Claire caminhava pelas ruas da cidade, a noite densa envolvendo cada esquina como um manto escuro. Sua mente ainda estava cheia de imagens do Caçador caído no chão do hospital, mas algo estava diferente. A sensação de alívio que ela imaginara sentir estava se transformando em algo mais perturbador. Como se a paz fosse temporária, uma ilusão que logo seria quebrada.
O silêncio da cidade parecia carregar um peso incomum. O som de seus próprios passos, ecoando nas ruas desertas, se misturava com o sussurro do vento que cortava o ar frio. Cada sombra parecia mais densa, mais ameaçadora. Claire apertou a bolsa contra seu corpo, sentindo um peso que não era físico, mas psicológico. Algo estava errado, e ela sabia disso.
Ela olhou para trás, como se esperasse ver algo. Mas não havia ninguém. Ela tentou sacudir a sensação de ser observada, mas quanto mais tentava se convencer de que estava sozinha, mais sua mente insistia que algo a seguia.
De repente, seu celular vibrou. Ela olhou para a tela com um arrepio, mas o número desconhecido a deixou ainda mais tensa. Hesitou por um segundo antes de atender.
— Claire... — a voz, baixa e quase sussurrada, fez seu coração parar. Era uma voz que ela nunca imaginaria ouvir novamente. A voz do Caçador.
Ela sentiu um nó na garganta e o pânico se alastrando por seu corpo. Como ele poderia estar vivo? Ela o havia deixado para trás, caído, sem forças. A última coisa que ela imaginara foi que ele sobreviveria. Mas ali estava ele, como um espectro, retornando para assombrá-la.
— Não... você não pode estar vivo — Claire murmurou, a voz falhando.
Ele riu, uma risada abafada e macabra, como se cada som fosse um veneno infiltrando-se em suas veias. — Você acha que pode me matar, Claire? Você acha que pode acabar comigo assim? Eu sou a sombra que nunca se apaga. E você, minha querida, será minha próxima vítima. Você e todos os que você ama.
Claire sentiu um arrepio gelado percorrendo sua espinha. Ele estava manipulando, jogando com sua mente, como sempre fizera. Mas agora ele estava mais próximo, mais inteligente. Algo nela havia mudado, e ele sabia disso.
— Não acredito em você — ela respondeu com mais firmeza, tentando ocultar o medo que ameaçava transbordar. "Você perdeu. Está acabado."
— Acabado? Não, Claire. A verdadeira caça está apenas começando. E você será minha última peça.
A ligação foi abruptamente cortada, deixando Claire com um silêncio opressor que parecia pesar toneladas. Ela não sabia onde ele estava ou o que pretendia, mas tinha certeza de que estava sendo vigiada. Ele a havia encontrado mais uma vez.
O celular em sua mão tremia. Com um golpe, ela o desligou, tentando afastar a sensação de pânico crescente. Mas algo não a deixava descansar. Seus olhos percorriam a rua em busca de qualquer sinal de movimento. O medo crescia como uma bola de neve. Ele estava de volta, mais forte do que nunca.
Foi então que uma luz chamou sua atenção. Um reflexo em um prédio à frente. Ela se aproximou cautelosamente, seu corpo instintivamente tenso, como se estivesse prestes a ser pego em uma armadilha. O reflexo, porém, não era dela. Era de uma figura alta, com um capô que cobria o rosto, mas seus ombros largos e postura eram inconfundíveis.
Claire congelou. Não havia dúvida. O Caçador estava ali. Ele não havia desistido. Ele a estava observando, esperando o momento certo para atacar. Mas dessa vez, ela não iria esperar passivamente. Ela havia sido vítima por tempo demais.
Ela olhou ao redor, buscando uma maneira de reagir. Havia um beco estreito à direita, uma saída rápida se fosse necessário. Mas seus olhos não conseguiam se afastar da sombra que parecia se mover cada vez mais perto. O Caçador estava se aproximando.
Claire respirou fundo e começou a caminhar na direção contrária, tentando manter a calma. Seus passos eram cautelosos, mas rápidos. Ela precisava sair dali, não importava o custo. Cada segundo que passava parecia uma eternidade.
De repente, ela ouviu passos pesados atrás de si. Não podia mais negar. Ele estava atrás dela. O Caçador se movia com precisão, como uma máquina. Sua respiração ficou mais pesada, o suor frio escorrendo por sua testa enquanto seu instinto de sobrevivência se tornava sua única guia.
Claire entrou no beco, mais rápido agora, mas antes que pudesse dar um passo a mais, algo a pegou pelo braço, puxando-a com força. Ela gritou, mas a mão que a segurava era firme, fria como o próprio inferno.
— Achei você, Claire — a voz sibilante do Caçador soou ao seu ouvido, cheia de prazer. "Você não vai escapar agora."
Ela virou-se rapidamente, golpeando o braço dele com toda a força que tinha. O Caçador hesitou por um momento, e foi o suficiente para Claire liberar-se de seu aperto. Ela correu o mais rápido que pôde, os passos pesando cada vez mais à medida que a escuridão parecia engolir o caminho à frente.
Ela não sabia até onde conseguiria correr, mas sabia que não poderia parar. Cada respiração parecia um fio de vida prestes a se romper. O Caçador estava por trás dela, cada vez mais perto, sua sombra ameaçadora crescendo com o movimento.
Quando Claire virou a esquina de um prédio, ela viu a última coisa que imaginava encontrar. Uma placa de rua, iluminada pela luz fraca de um poste. Mas o que chamou sua atenção não foi a placa. Foi o nome da rua.
Rua dos Caçadores.
Ela parou abruptamente, um arrepio mais forte do que antes percorrendo sua espinha. Como isso era possível? Como ele sabia onde ela estava? Como ela se encontrava agora, exatamente onde ele queria?
Antes que pudesse reagir, ela ouviu uma risada abafada. E quando se virou, o Caçador estava ali, à sua frente, como um predador esperando o momento certo para atacar.
O jogo estava apenas começando, e Claire sabia que o pior estava por vir.
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A Trilha do Caçador
Misterio / SuspensoNa fria e sombria cidade de Edimburgo, na Escócia, uma sequência de assassinatos brutais abala a tranquilidade da capital histórica. O serial killer, conhecido pela mídia como O Caçador da Meia-Noite, deixa uma assinatura peculiar: um símbolo celta...