10. Mentiras ou verdades?

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Na manhã seguinte, ao entrar na escola, percebi que algo estava diferente. Os olhares. Os cochichos. O modo como algumas pessoas prestaram mais atenção em mim e Casey quando passávamos pelos corredores. Era sutil, mas inegável.

Casey e eu estávamos mais próximos, e, embora não tivéssemos feito nada de público que justificasse toda aquela atenção, parecia que a escola inteira já tinha começado a juntar as peças.

Durante o treino de líderes de torcida, Hayley não conseguiu se segurar.

— Então, Izzie... — ela começou, enquanto amarrava seu tênis, a voz carregada de insinuações. — Você e Casey andam bem juntos ultimamente, né? Tem algo que a gente deve saber?

— Não tem nada, Hayley — respondi rapidamente, tentando subir despreocupada. — Somos amigas, só isso.

Ela arqueou as sobrancelhas, claramente duvidando.

— Amigas, certo. É engraçado, você sabe? Casey sempre tem essas... fases. Uma hora, ela está super próxima de alguém, e depois, do nada, some. Você sabe, né? As novas sempre têm uma história para contar sobre ela.

Engoli em seco, tentando manter a expressão neutra. Não queria demonstrar que aquilo mexia comigo. 

— Não acho que isso tenha algo a ver comigo — desconversei, tentando parecer ocupado ajustando o cadarço do meu tênis. — E, além disso, eu tinha um namorado até outro dia. Não estou interessado em mais nada no momento. Só terminei com ele porque a distância ia ser complicada, só isso.

Hayley deu de ombros, mas sua expressão dizia que ela não acreditava em mim.

Depois do treino, enquanto voltava para casa, os comentários de Hayley ecoavam na minha mente. Por mais que eu confiasse em Casey, era difícil ignorar a insinuação de que ela tinha um histórico complicado. Eu queria acreditar que ela não era assim comigo, mas aquela dúvida incômoda começou a se formar.

Naquela semana, uma mensagem no grupo da escola anunciou uma festa no galpão dos pais de Harry, um dos atletas de vôlei. Casey e eu fomos convidados, e, embora eu hesitasse em ir, ela parecia animada.

— Vai ser divertido, Izzie — Casey disse,  enquanto caminhávamos pelo corredor. — E, se você quiser, podemos ir só por um tempo.

A festa no galpão dos pais de Harry estava em pleno vapor quando chegamos. As luzes coloridas iluminavam o espaço de forma irregular, enquanto a música alta fazia tudo vibrar ao nosso redor. Casey parecia relaxada, rindo e cumprimentando algumas pessoas. Eu, por outro lado, me senti um pouco deslocado, mesmo Casey fazendo questão de me aresentar as pessoas que não me conheciam. Não era o tipo de lugar onde eu costumava estar, mas a presença de Casey tornava tudo mais suportável.

Por mais que estivéssemos próximos, Casey evitou qualquer tipo de toque que pudesse parecer mais íntimo. Era como se ela estivesse ciente de todos os olhos ao nosso redor. Isso me incomodou um pouco, mas eu tentei não demonstrar.

Ela segurava minha mão de leve enquanto atravessávamos a multidão em direção ao fundo do galpão, onde as bebidas estavam. Cada toque, por menor que fosse, me fazia sentir como se o resto do mundo desaparecesse. Era um sentimento novo, mas ao mesmo tempo, assustador. Por mais que estivéssemos próximas, Casey mantinha uma certa distância. Seus olhos olhavam constantemente, verificando ao redor, como se estivesse sempre consciente de quem estava olhando.

Perto da mesa de bebidas, nos encostamos em uma das paredes, conversando e rindo de coisas bobas. Casey me mostrou memes no celular e imitou vozes engraçadas para me fazer rir. Por um momento, consegui esquecer os olhares curiosos que sentia vindos de todos os cantos da sala. Era como se, naquele instante, só existíssemos nós duas.

Até te encontrar - CAZZIE STORYOnde histórias criam vida. Descubra agora