A Trilha do Caçador

O Enigma das Sombras

Edimburgo, Escócia. O vento cortante uivava pelas ruas de paralelepípedos, balançando as árvores secas como se fossem sombras errantes. As lâmpadas de rua, fracas e amareladas, lançavam sombras distorcidas sobre o cenário medieval da cidade. A noite estava mais escura do que o normal, como se o próprio céu estivesse retendo um segredo sombrio.

A detetive Claire MacMillan, vestida com seu casaco de lã escuro, caminhava apressada pela Royal Mile, sua mente imersa nos últimos acontecimentos. Não conseguia afastar a sensação de que algo estava prestes a acontecer, algo que ela não poderia impedir. A cidade parecia viva, mas não de uma forma calorosa. Era como se ela estivesse observando, esperando o momento certo para revelar o que se escondia em suas vielas e ruas silenciosas.

Ela chegou até o local do crime. Um pequeno beco, isolado, onde as sombras pareciam engolir tudo o que se aproximava. O cheiro de sangue ainda pairava no ar, uma presença pesada que Claire sentia em seus pulmões, mesmo antes de ver o corpo.

A vítima, um homem de meia-idade, estava estendida no chão frio, seu rosto pálido e sem vida, seus olhos arregalados em um olhar vazio e perdido. Claire observou com atenção. Não havia sangue ao redor, algo incomum para uma cena de assassinato tão brutal. O assassino não havia deixado rastros óbvios, mas Claire sabia que ele estava ali, em algum lugar, observando-a.

O que mais a incomodava era o símbolo esculpido no peito da vítima. Um desenho intrincado, como um padrão celta, meticulosamente gravado na pele, com uma precisão que parecia sobrenatural. Claire se agachou, examinando os detalhes. Era o mesmo símbolo encontrado em todos os outros assassinatos desde que o caso começara.

"O Caçador da Meia-Noite", como a imprensa o chamara, deixara sua marca mais uma vez.

Claire sentiu um arrepio. Ela já vira símbolos semelhantes antes, mas nunca dessa forma. O assassino estava se comunicando, ou talvez, desafiando-a. Ela franziu a testa, sua mente trabalhando a mil por hora. O que ele queria? O que ele estava tentando dizer? O simbolismo estava se tornando um padrão, mas ainda não havia explicação para sua escolha ou motivo.

"Detetive MacMillan", disse uma voz baixa e grave. Claire se levantou e se virou, encontrando o detetive Fraser, seu parceiro de longa data, aproximando-se com uma expressão sombria. Ele era o único que conhecia os pesadelos que ela carregava, mas mesmo ele parecia perturbado pela cena diante deles.

"Tem mais alguma coisa?", perguntou Claire, sua voz fria e controlada. Ela já sabia que algo estava prestes a mudar. Cada crime, cada pista, era uma peça de um quebra-cabeça que ela ainda não conseguia montar.

Fraser balançou a cabeça. "Nada fora do comum, mas ele está ficando mais ousado. Esse... esse símbolo é algo novo. Nunca vimos antes."

Claire não respondeu imediatamente. Ela olhou novamente para o corpo, a sensação de desconforto crescendo. "O Caçador não está apenas nos matando. Ele está nos desafiando, nos levando a algo maior."

"Você acha que ele sabe quem você é?", perguntou Fraser com um tom sombrio. Era uma pergunta que Claire havia evitado fazer, mas não podia ignorar. O assassino parecia estar se aproximando demais, como se soubesse exatamente onde ela estava, o que ela faria a seguir.

Claire respirou fundo, seus olhos se fixando no símbolo. Ela sentia que o assassino estava tentando testá-la, empurrando-a para limites que ela nunca imaginou alcançar. E sabia, no fundo, que ele estava apenas começando.

"Ele sabe", respondeu Claire, mais para si mesma do que para Fraser. "E nós estamos muito mais perto de encontrar ele do que imaginamos."

O vento aumentou, batendo contra os edifícios antigos e ressoando nas pedras úmidas do beco. A cidade de Edimburgo parecia estar viva, como se estivesse respirando com eles, aguardando o próximo movimento do Caçador.

E enquanto Claire olhava para o céu nublado, uma sensação estranha tomou conta de seu corpo. Ela sabia que, em algum lugar lá fora, o Caçador da Meia-Noite estava observando. E ele estava se preparando para dar o próximo passo.

Ela apenas não sabia que esse passo a levaria direto para o abismo de seus próprios medos.