EPIFANIAS DO RENASCIMENTO [BL]

Capítulo 52

A boca de Wang Quan se abriu e, com uma única colherada, ele esvaziou o restante do arroz misturado com molho de feijão da tigela, engolindo tudo em poucas mastigadas.

Sua sugestão parecia apenas uma fala despretensiosa, mas Lin Jingzhe captou algo importante de imediato. Ele subitamente percebeu que seu próprio pensamento era realmente muito limitado, negligenciando muitas possibilidades ao longo do tempo.

Ele queria melhorar a vida da família Zhou, mas só conseguia pensar em convencer a mãe Zhou, habilidosa na cozinha, a abrir uma loja e trabalhar como autônoma. Wang Quan, no entanto, era diferente. Ele era, afinal, alguém que construíra um império no setor de manufatura com sua própria competência. Bastou uma observação sua para iluminar o caminho -

"Como esperar que pratos feitos artesanalmente um a um possam competir no mercado com produtos de linha de produção?"

Na sociedade atual, o comércio estava apenas começando a se desenvolver; cada setor, especialmente o de alimentos, era como um bebê recém-nascido ainda em seu berço. A maioria das pessoas comuns era econômica e não tinha recursos para gastar em temperos luxuosos além dos essenciais como arroz, óleo e sal. No entanto, em um futuro não tão distante, qual família não teria alguns potes de molhos e picles na geladeira?

Lin Jingzhe se lembrava bem de uma experiência pessoal: a primeira vez que foi enviado ao exterior pela empresa na sua vida passada. Foi sua primeira viagem internacional e, depois de seis dias em Londres, ele e seus colegas estavam desesperados, quase famintos, procurando algum supermercado chinês para comprar um pote de picles ou macarrão instantâneo.

A demanda das pessoas por comida se tornaria cada vez mais intensa à medida que a situação econômica melhorasse, e o solo sob seus pés, com seus bilhões de habitantes, carregava um mercado com potencial impressionante!

Refletindo sobre isso, Lin Jingzhe sentiu um calafrio. Pegou uma fatia de carne bovina elogiada por Wang Quan e a colocou na boca. Ao mastigar, além da ardência harmoniosa da combinação do molho, alho e coentro, ele sentiu também a textura suave, mas resistente, dos grãos de soja na pasta de feijão fermentada pela mãe Zhou, uma diferença gritante em relação aos molhos industrializados do futuro. Cada grão estava impregnado com um sabor profundo e apetitoso.

Ele nem estava com fome, mas, ao provar a carne moderadamente salgada, não resistiu e pegou uma grande porção de arroz para acompanhar.

Do outro lado da mesa, Wang Quan já estava na sua segunda tigela. Ele praticamente esvaziara o pote de pasta de feijão e, sem opções, voltou-se para os picles. O sabor o pegou de surpresa novamente. Enquanto mastigava os pedaços secos de nabo cortados pela mãe Zhou, ele devorou uma tigela de macarrão espesso e, em seguida, pegou um osso de carneiro do pote de esmalte, sugando o tutano.

Com os olhos esbugalhados de tanto comer, ele ainda elogiava genuinamente a tigela de macarrão: "Esse macarrão está bom demais."

O "macarrão de caldo grosso" era outra criação única da mãe Zhou. Apesar de ser uma mulher comum e sem traços de destaque, ela tinha uma habilidade única em combinar ingredientes de maneira inventiva. Carne moída salteada com cebola e alho, misturada com tiras finas de nabo, cogumelos frescos picados e brotos de bambu, engrossada com amido de milho para criar um caldo espesso.

Antes de servir, ela jogava um punhado de pedaços de vegetais em conserva, cebolinha, coentro e uma pitada de torresmo fresco triturado, misturando tudo e despejando sobre o macarrão cozido em caldo de ossos.

Antes de comer, era essencial acrescentar uma colher do óleo de gergelim picante feito por ela mesma. O caldo espesso, saboroso e encorpado envolvia cada fio de macarrão. O sabor intenso do óleo de pimenta, junto ao aroma do torresmo, fazia daquela tigela algo comum, mas ao mesmo tempo extraordinário. Até mesmo Lin Jingzhe não conseguia resistir, muito menos Wang Quan, que provava aquela iguaria pela primeira vez.