Evelyn3

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PERSÉFONE PEDE AJUDA




Quando a Deusa da primavera pede ajuda, é falta de educação recusar.

Nos confins da Floresta Norte, Evelyn foi chamada pela Deusa da vida após a morte.

— Me diga, menina — a deusa falou — está disposta a se arriscar para ter um presente meu?

Evelyn olhava para o chão, seus pensamentos se voltando somente para uma única coisa: qual presente a Rainha dos Infernos pode ofertar?

— O que eu tenho que fazer? — Evelyn olhou para Perséfone, seu rosto tão sério e estático.

A deusa sorriu. — Uma coisa simples. — ela fez brotar do chão uma flor amarela cheia de pétalas, que exalavam uma luz potente. — Quero o meu narciso de volta.

— Ué, mas não pode simplesmente fazer outro brotar do chão?

— Não é um narciso comum, é o meu narciso especial.

— Entendi... mas onde ele está? — ela cruzou os braços, não entendia pra que toda essa palhaçada. Perséfone a acordou, a atraiu para a floresta e ainda exigia que ela encontrasse uma flor, que segundo ela, era de extrema importância.

— Na verdade... eu não sei. — Perséfone se sentou em uma raiz grossa de árvore que se alongou até até ela. — Por isso mesmo te chamei aqui. Sabia mais do que ninguém que você não recusaria minha oferta.

— Qual seria? — Evelyn fitou a deusa, seus braços não mais cruzados, agora fincados pelas mãos na cintura.

— Eu vou deixar você ter o seu pai de volta.

Evelyn esperava tudo, menos isso. Quando uma deusa oferece algo assim, não se pode recusar. Por muitos anos, Evelyn leu livros de mitologia grega, estudou e viu de tudo um pouco. Uma história que sempre a interessou foi O Rapto de Perséfone.

Aquela velha e triste história de uma mãe e uma filha, separadas por desejos de homens egoístas e pelo ciclo da vida. Sempre foi destacado a tristeza de Deméter e a aflição de Perséfone pela saudade da mãe e da luz do sol.

Sempre que Perséfone aparecia, era descrita como uma garota jovem e alegre, tão doce como o mel e bela como um botão da primavera.

Mas essa não era a Perséfone filha, não a Donzela. Essa era a esposa de Hades, a Destruidora da Luz.

Ela era exatamente o que se esperar de uma deusa do submundo. Era alta e pálida como um defunto, tinha um longo cabelo ruivo e olhos pretos lindos como ônix. Usava um vestido preto-sepulcral, o corpete era cravejado de topázios e tinha saia ondulante.

Mas Evelyn logo reparou que o vestido não era preto, só era de um tom muito escuro de alguma cor. E sua pele nem era branca mesmo, só estava bem pálida, além de estar escuro, o que ajudava a disfarçar. Mas Evelyn guardou esse pensamento para si.

— Se eu procurar essa flor — Evelyn finalmente respondeu. — Eu vou poder ter meu pai de volta mesmo? Tipo, ele vai voltar à vida?

— Isso mesmo. Por mais que eu odeie sua mãe — a deusa revirou os olhos —, eu sinto pena de você. E além do que, eu sou a rainha do submundo, esse desejo eu posso conceder!

O Narciso de Perséfone Where stories live. Discover now