Até te encontrar - CAZZIE STORY

9. Nós e Sam

N/A: Tem uma nota ao final, não deixe de ler

Depois daquele beijo, as coisas entre Casey e eu ficaram diferentes. Não éramos exatamente um casal, mas havia algo novo, algo que nos aproximava mais a cada dia. Era como um segredo entre nós, algo que ninguém mais sabia — e essa exclusividade me deixa ao mesmo tempo animado e um pouco perdido. Eu ainda tentei entender o que senti, e uma das primeiras pessoas com quem quis falar sobre isso foi meu irmão, Josh.

Numa noite, enquanto estávamos no sofá assistindo a um filme qualquer, resolvi contar a ele.

— Josh, posso falar uma coisa meio importante? — disse eu um pouco hesitante.

— Claro, maninha. O que foi? — Ele me olhou, curioso.

Respirei fundo, reunindo a coragem que me tinha sobrado.

— Tem uma pessoa que eu estou... conhecendo,você sabe, de um jeito diferente, e é uma garota. — Eu o observo atentamente, esperando alguma ocorrência. - É Casey. 

Josh abriu um sorriso leve, como se já soubesse.

— Ah, então é isso? — Ele disse, e eu confirmei com um aceno. — Bom, Izzie, isso não é nada demais, sabe? Você está feliz? Por que isso é o importante pra mim.

Senti uma onda de ruptura. Como sempre, Josh sabia exatamente o que dizer.

— Eu também estou tentando entender o que isso significa pra mim, sabe? Não sei se sou... lésbica ou bi, mas acho que nada disso importa tanto assim agora. Só sei que Casey me faz sentir algo diferente de tudo o que senti antes.

Josh colocou a mão no meu ombro, transmitindo a tranquilidade que eu preciso.

— Izzie, é o que você disse: o que importa é o que você sente. Só viva isso. Rótulos são só... rótulos. — Ele pediu.

No dia seguinte, encontrei Casey depois do treino. Eu estava ansiosa para vê-la, mas percebi que ela estava meio distante. Talvez fosse o jeito dela de proteger o que tínhamos, mas aquilo me incomodava.

— Ei — falei, tentando parecer casual — Por que você parece estar me evitando?

Ela me olhou sorrindo no canto, mas era um sorriso meio incerto.

— Não quero que você se sinta pressionado, Izzie. Não quero que isso atrapalhe você com outras pessoas... - disse ela gesticulando entre nós duas. 

Aquilo me atingiu como uma barreira invisível. Eu gostava dela e queria que as coisas fossem claras.

— Eu só não quero que pareça que estamos escondendo o que sentimos — respondi, minha voz saindo mais baixa do que eu queria.

Ela concordou, parecendo pensar sobre o que eu disse, mas a conversa foi interrompida quando um dos amigos de Casey, Davis, chegou e nos chamou para uma reunião do clube de teatro e literatura.

Durante o encontro, Davis me entregou um livro, "Anna Karenina" de Leo Tolstoy.

— Acho que você vai gostar — ele disse, sorrindo. — É um romance clássico, cheio de conflitos e... tensão não resolvida. Você vai se identificar.

Agradeci, rindo de leve, e folheei o livro. Talvez ele tenha ouvido mais do que eu entendi.

No final do treino conjunto de cheers, atletismo, volei e basquete, quando já estávamos no vestiário, conversando sobre tudo e nada, Casey recebeu uma ligação urgente. Ela atendeu rapidamente, franzindo a testa, e seu rosto mudou de expressão enquanto ouvia do outro lado da linha.