O vento cortante de Edimburgo fazia as árvores ao redor balançarem, como se estivessem tentando alertar Claire MacMillan. O ar estava pesado com a promessa de algo mais. Ela sentia que o Caçador estava se aproximando, mais perto do que jamais estivera. A cidade, com suas vielas estreitas e seus edifícios antigos, parecia esconder segredos em cada esquina, mas Claire não se deixaria enganar. Ela estava cada vez mais próxima de entender a mente de seu perseguidor.
O som dos passos de Fraser ecoava atrás dela enquanto ela caminhava pela rua estreita. As luzes da cidade estavam fracas, o que dava uma sensação de desolação ao lugar. Ela sabia que estava sendo observada. Sabia que o Caçador a tinha em seu ponto de mira, mas não seria ele quem tomaria o controle agora. Não mais.
"Claire, espera!" Fraser chamou, acelerando o passo para alcançar a detetive. Ela estava focada demais, com a cabeça cheia de pensamentos sobre o que viera a descobrir, para se preocupar com ele. "Você não acha que está indo rápido demais? Não podemos continuar sem mais pistas."
Ela parou e virou-se para ele, os olhos carregados de uma determinação que parecia quase sobrenatural. "Eu sei o que estou fazendo. O Caçador deixou pistas. Ele está jogando um jogo, e eu estou começando a entender as regras."
Fraser olhou para ela, como se tentasse buscar algum sinal de dúvida. Mas não havia nada. Claire estava decidida. Ela se virou e, com um suspiro, começou a andar novamente, agora mais rápida, sabendo exatamente para onde ir.
A próxima vítima estava em algum lugar da cidade, e ela sabia que o Caçador não faria mais uma pausa. As palavras "O Destino" ainda estavam frescas em sua mente, gravadas no fundo de seus pensamentos. Havia um padrão, um significado por trás das mortes, e ela precisaria correr contra o tempo para decifrar tudo antes que mais sangue fosse derramado.
Quando chegaram à delegacia, Claire foi diretamente para o mapa de Edimburgo que estava estendido sobre a mesa de investigação. As marcas de cada crime estavam bem visíveis, conectadas por linhas vermelhas. O padrão era claro: os crimes seguiam uma linha específica pela cidade, em uma rota que parecia circular ao redor dos pontos históricos mais antigos. Claire percebeu, então, que o Caçador não estava apenas matando. Ele estava criando um caminho, como um arquétipo de algo maior, um labirinto que ele queria que ela seguisse.
"Fraser, olhe isso." Claire apontou para o mapa, suas palavras carregadas de tensão. "Ele está nos levando para um lugar. E não é uma coincidência. As vítimas estão sendo dispostas para formar uma espécie de... círculo."
"Você acha que ele está tentando nos guiar?" Fraser perguntou, suas palavras cheias de incredulidade.
"Sim," respondeu Claire com firmeza. "E o pior é que ele está esperando por nós. Ele sabe que vamos seguir."
Fraser se aproximou e olhou atentamente para o mapa. As pistas estavam claras, mas a sensação de estar sendo manipulado a cada passo o deixava desconfortável. Ele sabia que o Caçador não era apenas um assassino comum. Ele estava jogando um jogo psicológico com todos eles.
Claire suspirou, deixando seus dedos passarem pelas linhas do mapa, até parar no ponto final de onde a rota parecia terminar: o cemitério de Greyfriars. Um local antigo e misterioso, conhecido por sua arquitetura sombria e lendas que cercavam seus túmulos. Claire franziu a testa. Era o tipo de lugar perfeito para alguém como o Caçador.
"É lá," disse Claire, mais para si mesma do que para Fraser. "Ele quer que a gente vá até lá."
Fraser hesitou, mas sabia que não havia outra opção. "Vamos. Não temos tempo a perder."
No cemitério, a escuridão parecia engolir tudo ao redor. As lápides antigas e a névoa que se levantava davam ao lugar uma sensação ainda mais macabra. Claire e Fraser caminharam por entre os túmulos, os passos ecoando na vastidão do terreno. Eles sabiam que o Caçador estava à espreita, talvez mais perto do que podiam imaginar.
"E agora?" Fraser perguntou, a voz baixa e tensa. "Onde exatamente ele quer que a gente olhe?"
Claire olhou ao redor, sentindo uma tensão crescente no ar. As árvores altas pareciam murmurar com o vento, como se estivessem sussurrando algo, mas nada fazia sentido. Ela começou a caminhar mais devagar, examinando o terreno com um olhar atento. Cada detalhe parecia importante. Foi então que algo chamou sua atenção.
Na lateral de uma tumba, algo estava riscado. Não era visível à primeira vista, mas Claire sabia exatamente o que estava procurando. Ela se aproximou e viu o símbolo celta novamente, gravado nas pedras. Era o mesmo que ela havia encontrado no caderno, aquele símbolo que agora a assombrava.
"Olhe isso, Fraser," Claire murmurou. "Ele deixou mais uma pista."
Fraser se aproximou, observando o símbolo com um olhar desconfiado. "Isso é... estranho. Por que ele faria isso aqui? O que significa?"
Claire não tinha uma resposta, mas a sensação de estar mais próxima de algo maior não podia ser ignorada. Ela tocou o símbolo, sentindo uma vibração estranha. A conexão parecia óbvia agora. O Caçador estava criando uma história. Uma história que só ela poderia decifrar.
Ela olhou para Fraser, os olhos preenchidos com uma mistura de compreensão e medo. "Eu acho que estamos no centro do jogo. E o Caçador quer que eu jogue."
Neste momento, um som agudo cortou o silêncio do cemitério. Um grito. Um som de dor. Claire e Fraser se entreolharam, e, em um único movimento, começaram a correr em direção à origem do grito.
O Caçador estava lá. Ele os estava observando, com o jogo prestes a se intensificar.
E Claire sabia que, dessa vez, ele não iria esperar mais.
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A Trilha do Caçador
Misterio / SuspensoNa fria e sombria cidade de Edimburgo, na Escócia, uma sequência de assassinatos brutais abala a tranquilidade da capital histórica. O serial killer, conhecido pela mídia como O Caçador da Meia-Noite, deixa uma assinatura peculiar: um símbolo celta...