The Scent of Love

(in)felizmente apenas um sonho

Vee estava deslumbrante. Vestia trajes brancos e translúcidos que realçavam cada detalhe de seu corpo escultural. Seus cabelos estavam levemente bagunçados, conferindo-lhe um charme irresistível, e seu perfume... forte, inconfundível, certamente algo caro e importado.

Ele se aproximava lentamente, com aquele olhar sério e enigmático. Fechado, sem deixar transparecer nenhuma emoção. Quando suas mãos grandes tocaram meus cabelos, uma onda de choque atravessou meu corpo, algo indescritível, como se minha alma estivesse sendo sugada. A música de fundo soava alta, mas tudo o que eu conseguia focar eram os lábios rosados de Vee. Ele era incrivelmente bonito — de perto, ainda mais. Era estranho como essa proximidade me fazia sentir tão bem, quase pleno.

— Olhe para mim — pediu ele, segurando meu rosto com delicadeza, seus dedos acariciando minha pele de forma gentil.

Meu coração parecia prestes a parar, mas não podia, não agora.

— Você sempre se distrai quando me olha? — perguntou, sorrindo como se estivesse contemplando uma obra de arte, como se eu fosse algo raro e precioso.

Ele era tão gentil, tão caloroso. Sua presença trazia um conforto inexplicável.

— Vamos, venha dançar comigo, Match.

Aquela voz me chamou de volta à realidade, mas algo estava diferente. Olhei para Vee, mas seu rosto já não era o mesmo. Seus cabelos haviam mudado completamente, assim como seu semblante, e até sua voz parecia outra. Foi então que percebi: era David.

David segurou minhas mãos com firmeza, puxando-me para fora do salão. Ele me girava com destreza, como se nossos corpos fossem um só, embalados por uma melodia hipnotizante. A confusão dentro do meu coração voltou, intensa e arrebatadora.

Seus dedos deslizaram até minha cintura, trazendo-me para ainda mais perto, até que não havia mais espaço entre nós. Sua respiração se misturava à minha, e o mundo ao nosso redor parecia ter congelado no tempo. Ninguém se movia. Nada se movia. Apenas nós dois. Aquele momento parecia feito só para nós — para mim e para David.

Mas, como um espectro, Vee nos observava à distância. Seu olhar era frio, reprovador. Ele segurava as mãos de outra pessoa, alguém que não era eu. Estranhamente, aquilo me machucou.

Tentei me afastar de David, mas minhas forças falharam. Ele continuava a me abraçar, seu sorriso era radiante, quase inocente, como se não percebesse o peso daquela troca de olhares. A música ainda tocava, vibrante e incessante, enquanto Vee permanecia imóvel, seu olhar fixo em nós dois.

Como uma ventania, fui arrastado para longe daquele lugar, deixando para trás tudo o que conhecia. Ao meu redor, apenas o vazio. Uma voz ecoava atrás de mim, familiar e impossível de ignorar. Era Vee, chamando por mim.

— Me escolha, Match. Eu sou a escolha certa.

Virei-me, mas não havia nada além do vazio. Olhei ao meu lado. Nada. Tudo continuava deserto, um silêncio absoluto. Contudo, à frente, o som do mar me chamou. Caminhei na direção daquele mundo de água até me deparar com uma praia deslumbrante, embora envolta em escuridão. Era impossível distinguir detalhes ou pessoas naquele breu.

— Eu sou a escolha certa para o seu coração, Match, assim como as ondas. Nós nascemos para estarmos juntos, Conchinha.

A voz de Vee soava próxima agora. Senti suas mãos tocarem meu rosto, quentes e firmes, inconfundíveis. Era ele. A música de fundo havia mudado, tornando-se suave e envolvente, enquanto a atmosfera ao nosso redor parecia transbordar paixão.

Vee estava irresistível, seus olhos me prendendo em uma conexão que parecia eterna. Ele se aproximava devagar, seus lábios a poucos centímetros dos meus. Meu coração disparava. Aquele era o momento que eu mais desejava.