11. Framboesa com limão

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O sol ainda nem havia se erguido completamente quando ouvi a batida na porta, mas foi o som da voz do meu pai que me fez despertar.

— Izzie, tem alguém aqui para você — ele disse, sua voz firme, mas sem aquele tom de julgamento.

Eu me virei na cama, confusa e ainda meio sonolenta. O coração acelerou, como se soubesse o que estava por vir antes mesmo de meu cérebro acompanhar. Levante-me devagar, vesti o primeiro moletom que encontrei jogado no chão. Quando cheguei à porta do meu quarto, meu pai estava no corredor, olhando para mim com uma expressão indecifrável.

— É Casey — ele disse. — Ela está na porta com... bem, você precisa ver por si mesma.

Esfreguei os olhos e respirei fundo, tentando me preparar para qualquer coisa que pudesse acontecer. Quando cheguei à porta da frente, vi Casey parada ali, segurando um buquê de tulipas brancas perfeitamente arranjadas em uma das mãos e, na outra, um copo grande de Slurpee que já começou a derreter. O cabelo dela estava um pouco bagunçado, e o capuz da jaqueta que usava estava puxado para trás, revelando seus olhos cansados, mas firmes.

— Hey, bom dia Izzie — ela disse, com um sorriso hesitante.

Eu não sabia o que dizer. Casey parecia deslocada, vulnerável até, como se estivesse colocando tudo no jogo só por estar ali. Meu pai ainda estava ao meu lado, observando a cena. Quando percebi que eu não sabia como reagir, ele colocou a mão no meu ombro antes de sair discretamente em direção à cozinha.

Fiquei ali, olhando-a, sem saber por onde começar. Casey parecia desconfortável, movendo-se de um pé para o outro. Finalmente, ela estendeu o buquê e o Slurpee em minha direção.

— Eu sei que isso parece bobo... mas tulipas brancas significam perdão. E o Slurpee... bom, é porque você sempre diz que eles são o motivo das manhãs valerem a pena.

Peguei as flores e o Slurpee automaticamente, mas continuei olhando para ela, esperando que dissesse algo mais.

— Izzie, eu sei que ontem foi... foi uma bagunça. E a última coisa que eu quero é te machucar ou fazer você se sentir inseguro comigo. — Casey passou a mão pelo cabelo, um gesto nervoso que eu já reconheci bem. — Samantha aparecer na festa... foi como um lembrete de como eu costumava ser. De como eu lidava mal com as coisas. Mas com você... eu quero ser melhor. Quero fazer isso certo.

As palavras dela eram sinceras, mas o nó na minha garganta ainda estava lá.

— Por que você não me contou sobre ela antes? Ou sobre alguma coisa do seu passado? — disse finalmente. Minha voz saiu mais firme do que eu esperava.

Casey suspirou, parecendo mais cansada do que nunca.

— Porque eu estava com medo de que você me julgasse. — Ela deu um passo em minha direção, mas manteve uma distância segura, respeitando meu espaço. — Eu não sou perfeita, Izzie. Tenho um histórico de evitar compromissos, de não lidar com os meus sentimentos. Mas com você... é diferente. Eu sei que não posso mudar o passado, mas posso tentar ser melhor para você. Para nós.

Houve um longo silêncio. Casey parecia estar aguardando um veredito, mas eu ainda estava processando tudo. Finalmente, suspirei.

— Eu preciso de tempo, Casey. Não posso simplesmente esquecer tudo o que aconteceu ontem. Mas também não quero te afastar. — Minhas palavras saíram hesitantes, mas eram honestas.

Casey concordou, aliviada.

— Eu entendo. E eu vou dar o tempo que você precisa. Mas saiba que não vou desistir de tentar provar que estou aqui por você, e que isso não é só mais um... caso de verão.

Até te encontrar - CAZZIE STORYOnde histórias criam vida. Descubra agora