Saudade

97 15 5
                                    

Yasmim Lemos
São Paulo 📍

Matheus e eu nos falávamos do bom dia ao boa noite desde aquele dia, o que era bem estranho na verdade.

Primeiro, por que ele não parecia esse tipo de cara, segundo, porque nosso papo fluia demais.

Quando eu fiquei com ele, eu não tinha a menor intenção de "ter" alguma coisa, ou de sequer me manter conversando com ele.

Qual é? Eu cresci no meio de jogador de futebol, conheço muito bem a raça, mas essa necessidade de estar sempre falando com ele era meio confusa.

Principalmente porque eu estava com saudade.

Porra eu tava morrendo de saudade.

Eu fiquei ocupada demais nos últimos dias, com a minha volta pro Brasil tinha muita coisa pra eu colocar em ordem, tipo muita mesmo e ele tinha ido pra Londrina já que não jogaria contra o Vitória porque estava suspenso e depois já ia ter data fifa.

O que era uma merda, odiava data fifa.

Mas odiava mais ainda ele estar em outro estado e eu não poder ver ele.

Matheus tinha feito uma chamada de vídeo comigo ontem, me mostrou a casa dele, falou um monte de nada com nada e me arrancou boas risadas.

Mas hoje ainda não tinha me mandado nem um bom dia.

E eu fiquei mais irritadiça que o normal. Já era de se esperar que ele fosse enjoar desse viadagem toda nossa.

Mas pô, tava gostosinho.

Até pensei em ligar, pra ver se estava tudo bem, mas era muita humilhação. Ele no mínimo estava atracado com alguma ex de Londrina.

Eu estava concentrada em limpar o aquário do Carlos sem mata-lo quando meu interfone tocou.

-Ué. - Murmurei. -Oi? -Atendi.

-Yasmim, Matheus está aqui, pode liberar? - Meu coração de repente virou uma escola de samba.

-Pode, obrigado. - Agradeci e sai correndo pela casa.

Quando ele voltou de Londrina?

Me olhei no espelho e não tinha nada demais, eu estava desarrumada mas bonita, pra quem já tinha me visto acordar, isso aqui não era nada.

Esperei pelo elevador chegar impaciente e com o coração acelerado. Ouvi quando o elevador chegou mas esperei ele tocar a campainha.

Respirei fundo antes de abrir, e lá estava ele.

Sorrisinho no rosto, boné preto, moletom vermelho e bermuda, e do lado dele uma mala pequena de rodinha.

-Veio morar comigo? - Perguntei olhando a mala. - Vamo com calma jogador. - Ele revirou os olhos e me puxou pela cintura me dando um selinho demorado.

-Vim direto do aeroporto pô. - Falou contra a minha boca.

-E posso saber por que?- Perguntei dando passagem pra ele entrar.

-Porque eu queria ver uma certa morena proibida. - Eu abracei ele sem conter o sorriso. - Tava com saudade. - Ele beijou meu pescoço.

Pô que isso.

-Não sabia que ia voltar hoje. - Falei.

Nunca iria falar que eu também estava com saudade.

-Eu não ia. - Falou me soltando e olhando o apartamento. - Os treinos só voltam daqui dois dias, mas eu adiantei a volta. - Ele parou em frente o aquário. - Ele não tem cara de Carlos. - Apontou pro peixe.

PROIBIDA | MATHEUZINHO Onde histórias criam vida. Descubra agora