•𝟕• 𝐂𝐀𝐌𝐈𝐍𝐇𝐎𝐒 𝐄𝐍𝐓𝐑𝐄𝐋𝐀𝐂̧𝐀𝐃𝐎𝐒

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•𝐉𝐢𝐧𝐱'𝐬 𝐏𝐎𝐕•

Ah, o tédio... ele é como um veneno lento, rastejando pela minha cabeça e fazendo cada segundo parecer uma eternidade. Estava no chão do meu covil, a grande hélice girando devagar lá em cima, como se zombasse da minha inquietação. As paredes estavam cobertas com meus rabiscos e planos – explosões, armas, mais explosões... Nada disso parecia suficiente agora. 

Sevika tinha me arrastado para um serviço chato a mando do Silco, e, honestamente, foi só mais uma missão sem graça. Entreguei o que precisavam, explodi algumas coisas para dar um toque especial, mas ainda assim, meh. Estava jogada ali, ouvindo aquelas vozes voltarem."Mylo" aparece primeiro, claro. Ele sempre aparece primeiro. 
—Você fez uma bagunça de novo, não foi? Sempre estragando tudo._
—Eu não estrago tudo! E eu não fiz nada de errado! _grito para o nada. Mas sei que ele não vai ouvir. Ele nunca ouve. 

—Você é inútil, Jinx _Mylo sussurrou, sua voz cheia de desprezo. 
—E se ele te deixar também? _Claggor completou, como se fosse óbvio. 

Tapei os ouvidos, apertando os olhos. —Cala a boca! Vocês dois! _gritei, embora soubesse que ninguém me ouviria. Só o eco na minha própria cabeça. 

Respirei fundo, peguei minha pistola e algumas de minhas bombas. Se o tédio queria me derrubar, ele ia perder. Subi as escadas do covil, escalei as casas, pulando de telhado em telhado, olhando a paisagem de Zaun. Uma porcaria como sempre: sujeira, pobreza, fumaça. O mesmo lixo de sempre. 

Foi então que a vi. 

Lá embaixo, andando pelas ruas sujas, estava uma garota. Mas não qualquer garota. Ela tinha algo... estranho. Usava roupas todas pretas e um capuz que escondia o rosto, mas não o suficiente para eu perceber. O tecido era limpo, caro, sem furos, sem manchas. Definitivamente não era daqui. O que uma bonequinha da cidade alta estava fazendo nesse buraco? 

Inclinei a cabeça, curiosa. O que ela queria? Por que estava com a cabeça baixa, escondendo o rosto? Silco sempre dizia para deixar os enxeridos de Piltover em paz, mas... quando é que eu ouço Silco mesmo? 

Comecei a segui-la, pulando silenciosamente de telhado em telhado. A adrenalina corria nas minhas veias, meu coração batendo forte. Cada passo dela parecia calculado, como se estivesse tentando passar despercebida. Só que ninguém passa despercebido de mim. 

—Talvez ela seja uma espiã _Mylo sugeriu na minha cabeça. 
—Ou talvez tenha algo valioso na bolsa _Claggor riu. 

—Ou talvez... _sorri, —ela esteja prestes a se divertir comigo. 

Continuei seguindo-a, ainda fora do campo de visão dela, enquanto meu dedo coçava o gatilho da pistola. Vamos ver até onde essa bonequinha vai. 

Eu segui a bonequinha até ela se enfiar num beco estranho, um daqueles lugares apertados e sem saída que só Zaun sabe oferecer. O espaço era iluminado por uma lâmpada piscante e suja no alto, criando sombras que dançavam nas parede. Ela parecia tensa, os olhos vasculhando cada canto, procurando uma saída ou... sei lá, um salvador? Que graça. Não tinha ninguém por perto, ninguém para ouvir se eu resolvesse me divertir um pouquinho.  

Me agachei no telhado acima, puxei minha arma e mirei. Fechei um olho, alinhando a garota na mira. —Será que seu grito é bonito, bonequinha? _murmurei para mim mesma, o dedo no gatilho.  

Mas antes de eu apertar... ela tirou o capuz.  

Foi como uma explosão. Não daquelas que eu faço, mas uma daquelas dentro da minha cabeça. Por um segundo, o mundo congelou, e tudo o que eu conseguia ver era ela.   

𝐌𝐀𝐄𝐕𝐄 - (𝐉𝐢𝐧𝐱 𝐗 𝐅𝐞𝐦!𝐑𝐞𝐚𝐝𝐞𝐫) Onde histórias criam vida. Descubra agora