EPIFANIAS DO RENASCIMENTO [BL]

Capítulo 92: Extra 【Retorno Triunfal - Parte 2】

A luz suave da manhã invadia o antigo bairro de Qunnan.

Essa área era composta por moradias de realocação que não tinham as melhores condições de vida, construídas nos primeiros anos dos anos 2000 e sem os benefícios de moradias recentes. Ainda era cedo, mas já se ouvia, vindos de baixo, buzinas de carros e latidos de cães. Alarmes de motos e scooters soavam alto quando tocados acidentalmente, e moradores dos andares superiores, despertados do sono, abriam as janelas para discutir com quem passeava com os cachorros lá embaixo.

"Porra! É só um cachorro, e você, um homem, está mesmo discutindo com ele?"

"Merda! O cachorro não entende, mas você, o dono, também é um animal?"

O bate-boca continuava, e todos os barulhos invadiam as paredes finas dos apartamentos, como se não houvesse isolamento acústico.

Com uma expressão sombria, Jiang Xiaoyun cuspiu a espuma de pasta de dente na pia: "Discutindo, discutindo... bando de azarados!"

O clima úmido e abafado de agosto em Qunnan tornava o banheiro apertado e escuro ainda mais sufocante. Mesmo incomodada com o barulho de fora, ela foi obrigada a abrir a janela, o que deixou o ambiente impregnado com o cheiro da rua.

Seu marido, Liu De, esperava do lado de fora do banheiro, desgrenhado e usando um short velho. Meio adormecido, ele coçava a perna e perguntou: "Já terminou? Quero tomar um banho."

"Banho, banho, banho! Pra quê tanto banho?" Jiang Xiaoyun olhou para a barriga dele, flácida e à mostra, e sentiu a raiva crescer. Ela bateu o copo de escova de dentes com força na prateleira, empurrando o marido para fora: "Bem que podia se afogar!"

Liu De observou a esposa se afastando, furiosa. Em poucos segundos, voltou à sua expressão indiferente. Desde que se mudaram de Liyun para Qunnan, ela vivia assim, sempre insatisfeita, irritada com tudo. Seria estranho se algum dia ela estivesse de bom humor.

Os apartamentos de realocação tinham um layout estranho. A saída do banheiro ficava diretamente na cozinha, e Jiang Xiaoyun, ao sair, tropeçou na pequena mesa, que estava mal colocada. Irritada, ela começou a xingar, quase explodindo de raiva.

"Esse apartamento é tão pequeno que dá pra esbarrar até num peido!"

E assim, seu foco logo se voltou para as críticas à falta de capacidade do marido. Liu De, com a escova de dentes na boca, fechou a porta para bloquear os gritos.

Ele nunca entendeu por que Jiang Xiaoyun reclamava tanto. Afinal, a família não continuava vivendo nesse pequeno apartamento de setenta metros quadrados? Para ele, o lugar era adequado. Embora menor que a antiga casa em Liyun, pelo menos tinham um lar em Qunnan.

Muitas pessoas ainda alugavam apartamentos em Qunnan e viviam felizes. Não era isso que realmente importava em uma casa?

Depois de xingar a mesa e chutá-la de leve, Jiang Xiaoyun ficou ainda mais frustrada ao vê-la balançando perigosamente. Ao sair da cozinha, encontrou o filho, Jiang Run, deitado no sofá, jogando no celular.

Ele estava com o último modelo de smartphone da Hero, uma edição comemorativa das Olimpíadas. Foi lançado mundialmente uma semana antes da cerimônia de abertura, e a demanda foi tão alta que virou notícia. Jiang Run, sempre ávido por novidades, passou a noite em uma fila para conseguir um, usando o cartão de crédito dos pais para a compra. Até hoje, Jiang Xiaoyun ainda se lembrava do susto que tomou ao ver o valor na conta.

O som do jogo saía claro do alto-falante. Jiang Xiaoyun reconheceu que era aquele tal de Lenda das Artes Marciais II, jogo que Jiang Run começou a jogar quando teve problemas no trabalho e nos estudos. Depois de alguns anos, ele se fixou nesse jogo, introduzido por uma grande empresa chamada Feifan. Ele era popular entre os gamers, embora tivesse um sistema para evitar o vício, limitando o tempo de jogo com base na idade e exigindo identificação com documento.