida, cabelos ruivos com franjas presas por uma fita de cetim gorgurão brilhante listrada de rosa e verde (no mesmo tom de rosa e verde do gorro de papai-noel que ganhei de Laila), coroa rosa-escuro excessivamente brilhante na cabeça, olhos azul-escuros, vestindo um belíssimo macacão verde-escuro todo bordado de fio de prata estampado com figuras de uma floresta de pinheiros e renas escondidas. E, nos pés, calçava botas de verniz rosa-escuro com os zíperes de pingentes de azevinho. — Desculpa,pela apresentação assustadora. Gosto de aparecer de uma maneira impactante.
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Estilista no natal
FanfictionEllen Salles é uma Jovem; bonita, criativa e estilosa. Dona de uma renomada confecção de moda em Paris. Que simplesmente odeia o natal, após os acontecimentos que aconteceram durante a sua infância. Logo após achegada da vida adulta, ela começou agi...