7. Preciso conversar

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Pov Casey:

Eu me lembro exatamente da primeira vez que vi Izzie. Estava no meu treino de basquete, e, mesmo distraída, foi impossível não notar quando ela entrou no ginásio, parecendo meio perdida. Ela estava parada perto da entrada, os olhos analisando tudo ao redor, como se estivesse tentando entender exatamente onde tinha se metido. Tinha um ar de curiosidade, mas também um pouco de desconfiança. Parecia não saber se aquilo era o lugar certo para ela. E, por algum motivo, aquilo me chamou a atenção.

Ela não era como as outras garotas que eu conhecia. Suas roupas eram simples, o cabelo preso de um jeito meio bagunçado, e seu olhar tinha algo de intenso e genuíno, como se ela estivesse observando cada detalhe com um cuidado que poucas pessoas têm. No intervalo do treino, me peguei olhando para ela mais do que eu deveria. Eu não sabia exatamente o que me atraía tanto, mas alguma coisa ali me fazia querer descobrir mais sobre aquela garota nova e misteriosa.

Nos dias seguintes, fui tentando me aproximar. Descobri que ela era da turma de biologia e a convidei para clube de leitura que eu tinha fundado por pura teimosia, e que sempre foi uma forma de me desligar da pressão de ser "a filha prodígio", a atleta com grandes chances de uma carreira universitária. Queria saber se ela era realmente diferente, se tinha um jeito de pensar único, ou se seria só mais uma pessoa comum que passaria pela minha vida. Algo nela me intrigava, e eu precisava saber se aquilo era real.

Quando fomos tomar café juntos pela primeira vez, uma semana depois de a conhecer, eu já sabia que estava em apuros. Só não queria admitir. Eu não me apaixono fácil. Na verdade, sempre fui do tipo de pessoa que evita envolvimentos emocionais, especialmente porque isso sempre trazia complicações. Mas, com Izzie, foi diferente. A maneira como ela sorria quando eu fazia uma piada, o jeito como franzia o nariz ao tentar entender minhas histórias sobre o basquete ou até quando mordia o lábio intrigada com algo, tudo nela era encantadoramente espontâneo.

Lembro que, naquele dia, enquanto esperávamos nosso café, ela soltou uma risada verdadeira, e por um momento eu percebi que nunca tinha desejado tanto estar perto de alguém. Aquela simplicidade, o jeito como ela falava sem rodeios, era como uma lufada de ar fresco na minha vida, tão cheia de regras e expectativas.

A partir desse momento, não consegui mais me afastar. Cada conversa, cada pequeno detalhe sobre ela, só me deixava mais e mais interessada. Ela era diferente, sim – curiosa, inteligente, e com um jeito de olhar o mundo que me desafiava a ser mais honesta comigo mesma. Ao longo das semanas, fui percebendo que Izzie estava se tornando parte essencial dos meus dias.

Foi então que as coisas começaram a mudar. Ela se abriu comigo, me contou sobre sua família e sobre as dificuldades que estava enfrentando. Eu quis abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem, mas sempre tive receio de ultrapassar essa linha. A última vez que me envolvi emocionalmente com alguém, isso acabou virando um grande mal-entendido, com meu nome estampado em tabloides e fofocas. Depois disso, prometi que não deixaria ninguém chegar tão perto. Mas Izzie... ela me fazia querer quebrar essa promessa.

Em uma das nossas noites de café, ela comentou que eu havia lhe emprestado Orgulho e Preconceito, e que isso tinha tocado algo dentro dela. Seu jeito de falar sobre o livro me fez sentir uma pontada de esperança. Será que ela também estava sentindo algo diferente? Eu quis perguntar, mas fiquei com medo de estragar o momento.

Naquela mesma noite, quando a deixei em casa, vi que seu namorado, Nate, estava esperando por ela. Senti um aperto no peito, mas tentei disfarçar. No fundo, sabia que não tinha o direito de me sentir assim. Ela tinha uma vida antes de mim, e eu estava tentando encontrar meu lugar nela, eu então a convidei para ver um jogo comigo. Izzie era sempre muito positiva sobre tudo, eu via no fundo de seus olhos que ela estava torcendo genuinamente por mim. Eu queria tanto que ela estivesse lá comigo, que aceitasse fazer parte de algo que era tão importante para mim. Quando ela aceitou, fiquei mais feliz do que gostaria de admitir. Durante o jogo, nos divertimos como nunca. Foi uma das melhores noites que tive em muito tempo. Ela estava tão animada, torcendo ao meu lado, gritando e rindo, que eu só queria que o tempo parasse ali, naquele momento perfeito. Depois do jogo, compramos slurpees de algodão doce e rimos do quanto aquilo era infantil, mas a verdade é que eu faria qualquer coisa para continuar ao lado dela.

Na saída, encontramos Rachel, uma líder de torcida da equipe de Izzie, e ela maldosamente fez a pergunta que eu mais temia. Era questão de tempo para todos na escola estarem comentando sobre nós. E, por reflexo, respondi rápido demais, negando. Eu não queria que ela achasse que estava sendo pressionada, só porque alguém havia insinuado isso. Mas a verdade é que minha resposta saiu tão depressa que, ao ver a expressão de Izzie, percebi que poderia ter magoado ela.

Fomos para casa em silêncio, e eu me amaldiçoei o caminho todo por ter agido de forma tão impulsiva. No fundo, tinha medo de admitir o que estava sentindo. Passei o sábado todo esperando uma mensagem dela, algo que mostrasse que não havia estragado tudo. Mas o silêncio foi doloroso, passei o dia esperando um oi, ou até mesmo que ela me chamasse para fazer algo, mas não aconteceu, num momento eu me convenci de que ela estava ocupada demais pra falar comigo, mas Izzie não era assim. 

No fim da noite, percebi que não podia mais esperar. Eu precisava vê-la, falar com ela e deixar claro o quanto ela significava para mim. Dirigi até a casa dela, e, quando cheguei, fiquei ali, em pé, tentando reunir coragem para bater à porta.

Peguei meu celular e enviei uma mensagem: "Estou na frente da sua casa. Preciso conversar."

Quando ela apareceu na porta, olhando para mim com aquela expressão confusa, soube que tinha feito a coisa certa. Era hora de sermos honestas uma com a outra.

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